Preso no mundo virtual

por Redação

Filme canadense feito por dois jovens questiona como utilizamos as redes sociais

Filmes também podem ser transformadores. O curta canadense Noah, por exemplo, precisa de apenas 17 minutos para provocar uma reflexão sobre a maneira como usamos as redes sociais.

Transformador também na linguagem, o filme tem como único "cenário" a tela do computador do jovem e a tela do celular de Noah. Apenas observando essas duas telas, somos levados por um enredo que demonstra todas as falhas da comunicação moderna.

A história começa com Noah e sua namorada Amy conversando pelo Skype. Durante o papo, Noah passa o tempo todo distraído por conversas soltas no Facebook, sites aleatórios e música alta. Desconfiado que a namorada vai terminar o relacionamento, ele toma a decisão de hackear o Facebook dela para descobir se está sendo traído. Sem querer estragar o desfecho da história, o resto do enredo mostra as consequências desse cenário de desconfiança, ansiedade e paranoia, que muitas vezes são pura ilusão, criados pelo ambiente online.

Noah é a primeira produção da dupla canadense Walter Woodman e Patrick Cederberg, que têm apenas 22 e 23 anos, respectivamente.

Era para ser apenas o projeto de fim de curso da dupla. A expectativa mais alta deles era ter o filme exibido no festival da universidade. Acabaram sendo selecionados para o Festival Internacional de Cinema de Toronto, um dos mais tradicionais do mundo. Acabaram levando o prêmio de melhor curta canadense. Publicado na página do festival no YouTube, o filme se espalhou rapidamente (atualmente está fora do ar por lá e se espalha em outra versões). Nada mal para um filme feito sem dinheiro em um apartamento - os únicos gastos foram com pizza e cerveja. “Agora outros festivais selecionaram o filme, tem sido uma loucura”, diz Walter.

A origem do filme veio da ideia do formato. “A ideia veio quando decidimos limitarmos o trabalho no computador. Quanto maior era o limite, mais criativos nos sentíamos”, responde Walter. Para montar o script eles precisaram ser mais criativos ainda. “Um script tradicional é usado para mostrar teoricamente quanto tempo cada cena toma dentro filme. Como temos milhões de coisas acontecendo em cada frame, nós tivemos que inventar um novo formato de script”, explica.

Foram meses gastos apenas na criação dos perfis falsos no Facebook. Uma missão longa e que chegou a dar errado quando o site apagou alguns perfis desconfiando dos e-mails repetidos (noahfilm1@gmail.com, noahfilm2@gmail.com) usados pela dupla. “Tivemos que usar nossos perfis antigos do Facebook para fazer Amy e Noah. Gastamos dias mandando mensagens de amor um para o outro, trabalho de casa”.

Quanto à reflexão gerada pelo filme a resepito de como lidamos com as redes sociais, a dupla também não esperava comover tanto. “No Youtube algumas pessoas nos chamam de gênios e outras dizem que somos os piores de todos os tempos. Eu espero que ninguém deixe de usar o Facebook por causa do filme, espero que analisem mais o modo como usam. Percebam como isso muda os relacionamentos".

Embalados pelo sucesso, os garotos já estão pensando no próximo projeto e vão manter a parceria. 

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