Seis resoluções de ano novo para viajantes

por Gaía Passarelli

Viajar é um privilégio e tanto. Aqui uma lista do que eu quero pro meu universo de viagens em 2017 (e além)

1.  Desconecte-se

Acredito no "faça o que quiseres pois é tudo da lei". Quer postar selfie com biquinho todos os dias? Três vezes por dia? Vai lá e arrasa. O mesmo vale pra publicar foto de drink de guarda-chuvinha na praia com a hashtag #TáDifícil. A escolha é sua. Agora... não ser capaz de descolar os olhos de uma tela e se deixar mover pela vaidade o tempo todo é muito deprê. Relaxe. Desligue. Saber se bastar é importante.

2. Responsabilize-se

A indústria do turismo é a maior do mundo, apenas atrás da do  petróleo. E não para de crescer. Se por um lado é maravilhoso que as pessoas possam circular cada vez mais pelo planeta, por outro o impacto tende a ser bem menos benéfico do que gostamos de admitir. A boa notícia é que não precisa ser assim. A ONU declarou que 2017 é o Ano Internacional do Turismo Sustentável, um esforço no sentido de aumentar e desenvolver o impacto benéfico que o turismo pode trazer. O lema é encorajar “uma melhor apreciação dos valores de diferentes culturas, contribuindo para a paz mundial”. Você pode participar pensando sobre como a sua viagem impacta o ambiente, não participar de atividades questionáveis como as que exploram animais selvagens (pense em tigres e elefantes na Ásia) ou que geram poluição ambiental e sonora (todo tipo de cruzeiros). O site Tourism Concern é um bom ponto de partida.

3. Aprenda

Os clichês de viagem, como tomar cerveja na Bélgica ou subir a Torre Eiffel em Paris, existem porque essas experiências são boas demais mesmo. Mas sempre existe mais do que isso para ver e hoje, mais do que nunca, é possível descobrir e aproveitar pequenas maravilhas escondidas nos principais destinos turísticos do mundo. Antes de viajar, tire um tempo para apreender mais sobre o lugar que vai visitar: vá além das dicas de hotéis e restaurantes dos guias de viagem e leia sobre história, geografia e cultura, aprenda algumas palavras da língua local, leia ficção ambientada no país onde vai, veja filmes gravados em locação. Durante a viagem, desenvolva seu olho para fotografia, experimentando diferentes ângulos, composição e ferramentas. A Lonely Planet tem umas dicas ótimas aqui. E mais: que tal consultar a lista de Patrimônios Mundiais da UNESCO antes de fechar sua próxima viagem? Além da sempre crescente lista de patrimônios imateriais, que reúne experiências de samba a yoga mundo afora, você vai descobrir cidades e áreas tão impressionantes quanto as mais famosas, e normalmente muito mais baratas. 

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“Sua viagem é sua. Com informação suficiente você sempre estará segura para ir onde, como e com quem quiser.”
Gaía Passarelli

4. Confie em si mesma

Seja qual for o destino ou formato da sua viagem, você sempre vai esbarrar em zilhões de dicas de viagem, muitas vezes conflitantes. “Vá sozinha”, “vá com uma amiga”, “tome esse sorvete”, “faça esse passeio”, “nem pense em deixar de comer nesse taco truck”. Leia essas coisas se quiser, mas não se deixe levar por obrigatoriedades criadas por outros. Sua viagem é sua. Com informação suficiente você sempre estará segura para ir onde, como e com quem quiser.

5. Aja localmente

Não estou falando necessariamente sobre viajar dentro do Brasil (apesar que isso também é importante) mas de pensar no impacto local que pode ter quando viaja. Isso tem a ver com o primeiro item lá em cima. Preferir homestays (ou bed and breakfasts, hostels, Airbnb e similares) é muito mais benéfico do que fechar sua hospedagem num resort de administração internacional. O mesmo vale para comprar comida em mercados de rua (que existem em todos os países, é só procurar) ao invés de comer em restaurantes de cadeias multinacionais e comprar souvenires em associações de artesãos ao invés daquela quinquilharia Made in China tipo snow globe, que é igual no mundo todo. Além de tornar sua experiência mais rica, também beneficia diretamente o local que você está visitando.

“Vivemos o tempo da experiência e os serviços para conectar você ao que você quer fazer são cada vez mais numerosos. ”
Gaía Passarelli

6. Pense fora da caixa

Eu gosto de pensar que a grande época de explorações já passou, mas realmente nunca foi tão incrível viajar como hoje. As possibilidades de ficar em lugares especiais são infinitas: de casas na árvore à hotéis de gelo, de quartos dentro de cavernas à casas-barco. Você também pode passar um tempo trabalhando em fazendas para aprender algo útil para o mundo, como criação de abelhas ou compostagem orgânica; pode se filiar ao Peace Corps e fazer parte do esforço de recuperação de países em situação de pós-guerra ou catástrofes naturais; pode treinar sozinha para fazer alguma das grandes travessias do mundo. Vivemos o tempo da experiência e os serviços para conectar você ao que você quer fazer são cada vez mais numerosos. Aqui, sua imaginação é mais importante do que orçamento. Arrisque.

PS: A minha resolução pessoal de viagem para 2017 é viajar menos para poder planejar viagens mais longas e lentas. Então só tenho viagem marcada pra tipo... agosto!

Créditos

Imagem principal: Lukas Budimaier via StockSnap.Io

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