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por West Coast

Rodas Vivas

apresentado por West Coast

Com o aumento recente da venda de motos no Brasil e no mundo, cresce também a procura por motocicletas totalmente personalizadas

A arte não vê limites. Não percebe barreiras de conteúdo nem de forma. Numa tela em branco, num tablado de madeira, numa pista de concreto, na lente de uma câmera, num muro cinza de uma rua qualquer ou numa estrutura feita de peças de metal, borracha e couro, onde quer que uma pessoa possa expressar o que sente, ali estará a arte em estado puro. Motocicletas frutos do mais sofisticado desenho industrial e produzidas em massa vem se tornando há algumas décadas o suporte perfeito para a expressão de uma nova raça de artistas, que se propõem a expressar visões, estilos e ideias enquanto reinventam cada detalhe de suas verdadeiras esculturas móveis. Muito mais do que customizadores de motos, artistas que usam maçaricos e chaves sextavadas com a mesma graça e originalidade com que outros empunham pincéis ou instrumentos musicais de precisão. Conheça alguns desses artistas.

Sem destino
“Desde que o mundo é mundo, as pessoas querem dar um toque pessoal às suas coisas, querem se expressar através das roupas, daquilo que usam e fazem”, afirma o empresário Ricardo Medrano, 54 anos, criador do Johnnie Wash Custom Shop, uma das oficinas pioneiras na customização de motos no país, aberta há 11 anos. O mercado em que Medrano se destaca tem crescido exponencialmente. “Antigamente o simples fato de ter uma moto já dizia muito sobre uma pessoa. Era por si uma espécie de contestação ao vigente. Hoje, ter uma moto não basta. A escala industrial tornou os veículos de duas rodas em produtos de massa. Por isso as pessoas se identificam tanto com a ideia de personalização”, avalia. “Nosso trabalho é ajudá-los a encontrar a linguagem que fala ao coração de cada um.” Há seis meses, o Johnnie Wash cresceu para abrigar também um bar, restaurante, uma loja e até barbearia, na Vila Olímpia, em São Paulo. Seus projetos fogem da massificação das motos de série e já renderam prêmios relevantes à marca e ao seu criador — no ano passado, Medrano foi um dos vencedores do desafio mundial BMW Customizing Challenge, no qual motos idênticas da marca alemã foram entregues a vários criadores diferentes. No início, a maioria de seus clientes procurava motos estilo chopper (como a clássica Harley pilotada por Peter Fonda no filme Easy Rider ou Sem Destino, de 1969), mas, hoje, para seu orgulho, dezenas de outros estilos e vertentes têm surgido na porta de sua oficina em busca de originalidade e inovação.

Pequenas notáveis
Em 2013, quando inauguraram a Bendita Macchina no bairro do Ipiranga, em São Paulo, os sócios Billy Pasqua e Rodrigo Marcondes tinham apenas uma moto e uma caixa de ferramentas à mão. Billy é designer e fez carreira desenhando para marcas de roupas e outras empresas. Rodrigo tinha nas veias o lado de relacionamento e de negócios. A ideia da dupla era reconstruir motos exclusivas que fossem práticas para a mobilidade urbana e pensadas sobre plataformas de motos nacionais feitas em escala gigante, de baixas cilindradas e com preços mais acessíveis. Motos mais baratas, mas não menos inventivas e elegantes. Quase três anos depois, com o sucesso dos modelos pensados e executados um a um e uma ajuda importante da força das redes sociais, a dupla se mudou para instalações bem mais caprichadas, no Studio Dama, na região de Pinheiros, um espaço moderno que reúne diferentes empresas criativas na zona oeste na capital paulista. Mas a essência é a mesma: oferecer mão de obra 100% artesanal a preços acessíveis. “No Brasil, customização sempre foi sinônimo de motos grandes. A gente customiza motos de baixa cilindrada, brasileiras”, afirma o administrador, Rodrigo. A dupla recria motos a “seis mãos”. “Primeiro, conversamos com o cliente para entender suas necessidades e indicamos a moto mais adequada, uma pequena de 125 cilindradas, ou uma maior, de 250 cc. Depois criamos um grupo no WhatsApp para discutir os detalhes.” No início, a dupla fazia uma moto a cada quatro meses. “Agora, a gente faz quatro, cinco motos num mês. Tem fila de espera de 90 a 120 dias para entrega, mas não abrimos mão de nosso processo criativo”, garante Rodrigo.

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