por Luiz Alberto Mendes

 

 

Educação

 

Como queremos uma sociedade melhor, mais justa, mais participativa, com mais oportunidades e mais humana, se nós , os seres sociais não somos melhores, nem mais justos, participativos ou humanos? Temos a sociedade que merecemos. Claro, isso é chover no molhado; já foi dito trocentas vezes e todo mundo sabe disso. Mas diante do que se vê por ai, a necessidade de repetir quase que se torna imperativa a quem pensa e não pensa só em si. Às vezes até parece que se quer, realmente, o contrário disso. Até dá para entender que há quem pense assim mesmo porque tiram lucro com isso ou porque seus confortos e privilégios dependem de tal estado de coisas. Mas teimo em pensar e acreditar que apenas uma minoria seja assim tão individualistas e desumanas. Ainda acredito que a maioria dos seres humanos tenha compaixão e seja solidária aos menos favorecidos pelo destino.

Mas enquanto houverem crianças abandonadas e dormindo nas calçadas; pessoas se alimentando do lixo das outras e seres humanos apagados socialmente, a sociedade jamais será melhor do que esta sendo. Enquanto furarmos fila e greves, não respeitarmos o assento ou a vaga no estacionamento dos deficiente, das grávidas e as mulheres com crianças, não teremos nada melhor do que temos.

Enquanto não formos gentis, educados e atenciosos uns com os outros; enquanto quisermos oferecer propina ao guarda ou ao fiscal; explorar no preço das mercadorias que vendemos; enquanto quisermos tirar vantagens do próximo mais ingênuo ou sermos oportunistas, não poderemos acusar nossos políticos de corrupção. Porque eles são o que nós somos e fazem o que nós fazemos, apenas que em maior escala. Quantos de nós, após uma profunda análise autocrítica, podemos afirmar que se colocados na mesma posição deles, não nos locupletaremos com o fácil dinheiro público? Quantos de nós, se colocarmos na posição do policial que depois de socorrer tantas vítimas inocentes violentadas ou brutalmente assassinadas, julga e mata; não matará também? Quantos de nós respeitamos e temos paciência o tempo todo com os velhos, os deficientes, os inocentes e os enlouquecidos?

Deixo aqui minhas homenagens e admiração a todo aquele que se esforça pelos outros; que toma atitudes em favor dos mais frágeis, fracos e doentes. Não furo filas, mesmo que a condução esteja vazia, não sento nos banco reservados, não quero, de modo algum, ser político e há décadas deixei de ser marginal. Eu cá, de dentro de minhas limitações como ser humano, tento, faço o possível para pelo menos não ser injusto, me desculpar quando erro e ser minimamente educado. Busco ter compaixão para com aqueles que sofrem e, principalmente, não abusar daqueles que não têm como se defenderem.

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Luiz Mendes

21/09/2015.

    

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