Artesanal e independente

por Bruna Bittencourt

Formada por uma equipe só de mulheres, a Ubu Editora vai agradar aos órfãos da Cosac Naify

Do fim da Cosac Naify nasceu, em setembro do ano passado, uma nova editora, a Ubu. Ex-diretora de arte e ex-diretora editorial da celebrada casa fundada por Charles Cosac, Elaine Ramos e Florencia Ferrari uniram forças para abrir uma editora que mira na qualidade (e não na quantidade ou nas vendagens) de seus lançamentos, nos quais o design é quase um protagonista dos livros -- uma receita que agrada muito aos órfãos da Cosac.

"Nosso foco são textos e criações artísticas relevantes para o debate contemporâneo", resume Gisela Gasparian, diretora de operações da Ubu, que completa a trinca à frente da editora. Com passagem pela consultoria americana McKinsey, Gisela também carrega uma ligação com o mercado editorial: é neta de Fernando Gasparian, que foi dono da editora Paz e Terra e criou a livraria carioca Argumento.

Desde setembro passado, a Ubu lançou oito títulos que passeiam por vários temas, entre eles o infantil Jacaré, Não!, de Antonio Prata, Casa Butantã, do premiado arquiteto Paulo Mendes da Rocha, e uma edição crítica de Os Sertões, de Euclides da Cunha. Desses oito lançamentos, três fazem parte de um pacote de 35 títulos comprados da Cosac, parte deles adotados por universidades (e com vendas garantidas). A Ubu os colocará de volta às prateleiras nos próximos anos, boa parte com novo projeto gráfico. "São títulos que têm muito a ver com o catálogo que a editora vai construir", conta Julia Alves, gerente de comunicação e marketing da Ubu. 

Para manter a estrutura o mais enxuta possível, a editora está instalada em um coworking no Largo do Arouche, na região central de São Paulo, e pretende se manter assim até caminhar firme com as duas pernas - ao contrário da Cosac, que operava no vermelho. "Temos uma grande preocupação em sermos uma empresa financeiramente saudável em um mercado difícil", diz Gisela. Para isso, a Ubu trabalha com tiragens pequenas, de até 5.000 exemplares. "O caráter artesanal começa no design dos livros. As gráficas nos amam e odeiam: Os Sertões ganhou  prêmio de design, mas, ao mesmo tempo, deu muito trabalho. A capa, por exemplo, é uma serigrafia", explica Julia. 

Por obra do acaso, o time de oito pessoas da editora é formado só por mulheres. "Não sei se é pelo fato de sermos só mulheres, mas todas estão atentas a tudo. Há um olhar para vários lados ao mesmo tempo. Às vezes, você pensa em resolver um problema e alguém da equipe já cuidou disso. ", diz Julia. 

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