por Redação

Conversamos com a lenda vida do boxe, atualmente o cara do grill, George Foreman

Lenda viva do boxe para a velha guarda, George Foreman é apenas o cara do grill para as novas gerações. Alucinado por comida, fala sem parar de legumes, peixes e até picanha e revela que cozinhar o ajudou a conquistar novos amigos 

Por Filipe luna
 
Big George, aquele homem grande que triturava adversários nos ringues, hoje aparece constantemente na TV assando steaks e hambúrgueres para vender um grill. Para quem só usava calções largos e luvas até que o avental lhe cai bem. George Foreman, 57, uma lenda viva do boxe, o homem que levou o cinturão de campeão mundial para casa; que aposentou-se e voltou dez anos depois para ganhar o título novamente; é hoje um cozinheiro, quase um dono-de-casa. E está adorando. Não é para menos. Seu grill já vendeu 80 milhões de unidades no mundo inteiro (o mais barato custa uns 90 reais – faça as contas). E não é só a dinherama que o deixa com água na boca. O homem que travou o histórico combate contra Muhammad Ali no então Zaire, em 1974, adora falar de comida. Entre papos sobre marinados, filés, peixes e até picanha quase dava para ver George lambendo os beiços do outro lado da linha. Eita, que esta conversa até deu fome.

Você gosta de cozinhar? Adoro! E o que mais gosto é que cozinhar faz as pessoas gostarem de você. 

Como assim? Quando eu parei de lutar, muitos dos meus amigos – bem, pessoas que achava que eram meus amigos – não queriam mais ficar junto de mim. Até que, quando comecei a fazer churrascos, as pessoas passaram a ficar loucas para jantar comigo. Quando realmente gostam de sua comida, ficam por perto.

A refeição é importante como evento social? Sim, é importante criar relações envolvendo refeições. E você ainda pode criar ótimas receitas. A satisfação de ver alguém lamber os dedos quando você cozinhou é melhor do que ser coroado campeão.

De onde veio a idéia de fazer o grill? O grill já existia, mas ninguém ligava para ele. Fiquei conhecido na minha volta ao boxe porque eu disse para todo mundo que entrei em forma para lutar comendo hambúrgueres. Fizeram muita piada disso. Fui tão bem-sucedido fazendo vários tipos de comerciais que alguns amigos me sugeriram “por que você não vende o seu próprio produto?”. E o grill apareceu. Eles disseram: “Se você gostar, usar e colocar seu nome nele, a gente faz propaganda disso”. Então me tornei sócio da empresa. Nunca esperava que venderíamos 70 milhões. 

Vocês venderam 70 milhões de unidades? Na verdade estamos  próximo dos 80 milhões. Só fechei o negócio porque o grill era tão bom que quis 16 para pôr no meu ginásio e dar para mamãe.

Quantos você tem na sua casa? Sempre tem uma meia dúzia de grills na minha casa. Tipos diferentes, mas eu gosto mais dos modelos originais. Sempre que sai um novo eu instalo no balcão da minha cozinha. Quando vou fazer algo só para mim uso um pequeno e quando tenho convidados uso um grande.

Prefere cozinhar nele, no fogão normal ou na churrasqueira? O grill é a minha escolha porque consigo marinar meus aspargos, brócolis e tomates. Adoro salmão três vezes ao dia também.

Você come salmão três vezes ao dia?! Eu tento.  

Come carne vermelha? Sim, como steak, hambúrguer. Gosto de fazê-los para os meus garotos, que jogam futebol americano. Cara, eles adoram o meu steak. Gosto muito de cordeiro também.

Não faz falta o sabor da fumaça à carne feita no grill? O problema é que nem sempre dá para fazer isso. As pessoas deveriam ter a opção de cozinhar dentro de casa.  

O grill não afeta a saúde das pessoas? O grill só melhora a saúde. Fazer churrascos e cozinhar em lugares quentes, onde a gordura fica longe da comida, sempre foi a maneira mais segura de comer.

Como era sua dieta quando lutava? Quando estava tentando perder peso, comia um steak no almoço, na grelha, é claro. Pela manhã, comia algumas fatias de bacon e um ovo cozido. E podia colocar um pouco de peito de frango na grelha para o jantar, se eu quisesse. Quando você tem que lutar por dez assaltos, você precisa ter um steak no seu organismo. Mas só comia até três horas antes de competir. Se a luta for longa você não quer ninguém te acertando o estômago e você cuspindo comida. 

Era difícil manter o peso? É sempre difícil para um homem como eu, sempre amei comer. Tive muita dificuldade porque para mim o dinheiro oferecia duas coisas: comida e mais comida [risos]!

Qual sua receita para uma boa alimentação? É sempre a saúde primeiro, depois o prazer. Adoro cebola e pimentão verde, amarelo e vermelho. Você os marina e coloca um pouco no grill, humm, deixa eu lhe falar de sabor! 

Acha que uma boa alimentação é um dos caminhos para a felicidade? A melhor coisa que você pode ensinar a seus filhos é uma dieta saudável. Significa longevidade. E te deixa feliz e amistoso. Gosto de me exercitar e brincar com meus filhos, eles adoram. Tudo por causa de uma dieta saudável.

Como é a vida longe do boxe? Foi muito difícil largar tudo porque eu me apaixonei pela platéia, pelos aplausos e pela competição. Demorou tanto para eu descobrir os segredos de uma boa alimentação e de um bom treino. Fico feliz por pintores e artistas porque eles podem ficar com sua arte enquanto viverem. Eu lutava melhor do que nunca, ninguém conseguia me machucar. Mas chega uma hora em que você diz para si mesmo: “Quer saber? Eu provavelmente vou continuar dizendo a mesma coisa aos 60, então é melhor parar” [risos]. Eu queria lutar mais uma vez, mas minha mulher disse “não”. Eu disse: “Mas eu ainda consigo lutar”. E ela respondeu: “Não é assim que você quer deixar o esporte, George, sentindo que ainda consegue lutar?”. Foi tão profundo que eu nunca mais pensei em voltar.

Você comeu churrasco quando veio aqui? Sim, a comida no Brasil é deliciosa. O próprio país te faz sentir bem de estar lá, a comida toma um outro sabor. Eu comi um pedaço de carne aí que eu não consegui achar por aqui. Esqueci o nome...

 

Picanha*? É, sonhava com isso. Adoraria fazer para os meus filhos num churrasco. É o melhor pedaço de carne do mundo. Do tipo que te faz ficar sonhando acordado, pensando nela [risos]... 

Qual o prato de que mais gosta? Ah, é aquele pedaço de carne que comi no Brasil que estava te explicando [picanha]. Nunca comi nada melhor do que aquilo na minha vida.

E a comida mais estranha? Escargot. 

Você gosta? É uma lesma, afinal de contas... É estranho, sabe? É uma lesma, mas eu como.

*Sensibilizados com a admiração de George pela picanha, enviamos uma peça do nobre corte para o deleite da família Foreman, no Texas. Na próxima edição, as fotos do banquete.

Agradecimento: Churrascaria Fogo de Chão www.fogodechao.com

 

 

 
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