por Redação

”Usar a floresta de uma forma sustentável é um dos principais elementos para que ela sobreviva”, diz o biólogo e executivo, fundador da Amata

 

Em 2005, Roberto Waack, executivo de sucesso, biólogo e administrador, e um dos homenageados deste ano no Trip Transformadores, engajou-se em uma tarefa difícil e arriscada: criar, juntamente com seus sócios Dario Guarita Neto e Etel Carmona, um novo paradigma para a exploração florestal.

“Em vez de focar no que não pode fazer, tinha que começar a focar no que podia ser feito. É um assunto essencial: a área florestal dá metade do nosso território e a gente não tem atividade econômica formal, de grande escala, que possa fazer com que essa floresta permaneça como floresta. A atividade que existe é a de justamente tirar a floresta e fazer outra coisa”, diz Roberto.

Foi assim que nasceu a Amata, empresa que propõe tornar realidade algo que muito se ouve falar, mas pouco se vê praticado: transformar uma floresta em pé em um negócio atraente e lucrativo. O plano: plantar florestas nativas e exóticas e fazer o manejo sustentável de florestas nativas intocadas, para extrair receita pela venda de madeira e produtos não-madeireiros, além da justa remuneração pelos serviços ambientais que a floresta presta à humanidade, como a produção de chuvas e regulação do carbono na atmosfera. “Usar a floresta de uma forma sustentável é um dos principais elementos para que ela sobreviva, e ela precisa ter valor para isso”.

Com essa ideia inovadora e ambiciosa, de retorno mais demorado do que o mercado está acostumado, Roberto e Dario visitaram mais de 150 investidores, sem ouvir nenhum “não”. Mas também sem ouvir nenhum “sim”. O valor do negócio era evidente, mas não se enquadrava nos modelos de análise de risco. Foi preciso insistir muito até conseguir os primeiros apoios. “A população urbana brasileira tem uma relação emocional com a floresta muito distante. Ela assiste a televisão, se emociona quando tem os casos de desflorestamento, e no dia seguinte vai comprar um piso e esqueceu completamente daquilo”, afirma.

Em 2008, a primeira recompensa: a Amata foi a primeira empresa a receber a concessão de uma área pública de floresta nacional para exploração comercial, no Brasil. Desde então, o desafio passou a ser outro: gerar valor não apenas econômico, mas social e ambiental, para todos os envolvidos. A economia do futuro deverá seguir os passos da Amata.

“Hoje tem uma discussão em que o diretor mundial do Greenpeace fala que o business as usual não dá mais. A sociedade já percebeu que não tem matéria-prima, que a gente tá acabando com o planeta, ou seja, que o modelo atual tem que ser substituído - e gradualmente está. Mas o ativismo as usual também não dá mais. A discussão do que tem que ser feito ou do que não pode ser feito está migrando para uma discussão de “como fazer”.

Leia a seguir a conversa que Roberto teve com a Trip.

 

De onde veio o interesse pela natureza? Acho que antes de fazer biologia eu já tinha interesse por esse mundo todo da natureza em geral. É uma coisa que está muito ligada ao meu avô, que era farmacêutico, trabalhava com coleta de cobras para enviar soros para o Butantã, e passei minha infância muito ligado a ele e a essa situação da relação do homem com a natureza. Gostava muito de viajar, conhecer, de pegar a mochila e ficar bastante tempo num lugar, acampar na beira do rio. 

E, então, você decidiu estudar biologia... Na biologia você tem situações diferentes: do naturalista que documenta e que faz a imersão na floresta com seus próprios instrumentos, e da ciência que usa instrumentos muito mais formais, mais rígidos. É claro que tem uma interação muito grande entre eles, mas o ideal da turma quando vai fazer biologia é muito mais pelo lado naturalista. Mas nunca tive muito problema com isso, porque também gosto da formalização da ciência. Sempre gostei de uma forma um pouco mais estruturada de ver as coisas e a ciência, sob essa ótica, é muito legal. Em geral, você está lidando com situações muito complexas e o instrumental da ciência ajuda a decodificar essa complexidade. Só quea  abordagem só da biologia nunca foi suficiente. Tinha outros elementos que me interessavam, que estão muito mais relacionados à administração, à psicologia, à história e acabei navegando um pouco por esse mundo. 

Como fez para explorar um pouco mais esses outros campos? Fiz biologia, depois psicologia, história, e em seguida acabei me aproximando mais da administração de empresas; e lá encontrei uma linguagem, especialmente no mundo da microeconomia, muito legal para lidar com todas essas situações. Naveguei bastante pelo mundo da biotecnologia quando estava começando, e ela tem um componente biológico muito forte e um componente de gestão de tecnologia, de estratégia de pesquisa, estratégia empresarial, de inovação e de empreendedorismo muito fortes também. E foi esse o campo que me atraiu mais. E na biotecnologia percebi a oportunidade de fazer isso em uma das florestas. Porque a biotecnologia é muito micro: é microbiologia, são as bactérias, os vírus, as vacinas e tal, mas o mundo mais macro da biologia é igualmente demandante de uma abordagem desse tipo; acho que foi relativamente automática a transposição para o mundo das florestas. 

Quando, de fato, você começou a trabalhar com florestas? Eu migrei do mundo da biotecnologia para o mundo das florestas através de uma oportunidade que o Grupo Orsa [uma das principais organizações brasileiras no setor de madeira, celulose, papel e embalagens] iniciou quando adquiriu a Jari, um empreendimento fantástico da década de 70 que criou, praticamente, um país dentro da Amazônia. E essa aventura empresarial tinha um grande desafio: como lidar com o potencial da floresta sem tirar a floresta? Acho que a gente tem, no Brasil, esse paradigma muito claro de que uma das principais abordagens econômicas da floresta é substituí-la por outra coisa. A gente não tem a cultura de conviver com a floresta do ponto de vista econômico. Esse era o desafio do grupo, que enfrentou de uma maneira muito legal, criou o maior plano de manejo da América Latina, na época era o maior plano de manejo certificado do mundo. A certificação foi um elemento central que, de certa forma, é a licença da sociedade para você poder operar, então não é uma atividade empresarial que se dá única e exclusivamente fundamentada na estratégia do dono, mas que leva em conta o que a sociedade, o Forest Stewardship Council, o Greenpeace, o WWF, as organizações sociais e tal pensam sobre aquilo. 

"A gente tem, no Brasil, esse paradigma muito claro de que uma das principais abordagens econômicas da floresta é substituí-la por outra coisa. A gente não tem a cultura de conviver com a floresta do ponto de vista econômico"

E a Amata surgiu daí? Surgiu a partir da ideia de expandir esse conceito para outras áreas. Ela teve a iniciativa fundamental do Dario Guarita, que vem do mundo financeiro, e do Etel Carmona, que vem do mundo da adição de valor, da movelaria, do design. Os dois já estavam gestando essa ideia quando a gente se encontrou e ela se tornou realidade. A empresa é fruto da associação de três conceitos: do conceito da floresta, do conceito da adição de valor - com a qualidade e com o design - e do conceito do mundo financeiro, fazendo com que todos esses elementos possam, realmente, atingir uma escala e um impacto maior do que aquele local que projeto a, b ou c possa se dar. Nesse meio tempo, com a Marina Silva como ministra, a mesma discussão tava se dando também no Ministério do Meio Ambiente, que estava migrando de uma situação meramente de controle de situações ambientais para a produção de um ativo ambiental. Como a Marina falava, em vez de focar no que não pode fazer, tinha que começar a focar no que pode ser feito. Porque é um assunto essencial, a gente está falando de metade do Brasil: a área florestal dá metade do nosso território e, praticamente, a gente não tem atividade econômica formal, de grande escala, que possa fazer com que essa floresta permaneça como floresta. A atividade que existe é justamente a de tirar a floresta e fazer outra coisa. Acho que são coisas que vão amadurecendo no país como um todo.

Então, as ações da Amata e do Ministério do Meio Ambiente acabaram convergindo. Se por um lado havia essas três pessoas criando esse conceito da Amata, por outro lado no Ministério do Meio Ambiente, com a liderança da Marina e de outras pessoas, surgiu a Lei de Gestão de Florestas Públicas. A gente participou dos debates, como vários outros agentes da sociedade florestal, e, depois, quando a lei foi promulgada e o primeiro projeto de concessão surgiu, a gente se candidatou a ser uma das concessionárias e acabamos ficando com uma das áreas. A proposta da empresa é ligar os pontos do ativismo social e do ativismo ambiental ao ativismo financeiro tradicional para fazer algo que resulte na preservação das florestas. 

O que prega essa lei? A lei é a seguinte: o Estado é detentor da maior parte da Floresta Amazônica, e uma parte dela passou a ser destinada para fins econômicos ligados às questões ambientais e sociais. Ou seja, fins econômicos desde que eles representem também a preservação ambiental e a inclusão social. A lei parte do princípio de que um pedaço dessa floresta pode ser colocado à disposição do setor privado para que ele gerencie essa atividade através de planos de manejo. E é isso que a gente faz. 

Como funcionam os planos de manejo? O plano de manejo é uma atividade florestal clássica no mundo, que está crescendo nas florestas tropicais. É você fazer o uso da floresta de uma forma sustentável, adicionar valor a ela, mantendo-a em pé e mantendo os ativos da biodiversidade e dos serviços ambientais presentes e continuamente sendo apresentados à sociedade como um todo. Usar a floresta de uma forma sustentável é um dos principais elementos para que ela sobreviva, e ela precisa ter valor para isso. O Estado tem uma capacidade muito pequena de evitar o desmatamento se a floresta não tiver o valor em si. E esse é o conceito do manejo florestal que a Lei de Gestão de Florestas Públicas trouxe para a sociedade. Acho que esse é um conceito extremamente importante. A gente costuma ter o conceito de que floresta é um monte de árvore. Na realidade, floresta é um monte de árvore, um monte de bicho e um monte de gente [risos]. As pessoas estão integradas no mundo florestal. A gente aqui, do mundo urbano, que não reconhece isso.

E esses planos de manejo acabam beneficiando a quem mais? Desde as populações que vivem na floresta, como as populações indígenas, como as que migraram para as florestas e vivem no entorno delas. Grande parte dessas populações foram associadas de alguma maneira, direta ou indireta, ao processo de conversão das florestas. Então, você criar uma alternativa econômica que esteja ligada à preservação da floresta é muito importante para essas populações que vivem no entorno. Elas têm que ter da floresta uma opção de renda. E o manejo representa justamente isso e precisa ser feito com uma série de conhecimentos e de tecnologias. Um dos elementos sociais importantes que o manejo proporciona é justamente levar essa tecnologia para essas populações e integrá-las nessa tecnologia.

Como se dá essa integração?  Isso vai desde o emprego de,  por exemplo,  profissionais especializados em identificação de árvores, profissionais que conhecem a floresta, que sabem abrir trilhas e conviver com aquele ambiente florestal, até a geração de  oportunidade para essas populações de coleta de produtos não madeireiros, como a castanha, o açaí, os óleos, as essências e uma série de produtos florestais que o manejo proporciona. Outras externalidades importantes derivadas da operação do manejo são empregos de fornecedores de alimento, mecânicos para as máquinas, empresas voltadas para a produção de uniformes; tem os relacionados à produção da transformação da madeira, como a indústria moveleira, a indústria de objetos de madeira, a área de biojoias, enfim, tem um universo muito grande de atividades que estão ligadas à própria atividade florestal e outras que estão ligadas à indústria que está à frente da atividade florestal. O importante é que dentro desse contexto social se crie uma economia relacionada à floresta sustentável, substituindo a economia relacionada à conversão da floresta em outra atividade. Em vez de a pessoa falar “Bom, a única coisa que posso fazer nessa terra é tirar as florestas e pôr boi, ou plantar alguma coisa”, tem que falar: “Não, vou manter a floresta e viver dela”. Para isso ele precisa fazer o manejo sustentável. Tira algumas árvores, colhe algumas frutas, tudo dentro de um certo equilíbrio ambiental, adicionando valor a essas atividades. 

"O plano de manejo é fazer o uso da floresta de uma forma sustentável, adicionar valor a ela, mantendo-a em pé e mantendo os ativos da biodiversidade. Usar a floresta de uma forma sustentável é um dos principais elementos para que ela sobreviva, e ela precisa ter valor para isso." 

Onde se concentram as ações da Amata atualmente? Nós hoje temos duas frentes. Uma em Rondônia, com um projeto de manejo da concessão do Jamari, e outra no Pará, onde a gente faz recuperação de áreas degradadas com o plantio de florestas nativas. Lá é onde a terra já foi exaurida, por aquele ciclo da renda que é gerada com o desflorestamento, que rende um volume importante de receita num curto prazo, mas que é rapidamente queimado, já aconteceu, o boi já entrou, o pasto já é pouco produtivo e a terra está praticamente subutilizada. Nessas regiões a gente trabalha com o plantio de florestas nativas para, de alguma forma, recuperar a atividade florestal e econômica nas regiões. Esse é um projeto que a gente tem em conjunto com uma empresa sueca, a SCA,  maior empresa florestal europeia, e é uma atividade pioneira, relacionada a essa discussão do valor da floresta nativa. 

E como se divide a estrutura da empresa entre a cidade e o campo? A gente tem equipes locais bem estruturadas, mas o planejamento é feito aqui [São Paulo], assim como a parte comercial, a parte de estratégia e toda a parte financeira. Isso é uma coisa muito importante porque, de certa forma, a gente conseguiu trazer a discussão da economia da floresta aqui para Avenida Paulista, para a Avenida Faria Lima, ou seja, a comunidade financeira, os fundos de investimento, hoje, discutem isso. O BNDES, por exemplo, é um dos acionistas da empresa. Hoje a gente tem uma discussão sobre a economia da floresta nativa que há três anos não acontecia em lugar nenhum do Brasil. Então, trazer a floresta nativa para a pauta dos fundos de pensão, dos bancos de desenvolvimento, foi um negócio muito importante que vai ter desdobramentos relevantes daqui pra frente. 

As terras pertencem à empresa? Essas áreas são nossas, nós compramos. São fazendas que pertencem à empresa. Uma delas é em parceria com um fazendeiro que preservou a floresta, uma exceção, e que tem intenção de continuar fazendo a atividade florestal. Então, a gente teve a sorte de identificar um proprietário que tinha essa consciência 

Falando em consciência, como você vê a relação entre sociedade e natureza no Brasil? A relação das pessoas com a floresta é muito estranha no Brasil. A população urbana brasileira tem uma relação emocional com a floresta muito distante. Ela assiste a televisão, se emociona quando tem os casos de desflorestamento e tudo isso, e no dia seguinte vai comprar um piso e esqueceu completamente daquilo. Essa conexão entre o valor da floresta, o valor emocional, o valor ambiental, com a decisão de compra é muito distante, esquizofrênica até. Diferentemente de países que têm uma relação muito mais íntima com a floresta, por exemplo, os países do norte da Europa. As pessoas convivem com a floresta, fazem o manejo há 500 anos, colhem as berrys, caçam, enfim; tem uma relação com a floresta muito mais intensa. A gente tem uma relação de “eu gosto da floresta pra ver na televisão, se cortar fico chateado, mas quando vou para o meu sítio não quero esse negócio de floresta. Quero a área limpa para colocar alguma outra cultura”.

Então, o que a gente propõe como visão, como negócio, é reconectar essas pontas. Na hora que as pessoas compram a madeira, podem fazer isso de duas formas: se elas ignorarem a origem da madeira, estão investindo no desmatamento. Se se preocuparem com a origem da madeira, com o modo que ela foi retirada, com a relação da madeira com a floresta, elas estão ajudando a preservar a floresta. 

"A gente tem uma relação de 'eu gosto da floresta pra ver na televisão, se cortar fico chateado, mas quando vou para o meu sítio não quero esse negócio de floresta. Quero a área limpa para colocar alguma outra cultura'''.

 Não pode, à primeira vista, parecer paradoxal essa relação que explora mas, ao mesmo tempo, protege a natureza? Eu diria que tem tudo a ver. Uma das causas do desflorestamento é justamente essa relação não estar presente. Não tem como ignorar que a atividade humana, a gente goste ou não, é fortemente impactada pela questão econômica. É difícil você ter uma sociedade em algum lugar do planeta hoje que tenha uma desconexão completa entre a economia e a atividade humana em geral. Então, se a gente está falando de um ativo tão precioso como a floresta, não dá para imaginar que ele possa ser dissociado da atividade econômica. E justamente quando dissocia, ele é varrido do mapa.  E é isso que a gente vê no Brasil: “Eu tenho que tirar a floresta porque ela não tem valor”. E toda a discussão que a gente tem é o contrário disso: ela tem valor. E esse valor implica em você lidar com ela, gerenciar, conviver com ela, usufruir do ciclo de produção que ela tem, porque a árvore cresce, uma hora ela vai cair e antes disso você retira a madeira, usa para fazer móveis, casas, enfim. Mas você lida com a floresta como algo que está relacionado à economia. Do contrário, acontece o desastre que a gente tem vivido. E esse é um debate importante nas florestas tropicais do mundo todo, não é uma situação brasileira. Infelizmente, o mundo das florestas tropicais se concentra em países com uma governaça muito ruim, com muita corrupção, com governos fracos. 

Daí a tamanha relevância da atuação de organizações como a Forest Stewardship Council.  O Forest Stewardship Council (FSC) é uma organização que foi criada há quase 20 anos com três pilares - um ambiental, um social e um econômico – para definir procedimentos de gestão florestal. Na realidade, foi um encontro da sociedade civil com o mundo empresarial para gerar princípios e standards de produção florestal em diversos lugares do mundo. E para associar esses standards a um selo: as empresas que compram esses standards de produção podem usar um selo que significa que o produto faz parte daquela solução de preservação da floresta, e não da sua degradação. É uma informação para o consumidor de que aquela madeira veio de uma forma responsável de lidar com a floresta. É uma organização presente hoje em mais de cem países, cada país tem a sua própria iniciativa, define seus próprios standards locais, e gerencia esse processo de certificação e de outorga desse selo.

Qual a sua opinião sobre o tratamento que o governo brasileiro dá à questão florestal? O Brasil tem uma situação dúbia, como quase tudo no país. Tem uma presença muito forte no FSC, é muito atuante, tem várias pessoas historicamente ligadas à origem do FSC, e tem uma participação extremamente forte na certificação de florestas plantadas, como pinus e eucalipto, e tem uma posição extremamente fraca no que se refere às florestas nativas. As florestas nativas, infezlimente, não fazem parte das prioridades do governo, enquanto que a parte mais industrial, mais urbana, está inserida num contexto político e econômico mais sólido.

E como você se sente quando passa um tempo nas fazendas da empresa? Os desafios são muito grandes. O desafio de lidar com a ilegalidade, com as madeiras que têm documentos falsos, que é o grande problema hoje, junto ao desafio do dia a dia aqui em São Paulo, é difícil. E quando a gente vai para a floresta, a gente sempre volta revigorado, é uma coisa que contamina todo mundo da empresa. 

O que mais te motiva nesse trabalho? As dificuldades do mundo florestal são tão grandes quanto às do mundo financeiro, e é justamente navegar nessas duas dificuldades e encontrar soluções que é o que me interessa, o que me motiva. Eu gosto disso, e na realidade é isso que faz da Amata uma empresa tão legal pra gente que trabalha lá. 

E quais são as expectativas para o futuro? Hoje tem uma discussão em que o diretor mundial do Greenpeace fala que o business as usual não dá mais. A sociedade já percebeu que não tem matéria-prima, que a gente tá acabando com o planeta, ou seja, que o modelo atual tem que ser substituído - e gradualmente está. Mas o ativismo as usual também não dá mais. A discussão do que tem que ser feito ou do que não pode ser feito está migrando para uma discussão de “como fazer” E acho que esse é o tema central da sustentabilidade hoje. Como é que a gente vai fazer essas coisas todas? Como é que a gente vai redesenhar as matrizes energéticas?  Como é que a gente vai lidar com a questão das emissões? Como é que a gente vai lidar com a questão da biodiversidade? Mas é “como” não é mais “o quê”. O que precisa mudar a gente já discutiu, a sociedade já sabe. E o “como” tem esse componente. Não tem como não ter a questão financeira, a questão estratégica, a questão da governança, a questão de procedimentos; tudo faz parte, e é daí mesmo que vai sair a solução.

 

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