por Alê Youssef
Trip #263

Somos controlados por uma elite velha, presa a hábitos ultrapassados. As gerações que sucedem essa turma de anciões encastelada precisam tomar uma atitude agora

A expectativa de vida cresce no Brasil e isso é obviamente um motivo para celebração. Mas existe um tipo de beneficiário de uma vida longeva que precisa ser combatido, para não causar mais estragos à nação: são os políticos velhacos, que se perpetuam no poder, e, septuagenários ou octogenários, permanecem dando as cartas na política nacional.

Essa geração que atualmente manda no país faz parte da nossa política desde o processo de redemocratização, após a ditadura militar. Muitos foram advogados de presos políticos, ex-guerrilheiros e profissionais liberais que eram contra as terríveis arbitrariedades dos anos de chumbo. Outros, no entanto, eram representantes das oligarquias, que, seja na ditadura, seja na democracia, sempre deram um jeito de mamar nas tetas do bom e velho Estado.

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Com o tempo, tanto democratas do extinto MDB como sanguessugas da antiga Arena foram se amalgamando num grande blocão, que desde o início dos anos 80 já era chamado de Centrão. Viraram todos, como nos ensina a obra do filósofo Marcos Nobre, moradores de um grande condomínio em que se transformou o poder no Brasil. Todos os governos, sejam eles de qualquer orientação ideológica, precisam satisfazer essa maioria condominial para conseguir governar. Caso contrário, o fantasma do impeachment atormenta.

Juventude política

Hoje em dia, os mais velhos e safos síndicos do condomínio ocuparam as cadeiras do poder executivo após um cavalo de pau constitucional apoiado por setores estratégicos da mídia e da economia brasileiras, interessados na retomada do crescimento econômico, sem se importar com os atributos éticos de quem viesse a ocupar o poder.

O fato é que, independentemente do lado que qualquer um de nós está nesse momento sórdido e polarizado da política nacional, uma constatação é capaz de unir a nação: somos controlados por uma elite política velha, presa a hábitos ultrapassados e que se perpetua principalmente porque criou estratégias de blindagem para que ninguém a incomodasse. E a principal forma de afastar o sangue novo do poder é disseminando a ideia de que a política institucional é tóxica e que existem outras formas de fazer política, não havendo a necessidade de entrar na disputa eleitoral.

Depois de tantos anos de degradação da política, acho que essa estratégia de quem a ocupa já ficou clara e as gerações que sucedem essa turma de anciões encastelada precisam tomar uma atitude agora, disputando o poder. Não há outra maneira de mudarmos nosso país.

Brasileiros e brasileiras de 20, 30, 40 anos, uni-vos! Candidatem-se para desafiar essa casta que há tanto tempo confunde expectativa de vida com expectativa de poder.

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