por Alexandre Potascheff

Indicado ao prêmio Emmy Internacional, Alexandre Nero é mais do que um ator de talento. Ele é original, autêntico e não tem medo de afirmar: ”Sempre fiz sucesso”.

Alexandre Nero é um dos mais interessantes atores do momento. O cara tomou de assalto o Projac, da Rede Globo. O crime, não premeditado, é bom destacar, foi construído através de personagens que tornaram público e crítica reféns de seu talento. Do verdureiro Vanderlei, da novela A Favorita, ao Comendador de Império. Do Baltazar, de Fina Estampa, ao Romero Rômulo, de A Regra do Jogo, papel que, inclusive, lhe valeu indicação ao prêmio Emmy Internacional deste ano. Mas, mais legal que a indicação, é o jeito autêntico com que o ator se posiciona. Nero passa longe da figura pasteurizada e politicamente correta que impera não só entre os atores, mas entre todos nós. Se liga. 

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Trip FM: Nossa última conversa foi em 2012, antes desses grandes sucessos que eu listei. Resume o que aconteceu na sua vida nesses últimos anos.

Alexandre Nero: Meu olho ficou mais azul, eu cresci oito centímetros, emagreci pra caramba e fiquei muito mais gato (risos).

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Eu acompanhei o sucesso do Comendador e fiquei pensando o que estava passando na sua cabeça. Como é que fica a cabeça de alguém quando acontece um desses sucessos estrondosos? Acho que a chance do cara se matar, inclusive, é concreta nesse momento, né? Na verdade você quer matar todo mundo, porque você trabalha que nem um condenado. Ou você quer se matar pra fugir do trabalho, só por isso. (risos) A real é que eu tive sorte de passar por isso depois dos 40 anos. Mas, quando a gente está no meio do furacão, a gente não vê isso. Hoje, distanciado do Comendador, eu consigo ver que foi um fenômeno e vai ficar marcado mesmo. Eu acho isso um barato. Mas eu não tenho deslumbramento. A própria indicação ao Emmy. Lógico que é bacana. Mas porra, eu concorro com o Dustin Hoffman! Quer dizer. É muito mais engraçado do que você levar a sério, falar “nossa, eu sou um ótimo ator”... É uma piada. São acasos que a vida traz. Então eu não tenho essa coisa de subir a cabeça. Eu tenho medo que o fracasso suba à cabeça. O sucesso não tem problema.

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A gente entrevistou recentemente a Martha Nowill e ela disse aqui que, depois de trabalhar anos como atriz, alguns amigos e até pessoas da própria família só reconheceram sua profissão quando ela participou de uma minissérie da Globo. Você sentiu isso?  Sim. Parece que você precisa desse aval. Parece um carimbo. A partir daí você vai ser reconhecido e respeitado. Eu ouvi muito quando comecei a trabalhar na Globo: “parabéns”, “você chegou lá”, “você venceu”. E isso sempre me incomodou. Eu trabalho há 25 anos e só venci agora? E meus amigos todos que não chegaram na Globo e que continuam trabalhando e vivendo disso? Eles não venceram? Eles são perdedores? É engraçado isso. Hoje as pessoas confundem muito sucesso com fama . Eu sempre fiz sucesso. Eu sempre trabalhei com o que eu gostava e sobrevivi dignamente disso. Isso pra mim já é sucesso. Agora, ir pra Globo me deu mais visibilidade e as pessoas começaram a me colocar num lugar... um lugar ilusório, simplesmente ilusório. Amanhã eu tô lá no Emmy e logo depois eu vou estar aqui, na esquina da Trip, tomando uma cachaça no boteco.

ESCUTE A ENTREVISTA COMPLETA NO PLAY ABAIXO:


SET LIST

My Bubba – Island
Alexandre Nero – Vendo a Vista
Mano Negra – Out of Time Man
Medesky, Martin & Wood – Lets´s Go Everywhere
The Band – The Weight

Ouça todas as músicas que rolaram no Trip FM em 2016


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