Sereia encantada

por Nina Lemos
Tpm #163

As sereias são as novas princesas, elas estão na moda! Nina Lemos vestiu a cauda para entender

“Ser sereia não é um modismo, mas um estilo de vida.” Assim o blog Sereísmo define o conceito do “movimento”. Sim, muitas meninas (nem todas menores de idade) deram para se denominar sereias. Elas cultuam o mar, a natureza, os moluscos e todos os assuntos relacionados.

Bem.... A onda (literalmente) pegou algumas fa­ mosas, como Carol Castro, Yasmin Brunet e Adria­ ne Galisteu, que amam as sereias e posam com fotos do acessório mais maluco dos últimos tempos: uma cauda. No Brasil ela é vendida por cerca de R$ 300. E países como EUA, Canadá e Alemanha têm cursos para aprender a nadar como sereia. Em mais um trabalho de jornalismo investigativo, fui lá verificar do que se tratam essas aulas. Aqui em Ber­lim, existe curso de sereia desde antes de a Ariel sonhar em ser criada pela Disney, em 1989.

Em um dia de chuva, entrei no clube onde em uma das piscinas oito meninas entre 7 e 14 anos sor­riam nervosas usando caudas coloridas. A professo­ra, uma sereia na casa dos 60, me deu a cauda lilás que me transformaria em uma delas. Colocá­la não foi uma tarefa fácil. Os pés precisam ser encaixados no fundo como se fosse um sapato, e ela é justa. Já vestida, a primeira sensação foi a de que me tornei uma sereia encalhada fora d’água.

Me arrasto até os meus pertences para pegar o telefone e fazer uma foto – impossível não fazer foto! Me arrasto de volta até a beira da piscina. Me sin­to uma foca. E garanto: se arrastar fora da água sendo um animal marinho não é simples.

Na beira da piscina, a professora nos ensina a balançar nossa nadadeira e a fazer os movimentos que uma sereia faz para nadar. Bom, deveríamos dizer que “elas fariam se existissem”, mas resolvi não polemizar.

Hora de entrar na água. Minhas colegas de sete anos arrasam. Eu tento sair da borda, não consigo. Assisto às meninas baterem com as nadadeiras na água, fazendo barulho, enquanto continuo encalhada, balançando minha cauda, o que, confesso, é legal. Consigo soltar um pouquinho da borda (mas só um pouquinho). A professora nos mostra como mergulhar e como ficar ereta na água.

Fim da aula. O que eu senti? Alívio e a sensação de quem escapou do perigo. E não estou louca. A So­ciedade Brasileira de Salvamento Aquático emitiu um alerta na internet sobre o perigo da prática. É, sim, pe­rigoso. Ou siga meu exemplo: brinque, mas nunca lar­gue a borda! Você vai ficar encalhada, mas viva!

Créditos

Imagem principal: Manuela Eichner

fechar