Bem vindo à Singularidade

por Redação

Estudiosos e cientistas comentam o momento na história em que todas as certezas se tornarão obsoletas

Em setembro de 2010, dezenas de cientistas, estudiosos, geeks, fãs de ficção científica e outros curiosos se encontraram em um hotel de São Francisco para a terceira edição do Singularity Summit, algo como o Congresso da Singularidade. Ali, em 18 palestras, foi discutido o conceito de Singularidade, definido em linhas gerais como "um evento histórico previsto para o futuro no qual a humanidade atravessará um estágio de colossal avanço tecnológico em um curtíssimo espaço de tempo". Com sua chegada, doenças, problemas e conflitos desapareceriam ampliando as possibilidades de vida dos seres humanos para um patamar que hoje permanece conceitualmente inacessível.
A reportagem da Trip esteve presente no evento que contou com keynotes de pesquisadores de ponta das mais diversas áreas. Ali, o biólogo evolucionista, dr. Gregory Stock discutiu o encerramento do processo darwiniano a que as espécies estão submetidas. Ben Goertzel, professor de doutorandos em genética na Universidade de Pequim,  mostrou resultados de experimentos produzidos em 2010 em que a vida de bactérias foi estendida em até 200 vezes a média. Terrence Sejnowski apresentou técnicas de engenharia reversa do cérebro, copiando a dinâmica cerebral para coordenar chips e processadores. Lance Becker, médico da Pensilvânia, mostrou como ressuscitar pacientes até 12 minutos depois da morte clínica decretada. 
"Para que a singularidade ocorra, precisamos criar uma máquina mais inteligente que o cérebro humano", escreveu o repórter Bruno Torturra, presente no Singularity Summit. "Biólogos palestrantes dizem que engenheiros de software ainda não se deram conta de que há muito mais do que mero processamento de dados e algoritmos na formação da consciência. Ambientalistas presentes jogam um oceano de água fria na utopia trans-humana, lembrando que mesmo o mais avançado upgrade do ser humano ainda precisará viver em um planeta que talvez se torne hostil à vida humana." 
Ramez Naam, um dos criadores do Internet Explorer, da Microsoft, e hoje um dedicado estudioso do problema ambiental, deu seu diagnóstico: "Eu não acredito na singularidade. Acho que não conseguiremos atingir uma verdadeira inteligência artificial antes de um colapso ambiental. Acho que nossas mentes mais brilhantes deveriam pensar antes em conter gases estufas, depois cuidar de reinventar a mente em computadores". 

 

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