A loucura do artista, por Luiz Mendes

por Luiz Alberto Mendes

”As pessoas comuns produzem a maior de todas as artes. A arte de viver com pouco, mas convivendo com muitos”

Caso não fosse trágico e estúpido, seria interessante de enumerar e relacionar casos de cantores, compositores, poetas, pintores, escritores e outros artistas que enlouqueceram, se suicidaram, ou morreram entupidos de drogas ou bebidas.

O que acontece? A vida é demais para eles? Ou de menos? A realidade os fere mais que a maioria das pessoas porque têm a sensibilidade aguçada? Sei que às vezes viver é tal como pisar em uma calçada com cimento fresco. Não há como escapar senão dando mais alguns passos forçados na meleca. Outras vezes a vida chega como um anzol recheado de coisas boas, enganando para nos dominar. Ainda há outras em que a vida vem mais rápida, como um arpão de baleia e quase nos mata. E por que não enlouquecemos, chapamos ou não nos suicidamos? Porque não temos a “sensibilidade aguçada”? Somos brutos, grosseiros demais, por certo.

Qual a maior de todas as artes? Aquela que a gente faz com toda nossa capacidade, inteligência e sensibilidade acima de qualquer outra coisa, não é? Onde é exigida a totalidade de nossos esforços e recursos e que vamos sempre além, nos superando? Quando damos tudo o que temos, até o que não temos e sempre parece que ainda é pouco? É quando estamos vivendo, alguém discorda? Viver é a maior de todas as grandezas. Toda tentativa, mesmo que frustrada, de viver com elegância, é arte. Todo esforço em nos conservar vivos, em dar mais pujança e magnitude à nossa vida, é pura arte.

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As pessoas comuns produzem a maior de todas as artes. A arte de viver com pouco, mas convivendo com muitos. Não carecem de muitas coisas, mas têm necessidade absoluta de todos que amam. Ainda dão valor ao amor. É só perguntar a uma pessoa pobre sobre o que ela mais carece e ela dirá que é de amor. Depois fala da saúde, que é sempre uma preocupação do ser humano empobrecido. O atendimento anda péssimo, remédio gratuito parece que nem existe mais e, médicos, só os cubanos mesmo. Só por fim é que ele vai falar que tudo está mais caro no mercado, que esta difícil sustentar os filhos e coisas assim.

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