Trip Girl: Gabriela Rippi

por Piti Vieira
Trip #252

Famosa nas redes sociais pelo seu jeito alegre, Gabriela Rippi mostra um lado sensual que não aparece no Instagram nem no Snapchat

Uma breve stalkeada nas contas do Instagram e do Snapchat da paulistana Gabriela Rippi mostra que ela leva a vida que pediu a Deus. Pessoalmente, no entanto, descobre-se que não é bem assim. Gabi, 26 anos, nunca imaginou que se tornaria uma “digital influencer”, nome dado aos formadores de opinião nas redes sociais que tornou-se uma nova profissão – muito bem remunerada , ela cobra cerca de R$ 4 mil por um post no Instagram e R$ 2 mil por um vídeo no Snapchat. 

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“As pessoas me perguntam como eu fiquei famosa. Gente, eu não me considero famosa. Sou conhecida nas redes sociais. Não canto, não danço, não sou atriz, não sou blogueira”, diz ela. Mesmo sem fazer nada disso, Gabi tem mais de um milhão de seguidores no Instagram e uma média de audiência de 95 mil pessoas por cada vídeo postado no Snapchat. “Tem uma galera que fica indignada e me critica: ‘Como uma garota que não faz nada pode ter tantos seguidores?’. Mas eu também não sei a resposta.”

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Despojada, Gabi acha que começou a ganhar seguidores, há quatro anos, pelo seu jeito de vestir – boné de aba reta, tênis, meio menininho. “Eu ia para as festas de shorts jeans, boné e tênis. Minhas amigas iam de saltinho, sandalinha, cabelinho arrumado”, conta. “Nunca liguei muito para essas coisas. Não tenho cuidado com o cabelo, maquiagem só uso para foto e gravação.”

“Eu não me considero famosa. Sou conhecida nas redes sociais. Não canto, não danço, não sou atriz, não sou blogueira”
Gabriela Rippi

As tatuagens também deixam sua marca: ela nunca contou e não tem ideia de quantas sejam. A primeira, aos 13, foi uma estrela no tornozelo. Depois de um ano fez outra, e outra, e outra. Várias das suas seguidoras, ela conta, têm desenhos iguais e algumas até escreveram seu nome na pele. “Eu acho muito doido isso. Elas dizem que é porque gostam muito de mim e querem ser igual.”

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Inclusive, segundo Gabi, e diferentemente de quem nunca ouviu falar dela pode supor, 98% de quem a acompanha são meninas. “Não tem isso do taradão. No começo era uma galera de 13 a 17 anos, mas hoje tem muita mulher da minha idade, ou mais velha, que fala que me segue”, diz. 

Carreira moderna
O melhor exemplo da força dela nas redes foi uma foto íntima postada meses atrás. Mas não é nada disso do que você está pensando. “Uma vez postei uma foto fazendo cocô e no dia seguinte tinha um monte de gente postando foto fazendo cocô e me marcando. Uma loucura. O pessoal da minha agência me ligou pedindo para apagar aquilo. Falaram que não dava para mostrar meu Instagram para o cliente e eu lá na privada”, brinca ela. 

No começo, foram as marcas que a procuraram para dar presentes, com a contrapartida de que postasse uma foto. “Ganhava milhões de coisas: vale para gastar em lanchonete, salão de beleza. Vi que tinha umas meninas que viviam disso. Eu trabalhava como instrumentadora cirúrgica há poucos meses, acompanhando cirurgia de coração, intestino, plástica. Era algo de que eu gostava, mas comecei a ganhar dinheiro com meu Instagram e troquei de profissão.”  

Sensual sem querer
Apesar de ser muito gata, ter um corpo de dar inveja nas inimigas e atrair todos os olhares masculinos por onde passa, a morena não fica sensualizando na internet – tampouco abusa das selfies. “Não me acho nada sensual, sou meio estabanada. Me acho bonita, mas não sou aquela que os outros falam: ‘nossa, que gata’. Sou normal, cuido zero da minha alimentação, como fast-food cinco vezes por semana e não gosto de musculação”, diz Gabi, que começou a fazer muay thai e boxe este ano e está gostando muito.

“Tem uma galera que fica indignada e me critica: ‘Como uma garota que não faz nada pode ter tantos seguidores?’. Mas eu também não sei a resposta.”
Gabriela Rippi

“Sempre me senti bem com meu corpo. Só coloquei silicone porque queria ter peito, mas hoje não colocaria tudo o que coloquei”, diz. Solteira desde janeiro, ela conta que os ex-namorados são totalmente diferentes um do outro. “Gosto muito de tatuagem. Isso é um ponto positivo. Ser moreno, extrovertido, alegre e com paciência (bastante paciência) também. A aparência não me preocupa tanto”, afirma. 

Mas, afinal, qual o segredo do sucesso de Gabi? “Talvez a galera goste de mim porque nos meus vídeos eu não fico: ‘Oi gente, bom dia, hoje aqui está sol, eu vou ali na academia’, essas coisas. Não tenho essa de ângulo melhor, luz melhor. Não tenho vergonha. Não tem nada montado”, diz ela. “Eu sou elétrica, gosto de sair, topo qualquer coisa, não fico em casa nem morta. Sempre fui assim. A galera se identifica.” E se essa onda de “digital influencer” acabar? “Também não sei o que vou fazer depois. Tudo na vida tem um jeito. Volto para a instrumentação cirúrgica que não dá nada.”

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