Batalhas de estrelas

por Redação

Em um encontro no planetário em São Paulo, cabeças pensantes do empresariado brasileiro debatem a crise, as transformações e as oportunidades futuras para o mundo corporativo

Qual o futuro das grandes corporações?

Lucrar só por lucrar ou aplicar o capital para fazer um mundo melhor? Ficar em cima do muro ou entrar na conversa com o consumidor? As grandes corporações têm futuro?

Nesta terça (18), sob o “céu” estrelado do planetário do Parque do Ibirapuera, onze nomes do mundo corporativo brasileiro, entre CEOs e pensadores deste universo, foram desafiados a responder a estes inquietantes questionamentos durante o encontro que abre caminho para a edição 2016 do Trip Transformadores.  

“A gente se propôs a fazer uma coisa diferente e nem sei se vai dar certo, espero que dê. Estamos sempre querendo sair do convencional ”
Paulo Lima

Mediado pelo publisher e fundador da Trip, Paulo Lima, e pelo empresário Lourenço Bustani da consultoria Mandalah, a “Batalha de Estrelas” foi um game show com seis rodadas de perguntas feitas a empresários do ramo do entretenimento, comunicação, alimentação e investimentos sobre o futuro das grandes companhias. “Este é o ano do décimo aniversário do Trip Transformadores, que é mais que um prêmio, é um movimento. A gente se propôs a fazer uma coisa diferente e nem sei se vai dar certo, espero que dê. Esse é o nosso jeito, estamos sempre querendo sair do convencional”, apresentou Paulo Lima. “Convidamos pessoas com brilho próprio – por isso “estrelas” –, não só pela liderança, mas porque têm afinidade com o nosso jeito de ver o mundo. É gente que sabe brincar”.

Foi uma noite de conversa franca e diversidade de pensamentos e visões. “Estamos vivendo um momento de mudança: o sonho de consumo para um jovem não é mais um carro. Hoje, consumidores priorizam usar o dinheiro em empresas que valorizam bons propósitos”, defendeu Alexandre Borges, sócio e CEO da empresa de produtos orgânicos Mãe Terra.

“A nossa geração tem tido o papel de se sentir desconfortável, mas não chegamos a um modelo que abale esta lógica”
Paulo Kakinoff, da Gol Linhas Aéreas

Do outro lado da moeda, Paulo Kakinoff, presidente da Gol Linhas Aéreas Inteligentes, acredita que o modus operandi das últimas décadas nas grandes empresas ainda é um tema a ser trabalhado. “Hoje há esta ideia de atmosfera tóxica da busca irascível pelo lucro – mesmo usando nomes como causa, valores, missão. O objetivo prático das organizações é aumentar o lucro e o resultado. A nossa geração tem tido o papel de se sentir desconfortável, mas não chegamos a um modelo que abale esta lógica”, explicou Kakinoff.

Na segunda rodada, os convidados fizeram perguntas uns aos outros. Paulo Kakinoff, da Gol, quis saber como o CEO do grupo Boticário, Artur Grynbaum, tem se empenhado para promover a participação das mulheres em cargos de confiança. “50% de nossas vice-presidentes são mulheres, e 85% de nossos vendedores são mulheres que se tornaram empreendedoras independentes. Para nós, isto é natural. Damos oportunidades iguais pela crença de que queremos modificar a sociedade em que vivemos”, explicou.

 SEM MÁSCARAS

“Sustentabilidade não é mais um setor da empresa mas um valor dela”
Claudia Lourenzo, da Coca-Cola

Como as empresas vêm fazendo para estimular propósitos em suas equipes? Para Claudia Lorenzo, vice-presidente de relações corporativas da Coca-Cola Brasil, o segredo é apostar no desejo em transformar de seus próprios funcionários. “Todo mundo, em qualquer área da empresa, quer inovar e apresentar projetos de sustentabilidade - essa não é mais um setor da empresa mas um valor dela”, disse. Daniel Izzo, sócio fundador e CEO da Vox Capital, fundo de investimento focado em empresas com impacto social e homenageado desta 10º edição do Trip Transformadores, acredita que as empresas devem oferecer a seus colaboradores um ideal em busca de um mundo melhor. “Quando achei que fazia sentido fazer parte de algo maior entendi que, quando há objetivos a longo prazo, não tem uma proposta maior que me pague”, argumentou Izzo.

“Quando há objetivos a longo prazo, não tem uma proposta maior que me pague”
Daniel Izzo, da Vox Capital

A Batalha de Estrelas também propôs aos convidados - nomes graúdos do empresariado - que explicassem como lidam com suas próprias inseguranças, medos e com o próprio ego. “Tem um lado positivo de se trabalhar com o ego. O sujeito é egocêntrico? Pode ser, mas será que isso leva você a algum lugar?”, sugere Luiz Sanches, sócio e diretor geral de criação da Almap BBDO. “Quando eu tenho prisão de ventre eu me sinto humano e isso dá a dimensão do que eu sou. Não sei se tem uma administração consciente do ego, estou sempre tropeçando nos meus limites”, brincou Ricardo Guimarães, fundador e CEO da consultoria Thymus Branding e colunista da Trip.

“Não sei se tem uma administração consciente do ego, estou sempre tropeçando nos meus limites”
Ricardo Guimarães, da Thymus

A plateia formada por cerca de 300 convidados, também pôde conhecer o movimento de transformação das estrelas projetadas no “céu” do planetário do Ibirapuera pelo astrônomo Luis Ricaro Tusnksi.

FAZENDO HISTÓRIA

O Trip Transformadores é um movimento que ganha força desde 2007 ao celebrar o trabalho de gente que transforma, no Brasil, paixão em ação, sonho em vida real. Neste ano, a noite de premiação acontecerá no dia 08 de novembro. 

Para o encontro do Batalha de Estrelas compareceram os empresários Luiz Sanches, sócio e diretor geral da criação da Almap BBDO; Marcio Utsch, CEO da Alpargatas; Daniela Mignani, diretora do canal GNT da Globosat; Roberto Martini, fundador e CEO da Flagcx, holding de agências de comunicação; Claudia Lorenzo, vice-presidente de relações corporativas da Coca-Cola Brasil; Facundo Guerra, presidente do Grupo Vegas, que reúne algumas das principais casas noturnas do Brasil; Artur Grynbaum, sócio e CEO do grupo Boticário; Paulo Kakinoff, CEO da Gol Linhas Aéreas; Ricardo Guimarães, fundador e CEO da consultoria Thymus Branding; Alexandre Borges, sócio e CEO da Mãe Terra e Daniel Izzo, sócio fundador e CEO da Vox Capital, fundo de investimento focado em empresas com impacto social, e homenageado desta 10º edição do Trip Transformadores.

Créditos

Imagem principal: Mariana Pekin

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