Foi dada a largada para o Trip Transformadores 2016

por Camila Eiroa

Evento reuniu no MASP, em São Paulo, alguns dos homenageados deste ano em conversas sobre como ajudar a transformar o Brasil

O prêmio Trip Transformadores chega a sua décima edição este ano. O primeiro de uma série de eventos que antecipam a grande noite de premiação aconteceu na noite de 15 de agosto no Auditório do Masp, em São Paulo. Em um talk show apresentado pelo publisher e fundador da Trip, Paulo Lima, sete dos onze homenageados falaram sobre seus trabalhos.

A primeira conversa, sobre arte como ferramenta de transformação, reuniu o fotógrafo German Lorca, 94 anos,  último representante vivo entre os pioneiros da fotografia moderna brasileira, e Berna Reale, um dos mais importantes nomes da arte contemporânea no país. Ela intensificou sua criação quando começou a trabalhar como perita criminal em Belém do Pará, em 2009. Ele viu o mundo artístico se transformar ao longo das décadas.

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Berna falou sobre um dos principais temas que norteiam seu trabalho: a violência. "Infelizmente a violência está presente no cotidiano de todos nós, ela se torna íntima", acredita. German comentou alguns dos trabalhos mais famosos que ele realizou em seus 67 anos de carreira, incluindo obras que foram adquiridas para o acervo permanente do Museu de Arte Moderna de Nova York.

O segundo encontro proporcionado pela Trip foi entre Daniel Izzo, fundador da Vox Capital, que decidiu largar o emprego em grandes corporações para trabalhar por algo que tivesse sentido social, e Hans Dieter Temp, administrador e técnico em agropecuária que cria hortas urbanas por meio da ONG Cidades sem Fome.

"Eu trabalhava para aumentar o lucro dos acionistas das empresas, ou seja, para dar dinheiro a quem já tem. O que fazemos não é só uma resignificação do trabalho, mas do dinheiro, que acaba escravizando a gente", reflete Daniel. Com a Vox, ele investe em empresas que promovem alguma transformação social. Arrancando risos da plateia, Hans brincou: "Estou tentando falar com o Daniel pra ver se ele me ajuda a conseguir investimento para o Cidades sem Fome".

Para falar sobre liberdade, Luiz Alberto Mendes e Marinalva Dantas subiram ao palco do auditório. Ele, escritor paulistano e ex-presidiário, refletiu sobre a realidade das penitenciárias no país. "Será que entre essas milhares de pessoas presas não tem nenhuma capaz de transformar o mundo?", questionou. Marinalva, que trabalha com o resgate de pessoas em situações de escravidão, falou sobre as dificuldades que enfrenta em sua empreitada. "Quando começamos a combater o trabalho escravo, fomos desacreditados. Tivemos que provar que ainda existem pessoas escravizadas no país".

Fechando a noite, a pesquisadora e médica cearense Adriana Melo conversou com Paulo Lima sobre a descoberta que ela fez sobre a relação entre o zika vírus e a má formação do cérebro de milhares de crianças. "Não estou preocupada em ser um nome na história. Enquanto as pessoas estão brigando, crianças estão nascendo. Temos que unir forças na comunidade científica em vez nos dividir", acredita.

Adriana reitera a importância de novas políticas voltadas para as crianças que já nasceram com microcefalia e a não culpabilização das mães. "A grande maioria delas não tem condições financeiras nem para comprar um repelente."

O Trip Transformadores é um movimento que ganha força desde 2007 ao celebrar o trabalho de gente que transforma, no Brasil, paixão em ação, sonho em vida real. Neste ano, a noite de premiação acontece em novembro.

Créditos

Imagem principal: Alê Bigliazzi

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