Pornozinho básico

Diana Assennato
Natasha Madov

por Diana Assennato
Natasha Madov
Tpm #149

Você curte pornô mas tem dificuldade de achar algo de que goste? Aqui, uma seleção de links

Você curte pornô mas tem dificuldade de achar algo de que goste? A culpa não é sua. Sacanagem para mulheres ainda é submundo na internet. O Ada.vc fez uma pesquisa e, claro, separou uma seleção de links

A pornografia é tida como a grande força por trás da expansão da World Wide Web desde a sua invenção. Há quem diga, inclusive, que a internet só foi criada com este propósito: abraçar esquisitices e suprir desejos inomináveis da vida off-line. Na época da “terra de ninguém”, quando ser anônimo era a parte mais legal de estar em rede, todas as baixarias que cabiam nas resoluções gráficas dos nossos computadores e nas bandas nada largas das nossas casas estavam lá. Prontas para serem descobertas. O tempo passou, a web explodiu e o pornô se transformou em uma indústria avaliada em dezenas de bilhões de dólares. Em grande parte, graças à internet. 

Os números* dão uma boa dimensão: o pornô representa quase um terço do tráfego total de dados on-line e 25% das buscas feitas no Google. Mas, nessa festinha, só um entre três usuários são mulheres. Por que tão poucas? 

O Ada.vc fez uma pesquisa anônima entre quase 600 mulheres para entender qual é a internet erótica que passeia pelos seus gadgets. Entre elas, as que menos consomem pornô são heterossexuais. As bissexuais e as lésbicas têm nitidamente mais intimidade com o assunto. Mas o dado mais interessante é sobre frequência: 34% delas consomem pornografia menos de uma vez por semana, 29% consomem uma vez por mês ou raramente e 25% consomem três vezes por semana. São dados um tanto quanto díspares e nos fizeram pensar que a disponibilidade de conteúdo faz toda a diferença. Quem encontra o que realmente gosta faz disso um hábito, mas todas as respostas apontam em uma direção muito clara: 1) a maior parte do pornô produzido hoje ainda é feita para homens; 2) tem coisas legais para mulheres sim, mas... 3) dá trabalho achar. 

Mais da metade das mulheres com quem conversamos (57%) usa portais de vídeos como o Youporn, Pornhube e Red Tube para procurar inspiração aleatoriamente (e perdem bastante tempo até achar algo legal), e outras confessaram deixar o Google “fazer o seu milagre”. Algumas falaram especificamente de atores e atrizes que acompanham em qualquer plataforma (além do James Deen, este fenômeno do sexo “ô lá em casa” mencionado em várias respostas), outras indicaram o trabalho da diretora Erika Lust, já conhecida pelo olhar erótico feminino, e teve até quem respondeu só consumir o que recebe via WhatsApp (?!). Mas quem tem se mostrado o grande amigo das mulheres nessa seara é o Tumblr. Por quê? Além de atender a muitos nichos e agradar minorias (que tal um Tumblr só de homens gostosos e… peças de queijo? Ou talvez um sobre ateísmo e peitos?), o site aceita GIFs animados, o que deixa tudo muito mais discreto, rápido, silencioso, mobile e direto ao ponto. É tão fácil de usar que algumas delas confessaram ter os seus próprios canais para repostar o que acham na plataforma e criar a sua galeria privada, exatamente do jeito que gostam.

Com o objetivo de facilitar essa busca feminina, selecionamos algumas das dicas passadas pelas entrevistadas da pesquisa, juntamos com achados garimpados por nós e criamos um guia de pornô feminino. A pesquisa está na íntegra no site (http://ada.vc), mas separamos alguns trunfos aqui:

PornIQé um portal de vídeos que ajuda a separar o joio do trigo. Antes de mostrar qualquer opção, ele faz algumas perguntas sobre suas preferências: “Você curte: sexo amador, orgias imperiais, lugares públicos...?”, e no final ele separa os resultados pelo tempo que você tem disponível. Apelidamos de “smart porn”

Beautiful Agony: um site erótico australiano que publica diariamente vídeos de pessoas se masturbando até chegarem ao orgasmo. Como os vídeos só mostram as pessoas dos ombros para cima, a grande sacada é ver as expressões se transformando até o gran finale.

Literatura histérica: uma série de vídeos do fotógrafo Clayton Cubitt, que pediu a algumas mulheres que lessem trechos de livros enquanto eram estimuladas por vibradores por baixo das mesas. O estímulo aumenta conforme o que elas vão lendo. A experiência é tão envolvente e sensorial que basta só ouvir!

Dicks for girls: este foi um dos Tumblrs mais recomendados para as apreciadoras de um belo e distinto membro. Começa sempre com barbas bonitas, torsos malhados e pescoços tatuados, mas conforme a rolagem desce, surgem os poderosos: bem fotografados com luz natural em casas de revista.

Let me suck you: totalmente NSFW! Mas perfeito para quem não aguenta mais clicar na categoria “sexo oral” e só ver vídeos de mulheres de unhas de porcelana ajoelhadas em carpetes de motel. Prepare um chazinho antes e esconda a sua tela.

*IFR/2006 e Nielsen/Netratings/2012

Diana Assennato e Natasha Madov, jornalistas e geeks assumidas, são criadoras do blog Ada.vc, onde falam sobre tecnologia, internet e cultura digital com um olhar feminino

Quer que desenhe?

É bom para o moral, coleção de zines pornôs do artista Zé Otávio, esquenta o clima na ponta do lápis

Zé sempre desenhou mulheres e pessoas andrógenas nuas e de forma sensual, mas nunca tinha trabalhado com o sexo literal. “Comecei com essa história quando recentemente a Bebel Abreu, que é dona da Bebel Books, jogou a ideia de fazer um zine picante e daí chegamos num lance mezzo soft porn, mezzo hard porn”, conta. Já são dois zines publicados, um só de garotas e outro com casais heterossexuais. “O terceiro farei só com meninos”, conta. Os desenhos são feitos com caneta Bic, lápis e esmalte de unha e o formato é A5. Natural de Olímpia, interior de São Paulo, Zé Otávio tem 31 anos, já morou na capital paulista e também em Londres. Hoje, voltou, com a mulher e o filho, para a terra onde nasceu.

Vai lá: É Bom para o moral #1 e #2 R$30,00 cada um + frete, zeotavio.com/shop

 

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