Maria Ribeiro liga o foda-se

por Nathalia Zaccaro

Vivendo sua primeira protagonista no cinema, ela diz que já deu muita opinião na televisão e que agora vai se concentrar na carreira de atriz

“Eu sou só fachada”, suspira Rosa, personagem de Maria Ribeiro no longa Como Nossos Pais, dirigido por Laís Bodanzky e que chega aos cinemas dia 31 de agosto. Rosa é a primeira protagonista de Maria no cinema, uma mulher em crise que se movimenta para tentar encontrar caminhos que a devolvam a si mesma.

Nesse momento de busca da identidade, lida com a relação espinhosa que tem com a mãe e com o marido, que se mostra mais interessado em resolver os problemas do mundo do que os de sua própria casa e a vida sexual evaporou. Rosa começa a desconfiar que não fez nada certo e que sua vida não passa de pura fachada. “ É um papel que não aparece toda hora, acho que eu nunca tinha tido uma oportunidade tão boa para mostrar meu trabalho como atriz”, conta Maria, que planeja direcionar suas energias para o cinema nos próximos anos. “Já dei muita opinião na TV, quero voltar a essa posição de atriz, falar pelas vozes de outras pessoas”, explica.

Maria mostrou com exclusividade à Tpm uma cena de Como Nossos Pais e contou um pouco mais sobre as angústias de Rosa, e sobre as suas também.

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Tpm. A Rosa sofre por sentir que não dá conta de tudo. Dar conta de tudo é uma miragem? Maria Ribeiro. Eu me cobro para dar conta de tudo, mas tô achando agora bem cafona isso de ser a super-mulher que sempre tentei ser. Fazer yoga, cuidar das crianças, ler livros, comprar orgânicos... É uma luta diária e acho que é necessário ligar o foda-se de vez em quando.

Uma briga com a mãe é o estopim para a crise da personagem. O que é mais treta, ser mãe ou ser filha? Acho mais difícil ser filha. Ser mãe é uma dificuldade que eu escolhi, eu quis. Para ser filha você tem que relativizar tudo sempre, se esforçar para entender aquele outro contexto. O contato com minha mãe foi difícil, rolaram umas ausências, a geração dos meus pais era muito cerimoniosa. Mas acho que sempre vale buscar o encontro com os pais, pode não ter rolado em uma época e acontecer depois, como no filme.

O casamento também é motivo de dor para a personagem. Poliamor é uma possibilidade para você? E para Rosa? Cada um tem que encontrar sua felicidade sem seguir regras. Eu particularmente nunca tentei, não tenho vontade. Eu gosto de monogamias sucessivas, mas acho maneiríssimo que levantem essa bandeira. Não podemos estreitar um lugar que é tão íntimo, cada um tem que entender onde é feliz. Acho que, como eu, a Rosa também não quer, mas ela descobre que, se quiser, pode.

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Se você trombasse a Rosa, o que diria para ela? Cara, a Rosa é muito sem amigas, isso é muito triste na vida dela. Está sempre tomada pelas funções e não tem tempo para ela. Existe uma parte de cuidar de si que é dividir os problemas com amigos, e é uma parte boa da vida.  Sempre me preocupei em cultivar pessoas ao meu redor, sou de grupo. Eu falaria isso para Rosa, para ela ir em busca das amizades dela. Eu reclamava muito com a Laís no set, ‘pô, não tem uma amiga pra ela ligar e falar, tá foda!”.

E o que você aprendeu com ela? Eu voltei a usar tênis [risos]. Antes me achava muito baixinha de tênis e foi uma libertação. Sou mais vaidosa que a Rosa, mas comecei a achar charmoso esse jeito mais despojado de se vestir.  

Qual seu próximo filme? Já sabe? Em dezembro, estreia o documentário que, por enquanto, se chama Um filme de ficção, em que participam também Carolina Dieckmann, Fernanda Torres, Sophie Charlotte, Eduardo Moscovis, Wagner Moura, Mateus Solano e Alexandre Nero. A direção é do Domingos Oliveira.

 

Créditos

Imagem principal: Priscila Prade/Divulgação

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