por Luiz Alberto Mendes

”Não haverá vitórias e nem soluções e sim mais problemas, mais questões e luta ingente para as gerações seguintes resolvam”

Erramos. Erramos em quase tudo. Errar é parte da condição humana. Acertamos até, mas só depois de muito errar.

A vida não pode ser negada, embora ela aconteça aos espasmos, aos pulsos. Principalmente na explosão da juventude. Quanta estupidez cometemos em nossa juventude! Eu mesmo cheguei a extremos várias vezes, é quase um milagre que tenhamos sobrevivido às nossas loucuras. Chega a ser uma psicose, talvez uma patologia. Errei. Errei, errei, errei... Aos montões, vezes sem conta, em fuga da vida, dos outros e de mim mesmo. A princípio errei até sem querer e de propósito.

Depois, mais sofrido em consequência desses maus passos e porque já sabia que seria uma conta em aberto, a pagar, me esforcei muito para somente errar involuntariamente. Eu fora enganado por valores que nem valores chegavam a ser. Eram contra-valores, mas eram os únicos que eu conhecia. Errei, principalmente, por ser indulgente e concessivo para com meus deslises pessoais. Eu era inconsequente, numa palavra. Minhas fraquezas ficaram nuas e meus limites claros. Eu já sabia que não conseguiria saber quem eu era, mas estava aprendo a conhecer quem eu não era.

Pior é que a gente ver os jovens cometendo erros primários, procuramos aconselhar, do fundo de nossa experiência de décadas de sofrimentos, e perceber que de muito pouco pode servir nossa ajuda. Quase nada. Carecem de errar para poder acertar. Eles não enxergam, como nós não enxergávamos também quando jovens (é duro admitir, mas éramos cegos, como eles são hoje). Não aproveitam para aprender de nós que já cometemos tantos erros e sofremos nossas consequências. Como nós também não quisemos aprender com os mais velhos em nossa época.

Os problemas, as motivações e as necessidades tornaram-se outras. E, evidentemente, as soluções, os caminhos e as respostas hão de ser outras, e pertencem a eles que já nasceram com aptidão para errar, antes de implementá-las. Graças a nós, nasceram e nascerão equipados para esse embate. Desconfio que não haverá vitórias e nem soluções e sim mais problemas, mais questões e luta ingente para as gerações seguintes resolvam. Assim como éramos capacitados a errar e criar boa parte dos problemas que têm e terão as gerações posteriores.

Os erros que precisávamos cometer eram outros. Erramos para eles, talvez? Não. Cometemos nossos erros para nós que aprendermos com eles, e não para eles. Eles terão seus próprios erros para que cheguem aos seus próprios acertos, cresçam com isso e sintam orgulho de serem eles mesmos.

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