por Isabelle Doudou
Tpm #93

A ilustradora Graziella Mattar mudou de casa e adotou uma vida sustentável em outro bairro

Graziella Mattar estava acostumada com a Vila Madalena quando seu marido resolveu que queria morar no centro de São Paulo. Se por um lado ela deu adeus aos serviços e às relações que cultivou nos dez anos vivendo por lá, por outro se lembrou dos prédios espaçosos e coloridos dos anos 50, projetados por João Artacho Jurado, que só existem na região. Disse ao marido: “OK, mas tem que ser em um prédio dele!”.

 

Pedido realizado. No dia seguinte à conversa com o corretor apareceu um apartamento de 106 metros quadrados no edifício Apracs. O lugar era escuro, cheio de móveis de madeira embutidos, carpete e cozinha marrom. Além disso, as meninas que lá moravam mantinham as cortinas fechadas. Quando Graziella as abriu e viu aquela varanda, pegou o marido e sussurrou: “Deixa comigo!”. De sangue libanês e mestre na arte da barganha, a paulistana jogou um preço à vista lá embaixo. Em dois dias o negócio estava fechado.

Foi então que começou o que ela chama de parto. A reforma foi geral: um dos quartos foi aberto e integrado à sala, o de empregada virou closet e a área de serviço encolheu. Quando se mudaram, apaixonaram-se pelo bairro e pelo apartamento. “É disso que gosto, dessas janelas enormes de madeira, das paredes firmes, do tamanho das árvores, do bairro plano com esses prédios coloridos.” Saudades da Vila ela não tem mais: “Agora não uso o carro para nada, amo a sensação de sair a pé e ter tudo o que preciso, de ter gente na rua e um supermercado que entrega em domicílio sem sacos plásticos... Tenho uma vida muito europeia aqui”, finaliza.

Outro parto está prestes a acontecer na vida de Graziella: seu primeiro filho, Raul, nasce em fevereiro. Algumas adaptações estão sendo feitas, mas nada radical. Em vez de voltar com a parede do quarto que virou sala, ela vai colocar um biombo e uma porta de correr. “A gente quer que ele participe da nossa vida que é toda junta, não vejo uma parede lá. Tem gente que acha que sou doida, mas minha vida é assim”, finaliza.

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