Caio Guimarães: fazendo o que ama

por Caio Rocco

O engenheiro elétrico sempre foi apaixonado por ciência e descobriu, naturalmente, uma veia empreendedora. Resultado: ama tanto o que faz, que nem ousa usar a nomenclatura ”trabalho’ para a sua função

Uma vez li no livro Leve o coração para o trabalho, escrito por minha amiga Alessandra Assad e me dado de presente, que uma possível etimologia para a palavra amor é a junção do prefixo de negação “a” e a palavra “mors” ou “mortis”, significando que o amor é a ausência de morte, ou seja, vida, energia. O livro, como o título revela, trata de juntar duas coisas que até pouco tempo atrás eu via como imiscíveis: amor e trabalho. Foi durante essa leitura que eu atinei para uma coisa que nunca tinha parado para refletir sobre, que eu amo meu trabalho tanto que nem costumo chamar de trabalho.

Apesar da minha formação acadêmica ser em engenharia elétrica, a junção da minha paixão antiga por ciência e a recém descoberta por empreendedorismo me levam a caminhos novos e muito diferentes do que posso chamar de “minha área”. Fundei uma empresa de biotecnologia que desenvolve tratamentos e equipamentos médicos de baixo custo usando novas tecnologias. E, se não parasse por aí, é um negócio social em que todo o lucro é reinvestido no próprio negócio afim de aumentar o impacto. A satisfação e a energia que o amor pelo que faço traz, me leva a seguir em um caminho não convencional. Não foi uma escolha racional, nunca pensei “quero ter um negócio social quando crescer”, é algo que simplesmente aconteceu. Um caminho revelado pelo coração e que eu nunca imaginei que seguiria, que na verdade eu nem sabia que existia. A explicação para o que me move é só uma, amor. Eu amo o que eu faço. Eu amo meus objetivos. Mas além de tudo, eu amo as pessoas. Então parei para pensar, o que é o amor?

Amar para mim é um tripé: admiração, respeito e cuidado. Admiração é a parte do amor que faz nossos olhos brilharem e nos faz sentirmos bem. Quando admiramos algo ou alguém nosso coração palpita e temos aquele frio na barriga. Respeito é a parte do amor que entende a individualidade e a singularidade das coisas. Quando se respeita algo ou alguém, aceitamos que por mais que nossas ações divirjam, uma não é melhor que a outra. Entendemos então que há formas diferentes de pensar e agir. Cuidado é a parte do amor que nos faz zelar e preservar o que ou quem se ama. O cuidado é o resultado da admiração e do respeito, pois quando encontramos algo que admiramos, que nos faz bem e faz nossos olhos brilharem, algo que respeitamos e que sabemos que é importante, mesmo que seja diferente, temos a vontade instintiva de proteger, zelar, preservar e cuidar.

A vida só vale a pena com amor, e amar o que se faz é parte fundamental. Há uma diferença entre seguir um sonho e enxergar significado no seu ofício. Todo trabalho é chato de vez em quando, sempre iremos nos deparar com a parte não tão agradável daquela função que desempenhamos, mas isso não redime o significado e a importância daquela atividade. Como seria o mundo se todo mundo resolvesse seguir apenas seu sonho? Teríamos 40% da população constituída por músicos e artistas, 30% de atletas, 10% de astronautas e o restante se distribuiria entre outras funções. Amar o que se faz vai além de fazer o que se sonha, é se enxergar como parte integrante de um todo, e descobrir que nenhuma posição jamais será melhor do que outra, pois todos os papéis são dependentes entre si.

O dia que o mundo praticar o amor, admirando, respeitando e cuidando, guerras vão desaparecer e povos vão se unir tendo sua singularidade cultural preservada. Com certeza essa será uma sociedade na qual tudo será possível. Leve o coração para o trabalho

 

O engenheiro Caio Guimarães foi homenageado no Trip Transformadores 2015. Assista aqui a sua história.

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