por Speto

Speto dá uma geral na batalha entre a turma dos stickers e os grafiteiros e pichadores

A guerra foi declarada. De um lado, a turma que faz stickers. Do outro, grafiteiros e pichadores. O resultado da batalha? Street art. Como tem espaço pra todo o mundo, está na hora de selar a paz

Já viu um cachorro macho na rua, né? Ele fica focinhando postes, muros e árvores. Assim que  fareja o xixi de outro macho, logo dá uma mijada e deixa sua marca. Nos centros urbanos, essa disputa territorial é travada de várias formas. A mais nova reúne artistas de rua disputando territórios como num filme de kung fu. De um lado, a mais recente moda de colar stickers e lambe-lambes. Do outro, grafiteiros e pichadores.

Stickers são adesivos feitos a partir de xeróx ou serigrafia. Em geral, o povo que cria espalha sua arte por postes, orelhões e placas de trânsito na volta da escola ou da balada. Mas o que era para ser compartilhado virou uma guerra de estilo e filosofia.

Tudo culpa do ego e do ibope. Sair por aí pintando painéis enoooormes, torres gigantescas e topos de prédios com letras compriiiidas não dá direito a ninguém de criticar quem cola stickers e lambe-lambes com seus pequenos rolinhos e brochas.

Sou grafiteiro e também curto bastante o trabalho de quem faz stickers. Mas sou completamente contra quem faz da street art uma forma de chamar a atenção para si - a obra deveria ser mais importante que o artista.

Disputa agressiva

Sou testemunha do começo do graffiti, quando tudo era uma idéia na cabeça e uma latinha na mão. Se a polícia pegasse, era uma latada na cabeça e uma algema nas mãos. Não havia disputas, e muita gente ficou de cabeça virada. Mas arte de rua é um reflexo da sociedade. E a nossa é competitiva, daquelas que disputa agressivamente clientes e defende com unhas e dentes uma vaga no shopping. Somos bombardeados por outdoors cada vez maiores, propaganda política e até por aqueles birutas com braços balançando loucamente.

Os artistas urbanos fazem o mesmo. Mas poderia mudar. A turma do cola-cola está no frescor de sua arte e aproveita a ingenuidade do começo de um movimento. Existem vários flogs e blogs sobre o assunto (veja abaixo os meus prediletos). Só espero que, em breve, todos aprendam a compartilhar. Porque a cidade é de todos. 

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