Os vodus de Estefi Machado

Tpm

por Luíza Karam

A designer recria identidades com bonequinhos de pano

A designer Estefi Machado fisgou seu marido com um vodu. Há cerca de cinco anos, a ex-estudante de escola Waldorf Rudolf Steiner fez seu primeiro boneco de pano, para presentar aquele que, na época, era seu namorado. Tempos depois, a moça resolveu lançar mão da agulha novamente, no aniversário de um amigo. “Foi a coisa mais legal que eu ganhei na vida!”, exclamou o aniversariante, quando recebeu um boneco, de aproximadamente 30 centímetros, que tinha a sua cara.

Os bonecos fazem tanto sucesso que, neste mês, Estefi foi convidada para ilustrar a Audi Magazine, revista editada pela Trip. A seção “confraria” é protagonizada pelo time que dá cara às edições da revista e é formado por J.R. Duran (fotógrafo), Alex Atala (chef), Leão Serva (jornalista e diretor do jornal Diário de S. Paulo), Gilberto Elkis (paisagista), Tuca Reinés (arquiteto e fotógrafo), Marcello Serpa (publicitário e sócio da AlmapBBDO) e Ciro Pirondisão (fundador da Escola da Cidade) e, segundo a editora da revista, Lia Bock, “a ideia era fazer uma caricatura 3-D de cada um dos confrates e mostrar que há um mundo incrível que não passa pelo mouse nem pelo Photoshop".

“Na hora fiquei apavorada. Como ia fazer um pessoal com quem nunca havia convivido?!”, desabafa a designer. O primeiro passo, então, foi analisar fotos de cada um por bastante tempo. No caso de Alex Atala, por exemplo, Estefi acessou o ensaio feito por ele para a revista Trip, e só assim pode localizar e identificar as tatuagens do chef. “Pesquisei muito, até me convencer de que eu já conhecia cada um deles e que já conseguia até saber um pouco sobre seus humores, ouvir as vozes, as risadas”, conta ela. Ao todo, Estefi ficou internada em seu estúdio por um mês. Depois de muita investigação, ela já sabia detalhes do tipo: o estilo de sapato que cada um usa; e se ficaria mais bem vestido em jeans ou sarja. “Só daí eu fiz o corpo, que é mais neutro.” Todos os bonecos foram feitos de feltro e recheados com manta acrilica ou lã de ovelha cardada, "coisa de ex-aluno de escola Waldorf”, como diz Estefi. “Eu olhava para eles e, mesmo que sem o rosto, sabia: 'Ah, esse é o Fulano de Tal!'. Daí comecei a fazer alguma coisa do rosto." Os traços dos rostos foram feitos de linhas e barbante; os cabelos, de linha para crochê e cola de tecido. Quando prontos, os bonecos participaram de uma sessão de fotos. Passaram o dia sob flashes e depois foram entregues a seus musos-inspiradores. Estefi conta que, por ter se envolvido muito com “seus filhos”, sofreu quando foram embora.

As encomendas, por mais caras que sejam (como pressa é uma palavra que não entra no processo, os bonecos tomam muito tempo e são vendidos por R$ 700, cada), têm rendido novas identidades para Estefi. Hoje, inclusive, ela tem se dedicado a sua primeira voduzinha fêmea. Além de ter humor, os bonecos são bem exclusivos: não peça para Estefi reproduzir um boneco já acabado; “Talvez eu nunca consiga repetir”, garante a mãezona.

 

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