Nudes: mostra o seu que eu mostro o meu

por Lia Bock

”Existe um tipo de nude que me intriga. O nude prévio, aquele que você manda ou recebe antes mesmo de encontrar a pessoa pessoalmente. Pah!”

Eu adoro nudes. Que fique claro. Gosto de corpos nus na arte, em casa, na cama, na chuva, na fazenda e nos celulares. Gosto do nu como protesto e como exemplo cru do que somos. Gosto dos nudes pras amigas, dos nudes pro marido, dos nudes de homens que por muito tempo não se permitiam fotografar pelados. Gosto dos nudes sem cabeça pra uma pequena proteção e gosto de ângulos estranhos e fragmentos de corpos que não vemos nas revistas e nas propagandas.

Mas existe um tipo de nude que me intriga. O nude prévio, aquele que você manda ou recebe antes mesmo de encontrar a pessoa pessoalmente. Pah! (Se você está com cara de “mentira! ninguém faz isso”. Senta aqui do meu lado, senta!). A galerx faz e muito.

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Você está ali de conversinha com a pessoa que conheceu nos apps de paquera. Papo vai, papo vem e quando menos se espera rola um: “mostra o seu que eu mostro o meu”. (Não vou incluir aqui gente que manda nude sem avisar, porque daí já entra na categoria da bestialidade).

Quando um amigo americano me disse que os brasileiros são os reis do nude prévio, achei exagero. Porque, claro, existem histórias que ficam quentes pelo telefone e rola um lance virtual... daí você manda vídeo, manda foto... é sexo moderno. Não. Ele não estava falando de casos esporádicos de alta temperatura a distância. Estava falando de uma enxurrada paus, peitinhos, bundas e de corpos sem cabeça dos mais variados tipos que lotam os celulares das pessoas pra.... PRA QUE MESMO??

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Longe de mim julgar o gosto alheio. Mas fico me perguntando: seria esse movimento uma despreocupação com o corpo? Uma liberdade extrema que vaza pelo whatsapp? Seria o rufar dos tambores que esquenta o primeiro encontro? Ou está mais para uma baita ansiedade que acelera as coisas? Será que aquele peitinho bem enquadrado não tira um pouco da magia de imaginar o que há por baixo da blusa? Tenho certeza de que existem casos e casos, e não dá pra botar todo nude prévio no mesmo saco. Uma bundinha empinada pode ser a poesia comovente que faltava. Mas quando vira cultura, hábito, isso é o que? Só safadeza generalizada ou uma nova modalidade de transtorno de ansiedade?

Créditos

Imagem principal: Petites Luxures

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