por Luiz Alberto Mendes

O homem é levado a querer ser superior . Isso é ideologia. E tudo que precisamos para transformar esse mundo em algo melhor é o contrário

Tenho dois filhos e, depois de 10 anos por perto, mudei de endereço e não moro mais com eles. Então, vou na casa da mãe deles, onde também moram, e às vezes eles vêm a minha. Um completou 21 anos dia 10 de maio. O outro está com 16 anos e enorme, preciso olhar para cima pra falar com ele. Claro que quando eles vêm aqui, tento proporcionar algum entretenimento que eles apreciem. E, por mais que eu seja contra, eles gostam de Shopping e cinema.

Há pouco tempo veio Renato, o mais velho, com a namorada e os levei para almoçar e assistir a um filme no Shopping Center Norte. Eles queriam assistir Batman vs Superman. Sem críticas, almoçamos e fomos ver o filme. Duas semanas depois veio Jorlan passar o fim de semana aqui em casa e tive que cumprir o mesmo roteiro: shopping e cinema. Lá fomos nós para o Center Norte. Depois do almoço, cinema. Dessa vez Guerra Civil, que ele escolheu. Era um massacre ao bom gosto, mas que sacrifício a gente não faz pelos filhos?

Dois filmes absolutamente sem sentido. Horríveis, péssimos enredos e muito mal filmados. Não suporto esse irrealismo todo. Só que eu também, quando adolescente, gostava dos gibis. Procuro entender os meninos. Os personagens com poderes superiores são inverossímeis. Os dois cujos poderes estão na máquina ou na inventividade, Batman e o Homem de Ferro são milionários e nem podem ser culpados porque o capital que possuem vêm de bens familiares. Aqui, o superpoder está no dinheiro. A mensagem é que para ser herói é preciso possuir muito dinheiro.

O homem é levado a querer ser superior . Isso é ideologia. E tudo que precisamos para transformar esse mundo em algo melhor é o contrário: que o homem se sinta igual aos outros. É o diferenciamento que nos divide e traz a injustiça, o crime, a corrupção (tão falada hoje em dia) e quase todas as mazelas humanas. Há dois mil anos já foi dito isso e por quem tinha autoridade e moral para afirmar. Nós somos iguais uns aos outros, o que dói aqui dói aí também. Quando se precisa de sangue para alguma emergência, não se pergunta a origem, e sim, tão somente, o tipo do sangue.

Vão dizer que aquilo é filme, fantasia, arte até. Mas é assim, de brincadeira, que as ideologias são difundidas e replicadas. O problema maior é que os jovens e as crianças que lotam os cinemas quando esses filmes são exibidos, ainda não têm sua capacidade crítica inteiramente desenvolvida. Estão à mercê daqueles que buscam somente lucro com o que produzem, sem qualquer critério quanto à ideologia que expressam.      

Desculpem-me os que gostaram dos filmes, mas é o que penso, depois de assisti-los.

 

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