Representatividade importa: 7 séries com mulheres gordas

por Carolina Moreira

Drop Dead Diva, Mike & Molly, Grey’s Anatomy: em meio à ditadura do corpo padrão, ser gorda e empoderada é combativo

Se ver representado no cinema, na televisão, nas novelas, nos livros, na arte é importante em diversos aspectos e um deles é na formação da autoestima. Um exemplo: se sou uma mulher gorda e nunca me vejo em representada na mídia em mulheres fortes, felizes e bem realizadas, automaticamente isso vai influenciar na forma como me vejo.

Por isso, as séries protagonizadas por mulheres gordas e/ou que tenham mulheres acima do peso como personagens de destaque são tão importantes: em meio à ditadura do corpo padrão, ser gorda e empoderada é combativo.

Abaixo, listamos sete séries com mulheres maravilhosas, elegantes, bem sucedidas e gordas para você começar a assistir agora.

Drop Dead Diva

Deb (Brooke D'Orsay) é uma linda, superficial e egocêntrica aspirante a modelo que sofre um acidente de carro fatal e fica cara a cara com o porteiro do paraíso. Uma reviravolta acaba fazendo com que ela retorne à vida, só que reencarnada no corpo de Jane Bingum, uma advogada competente, linda e… gorda! A série é incrível porque não fica por muito tempo batendo na tecla da não aceitação do novo corpo. Após o susto inicial, Jane já percebe a crueldade que é ser uma mulher gorda em um mundo em que o corpo magro é o padrão de beleza vigente e trata de recompor sua autoestima. Apesar de o sucesso de uma mulher gorda estar muitas vezes ligado ao emagrecimento, em Drop Dead Diva, pelo contrário, ele está ligado à competência. A série foi produzida pelo canal Lifetime e conta com seis temporadas. Todas estão disponíveis na Netflix.

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Mike & Molly

Um seriado estrelado pela maravilhosa Melissa McCarthy não pode dar errado, não é mesmo? Mike (Nilly Gardell) e Molly se conhecem em uma reunião dos Comedores Compulsivos Anônimos e dão início a uma jornada rumo à perda de peso. Baseado na sinopse é possível pensar que o show se trata de mais uma produção que ridiculariza pessoas gordas e as coloca sempre em papeis cômicos e bobos, mas Mike & Molly está muito longe de ser uma comédia pastelão. Muito pelo contrário, os personagens são bem construídos, o relacionamento dos dois é mostrado com naturalidade e suas jornadas são despretensiosamente normais. Com seis temporadas de episódios curtinhos (cerca de 20 minutos), a série traz humor na medida certa e a representatividade que a gente tanto deseja ver na TV.

American Housewife

Essa sitcom americana estreou em 2016 e conta a história de Katy Mixon, uma comediante que se mudou do subúrbio com sua família nada convencional para uma cidade rica e cheia de mães perfeitas e famílias exemplares. A série é uma bela crítica ao consumismo, ao luxo exacerbado e ao estereótipo da magreza exigido às mulheres. De quebra ainda satiriza a romantização da maternidade. Katy é gorda, empoderada e maravilhosa. American Housewife é produzida pelo canal de televisão ABC e ainda não foi renovada, mas a chance de ter uma segunda temporada é bem grande, já que ela foi um sucesso de audiência.

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My Mad Fat Diary

Baseada no livro My Fat, Mad Teenage Diary, a série juvenil conta a história de Rae (Shaaron Rooney), uma menina gorda de 16 anos que acabou de sair de um hospital psiquiátrico, onde passou quatro meses após uma tentativa de suicídio. Sem contar aos amigos que esteve em um tratamento, Rae retoma sua vida e sua amizade com Chloe, uma menina bonita e magra. Embora a temática seja pesada, a série é bem-humorada e mostra os dramas e as aventuras da amizade entre as adolescentes com direito a todos os conflitos possíveis em torno da descoberta da sexualidade, dos sonhos e da busca constante pela aceitação. Produzida pelo canal E4, My Mad Fat Diary conta com três temporadas e é uma história honesta, delicada e necessária.

This Is Us 

Essa ainda está na sua primeira temporada, mas já é a nova queridinha da crítica americana. Além de fazer o público derramar lágrimas e mais lágrimas ao longo dos seus emocionantes episódios, conta com uma personagem sensacional: Kate (Chrissy Metz). Na série com temática familiar Kate é a filha gorda que sempre sofreu com seu peso e, em consequência, com sua baixa autoestima. Kate tenta a qualquer custo emagrecer e está constantemente sofrendo com o fato de não conseguir. Mesmo mostrando essa briga particular, o show naturaliza a vida amorosa da personagem, mostra como ela é competente no trabalho e sensibiliza o espectador para a temática. A série é produzida pela NBC e vale demais a pena assistir.

Grey’s Anatomy 

Este drama médico está no ar há 12 anos e já seria uma narrativa sensacional somente por suas personagens femininas fortes e bem sucedidas. Criada por ninguém menos do que Shonda Rhimes (que também comanda Scandal e produz How To Get Away With Murder e The Cacth), a narrativa mostra a vida dos médicos do hospital Grey Sloan Memorial e tudo fica ainda melhor quando duas de suas grandes médicas – ambas ocupando cargos de chefia no hospital - estão fora do padrão de corpo magro. Dra. Miranda Bailey (Chandra Wilson) e Callie Torres (Sara Ramírez) são poderosas e têm a autoestima lá em cima. Elas vivem diversos dramas ao longo da história, mas nenhum deles está ligado às suas aparências e isso, embora pareça bobo, tem uma força incrível quando o assunto é representatividade.

Orange Is The New Black

A Netflix é relativamente nova na produção de séries, mas seu catálogo já conta com grandes títulos. Orange is the New Black é uma delas. Além da história de Piper Chapman (Taylor Schilling), a protagonista que viu sua vida perfeita virar de cabeça para baixo quando descobriu que teria que cumprir uma pena de 15 meses no presídio feminino, a série mostra a realidade de diferentes detentas e, é claro, de personagens que fogem ao padrão de beleza vigente em diversos aspectos. Há personagens gordas cheias de poder, humor e personalidade. As quatro primeiras temporadas estão disponíveis na Netflix e a quinta será disponibilizada em junho.

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