Bate-Bate Extremo

por Coletivo Trëma

Em são paulo, um campeonato de colisões entre carros velhos: fronteira final para quem ainda fetichiza automóveis

Uma vez por semestre, em Ribeirão Pires, região metropo- litana de São Paulo, centenas de pessoas se reúnem para assistir a batidas entre carros velhos guiados por motoristas corajosos. No evento, conhecido como Destroy Car, vence o último que resistir com o motor ligado.

A ideia surgiu de um acidente: há oito anos, enquanto testava junto de um amigo uma arena para jipe cross que ambos estavam construindo, o mecânico Arlley “Burnout” Nunes, de 39 anos, se envolveu em uma batida — e gostou da brincadeira. Arlley orga- niza a competição, que se tornou um dos maiores eventos do tipo “demolition derby” no Brasil, desde 2007.

Masasacrobaciasautomotivastêmsuas regras. Arlley e seus colaboradores, entre eles sua mulher, Vanessa Nunes, criaram códigos de conduta para um bom show de colisões. Primeiro, não é permitido bater na porta do motorista. Outra: se o carro, geralmente uma versão depenada de um Gol, Escort, Chevette ou Monza, tiver uma pane elétrica e parar de funcionar, também deve ser poupado, mo- mentaneamente, pelos outros competidores.

No final, quando só dois carros perma- necem funcionando, as máquinas travam um curioso duelo: se emparelham de costas, tomam distância e batem de traseira. Nos arredores, os espectadores se divertem em meio à nuvem de poeira levantada pelo bate- bate. Uma celebração algo irônica do objeto individual que melhor codifica a condição urbana brasileira: o automóvel.

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