por Marcelo Bortoloti

Office boys cariocas trocam fliperama por uma rapidinha na hora do almoço

Acima, a funcionária do mês - loiras são mais requisitadas

 

por Marcelo Bortoloti fotos Pedro Arruda

O agito urbano, tempo para prazer é cada vez mais escasso. Mas, na hedonista Rio de Janeiro, há opções insólitas para suprir essa demanda. No centro, certos estabelecimentos têm se especializado em um conceito moderno de lazer: a prostituição expressa. Em salas que funcionam na miúda em prédios de escritório, damas oferecem seus préstimos em horário comercial: das 9 h às 6 h. O ambiente é enxuto - cerca de 30 m2 -, dividido por tapumes, que formam estreitas cabines. Ali dentro, o consumidor escolhe a mercadoria entre quatro ou cinco profissionais sempre bem dispostas. Os programas custam de R$ 10 o simples (três posições ou dez minutos) até R$ 50 o standard (com direito a todos os orifícios). Sério.

Tais inferninhos não têm música nem bebida. Tudo é organizado para otimizar ao máximo a circulação. Os principais freqüentadores são office boys e auxiliares de escritório, que, se antes se entretinham em fliperamas, agora, ao escapar do trampo, preferem diversões mais orgânicas. É a cópula de expediente: Sempre venho aqui na hora do almoço. O legal é que posso pagar com vale-refeição, conta o usuário Júnior, 25, técnico em informática.

A propaganda é feita boca a boca ou através de classificados - na porta dessas salas não há placas, avisos, nem um entre sem bater. Os porteiros negam qualquer negócio do tipo. E, de fato, muitos vizinhos de escritório desconhecem. Quem vai pela primeira vez precisa checar atento o número da porta, evitando situações constrangedoras. Relata um segurança: No sétimo andar tem muita gente batendo no escritório de um advogado que fica em frente. Quando a secretária atende, já perguntam quanto é. O homem fica uma fera.

Posições burocráticas

Mesmo com atendimento ágil, não é raro que em horários de pico certas casas comportem suadas filas. São fregueses à espera das vedetes (loiras são tidas como artigos de luxo). Em firmas mais organizadas, o consumidor recebe sua camisinha e faz a escolha do produto já na fila, aguardando ansioso que seu antecessor finalize os gemidos. Nas cabines há apenas uma cama de solteiro, o que estimula o sexo vertical. Cautela antes de entrar - para não enfrentar a lamentável imagem de um retardatário nu. Falar nisso, a privacidade desfrutada nas saletas é modesta - afinal, um coito é separado do outro só por uma fina divisória. É preciso, portanto, manter uma postura discreta. As funcionárias são orientadas: Gema apenas quando indispensável. E é comum estar ainda nas preliminares e ouvir o colega ao lado se desmanchando em êxtase. Os orgasmos transitam de lado a outro, e quem já pegou o seu vai embora sem delongas. O negócio é fazer o cliente gozar rápido, sintetiza a jovem Milena - que, em dias de muita labuta, chega aos 40 programas. Eficiência capitalista é foda.

 

 

 

 

 

 
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