por Alê Youssef
Trip #264

A crise da democracia gera ambiente para que a tecnologia mude as relações entre representantes e representados; ao mesmo tempo, essas inovações podem representar risco ao ambiente democrático

Concluí no mês de abril um importante ciclo pessoal, com a defesa da minha dissertação de mestrado em filosofia no Instituto de Filosofia e Ciências Sociais da Universidade Federal do Rio de Janeiro. No meu trabalho, busquei analisar a crise da democracia e dos seus sistemas de representação contemporâneos que, cada vez mais sem credibilidade, apartam a sociedade da participação política e intensificam a ideia de que a política ou os políticos não representam os verdadeiros anseios sociais.

Ao mesmo tempo, e diante do distanciamento dos representantes eleitos da população real e das pequenas margens de mudanças das realidades político e sociais em um mundo cada vez mais engessado e estático por interesses dominantes, identifiquei e apresentei no estudo que, em decorrência das inovações tecnológicas, crescem as sensações de mudanças importantes que estão gerando um novo conjunto de valores em uma série de novos campos.

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A partir da observação desses dois processos que acontecem paralelamente – a crise da democracia representativa e as inovações tecnológicas – meu objetivo foi refletir sobre o papel da política, as novas alternativas para os movimentos políticos, a possibilidade do aprimoramento dos sistemas representativos e o próprio papel do Estado.

Para desenvolver o trabalho, reuni o arcabouço teórico dos diagnósticos de pensadores que apresentam suas considerações sobre a democracia e especialmente sobre a crise instaurada na democracia representativa, além de relatos e reflexões de autores que estão vivenciando na prática as inovações tecnológicas.

A partir dessa composição, essas duas realidades interagem, ou seja, a crise da democracia representativa gera o ambiente para que as inovações tecnológicas atuem no sentido de melhorar as relações entre representantes e representados e, ao mesmo tempo, essas mesmas inovações também podem representar algum risco ao ambiente democrático tal qual conhecemos.

Pretendo publicar em breve meu trabalho para que todos possam avaliar e opinar sobre meus devaneios. Por ora, fica a sugestão para que todos busquem um aprimoramento educacional, seja através da pós-graduação, seja por cursos complementares. Não devemos nunca parar de estudar e devemos lutar para que essa possibilidade se abra para todos. Me fez um bem danado. Sinto que saio desse processo melhor, mais preparado. A educação é a maior potência que um país pode ter. Fortalece seus cidadãos, sua cidadania. É a melhor forma de ajudar o Brasil.

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