Encontros 2011: Nilson Garrido e Flávio Canto

por Redação

Esportistas revelam como é difícil competir com o tráfico e com o uso de drogas

Há uma força que alicia jovens e adultos em momentos frágeis da vida nas favelas cariocas e nos viadutos do centro de São Paulo. O tráfico de drogas e o consumo de drogas são adversários número um do Instituto Reação e do Projeto Cora Garrido, iniciativas de esporte e educação do judoca Flávio Canto, do Rio de Janeiro, e do ex-boxeador Nilson Garrido, de São Paulo. Na conversa entre os dois, promovida durante mais um dos Encontros Transformadores, eles revelam como é difícil competir com o que chamam de força negra. “A busca pelo lado negro tem a ver com a necessidade do jovem de se sentir parte de um grupo. No Reação, eles se sentem abraçados e desenvolvem o senso de pertencimento”, conta Canto, que batalha para fortalecer a abordagem de pertencimento pelo como ferramenta do processo de educação. No projeto Cora Garrido, a transformação de homens e mulheres acontece quando começam a frequentar o espaço e a cuidar dele. “Ficam conscientes de que o viaduto não é lugar de lixo nem de entulho, largam o poder paralelo das drogas e chamam a família para frequentar o espaço que, mesmo sem verba, é mais fácil de viabilizar do que tantos projetos grandiosos que nunca saem do papel. Aqui acontece ressocialialização”, explica Garrido.

O encontro entre os dois Transformadores aconteceu na academia que Garrido criou e mantém debaixo de um viaduto, na região central de São Paulo. O judoca ficou impressionado com a organização e a estrutura esportiva. “Imagino como deve ter sido duro ter transformado isso aqui. A parte de musculação é muito funcional, dá para fazer um treino em véspera de Olimpíada”, diz Flávio Canto. A batalha de Garrido é mostrar para as pessoas que o espaço público é do povo e portanto precisa ser cuidado por todos. “Desperta Brasil, vocês são donos disso. Se a gente não mexer na nossa própria casa, vai deixar na mão dos políticos de gabinete, que aparecem em época de eleição e depois largam mão da administração?”, indaga. É isso que ele faz sem medir esforços, ao mesmo tempo que transforma vidas às vezes sem paradeiro. É reciclagem humana através do esporte, como ele gosta de dizer.

É do poder universal da arte do esporte, capaz de unir os povos sem discriminação e de inspirar valores humanos que Flavio Canto e Nilson Garrido dedicam sua própria vida.

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