Design for Change

por Redação

Chega ao Brasil movimento global que estimula crianças a expressarem suas ideias sobre um mundo melhor e a botarem em prática

Dar às crianças a chance de transformar a realidade que as cerca, preparando-as para lidar com os desafios atuais e futuros, é o objetivo do movimento global Design for Change, que recentemente chegou a algumas escolas do Brasil. Por meio de quatro verbos – sentir, imaginar, fazer e compartilhar –, crianças, de 7 a 14 anos, são convidadas a expressar suas inquietações, a imaginar como resolvê-las e a botar isso em prática.

O movimento nasceu em 2006 na Índia como uma prática da designer Kiran Bir Sethi em sua própria escola, e se espalhou por 38 países, nos cinco continentes. Ela queria estimular as crianças a participarem ativamente de seus processos de aprendizado.

Experimentando com seus alunos, notou que o design tinha muito a acrescentar ao ambiente escolar. “Ela percebeu, por exemplo, que seus alunos se envolveram muito com a comunidade e com seus problemas, passaram a se relacionar melhor, ganharam autonomia e se tornaram mais empáticos. E tudo isso mantendo a performance alta, ou seja, tirando boas notas”, conta Carolina Pasquali, 32 anos, empreendedora do DFC no Brasil.

Kiran concluiu que era possível ir bem na escola fazendo o bem. E que bastava dar uma oportunidade às crianças para elas se mostrarem cientes do que as incomodava e aprendessem muito no processo de resolução desses problemas. Da experiência toda, resultaram os quatro verbos principais.

“A metodologia parte do primeiro verbo, que é o sentir. Perguntar a uma criança o que ela sente, o que a incomoda, não é algo usual na maioria das escolas de hoje. Então, [o verbo] propõe que a criança se conecte com ela mesma e com quem está a sua volta. Depois, o imaginar é o momento de investigar, perguntar, sonhar e então colocar no papel. É muito mais do que planejar: é, de fato, tentar buscar soluções que sejam absolutamente incríveis e inovadoras. É o momento de deixar a imaginação da criança voar, mas é também o momento de dar a ela algumas ferramentas que enriquecerão esse processo todo”, explica Carolina.

“O fazer, em toda a sua simplicidade, traz um elemento muito interessante ao projeto. Mesmo nas escolas onde é normal que a criança trabalhe de maneira mais autônoma, onde ela tem liberdade para escolher o que quer estudar, esse caminho de pesquisa é totalmente descolado da ação. A criança termina aquela jornada, no máximo apresenta para o professor, pais e demais alunos, e aquilo é armazenado. Será que não teria potencial para virar uma baita coisa legal para o mundo? A gente acredita que sim, e no DFC isso acontece. O último verbo, compartilhar, é exatamente a tentativa de dar voz a essas crianças e de ajudar a engrenagem a girar tendo as próprias crianças como grandes inspiradoras de outras ações”, conclui.

O DFC se aproxima de escolas e ONGs que trabalham com crianças e apresenta seu trabalho. No contato, oferece um workshop aos professores ou responsáveis para apresentar o programa de maneira bem detalhada e proporcionar uma experimentação do processo de Design Thinking, que é o método através dos quatro verbos que embasa o currículo do projeto. Em seguida, desenha junto com a escola ou organização como será o modelo de implementação com as crianças. “Nosso objetivo é dar apoio à escola e aos professores até que o processo se torne natural.”A escola decide quanto tempo reservará ao programa.

No Brasil, o movimento já fez pilotos na Escola Politeia, em São Paulo, e na ONG Girassol, em Santana do Parnaíba, que atende crianças de uma comunidade carente. No momento inicia o projeto em uma escola municipal no Grajaú, zona sul de São Paulo, onde um grupo de professores voluntariamente se interessou. “O nível de entrega e envolvimento que o projeto exige pede pessoas que estejam, de fato, interessadas. Percebemos muito rapidamente que não bastaria que os diretores da escolas se encantassem e demandassem isso dos professores. Eles é que têm que se encantar - e isso vem acontecendo!”, diz Carolina.

Existe algum problema apontado que seja bastante comum entre crianças brasileiras e de outras partes mundo? “Ainda não temos volume no Brasil para fazer essa comparação de maneira mais precisa, mas existem temas que são universais, sim. Eu destacaria questões ambientais no geral e questões comportamentais, como o bullying.”

O Design for Change não demanda nenhuma tecnologia ou investimento inicial para ser adotado.

Saiba mais sobre o movimento e conheça histórias de crianças de outras partes do mundo.

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