Aluna do Instituto Reação, ganha o primeiro ouro feminino do Brasil em um Mundial de Judô
Esforço, paciência e dedicação resultam em transformação. Em 2010, Flávio Canto foi homenageado pelo Transformadores pelo trabalho no Instituto Reação, que fundou para utilizar o esporte como forma de promover a cidadania em quatro comunidades do Rio de Janeiro. Em 2013, ano que o Instituto Reação completa dez anos, ele e todos os envolvidos no trabalho ganham um prêmio que muitos não apostariam alguns anos atrás.
Ontem Rafaela Silva, aluna do Instituto Reação, entrou para a história do esporte nacional por ganhar o primeiro ouro feminino do Brasil em um Mundial de Judô. Na categoria peso leve ela venceu, por ippon, a norte-americana Marti Malloy. “Hoje eu estou aqui mostrando que não depende de cor, dinheiro, de nada”, disse logo após a vitória.
Rafaela tem a própria história de transformação e luta. As aulas de judô lhe tiraram de um caminho incerto na Cidade de Deus. Com o treino virou destaque no pólo do instituto na Cidade de Deus e há anos já está entre as melhores do esporte. Encarou uma dura eliminação na Olimpíadas de 2012 e tinha ficado com a medalha de prata no Mundial de 2011 em Paris. Justamente no Rio, sua cidade, ela conseguiu superar as barreiras, a pressão.
No Facebook do Instituto, o sensei Geraldo Bernardes, responsável pelo treinamento de Rafaela, postou sua emoção com a conquista:
“Ontem tive uma das maiores emoções da minha vida. Vi uma menininha que chegou junto com a irmã encaminhada pelo pai para fazer judô na academia Body Planet aonde tem o Pólo Cidade de Deus do Instituto Reação se tornar a primeira mulher brasileira Campeã Mundial no judô. Quando elas começaram eu vi o grande potencial que estava recebendo ; elas eram fortes por natureza , com uma agressividade natural de quem na rua briga pelo seu espaço. (...) Um dia ao encerrarmos a aula eu olhei para as duas e lhes disse: Um dia vou colocar vocês na seleção brasileira de judô . Na medida em que elas foram evoluindo no judô eu presenciava a cada passo que elas realmente chegariam à seleção brasileira e as duas chegaram. (...) Que a história de vida de nossa campeã mundial sirva de exemplo para elas e que o sonho delas também se tornem realidade.”
Hoje uma das frases que Canto disse para o Transformadores na época faz mais sentido ainda: "Nem todo mundo associa uma favela como um lugar riquíssimo em potencial, cheio de joias pra serem lapidadas". Alguma dúvida da razão dele?
