play

Luísa Sonza: Acham que eu não tenho direito sobre mim

por Fernanda Nascimento

Aos 22 anos, a cantora enfrenta o machismo e os haters: “Eu luto para que as pessoas entendam e tratem com naturalidade uma mulher livre”

Num mundo que insiste em dizer como ela tem que se comportar ou quem deve ou não namorar, Luísa Sonza quer é ser livre. “A mulher ainda não é vista como dona da própria vida”, diz. “Acreditam veementemente que eu não tenho direito sobre mim”. A onda de ódio e comentários machistas que recebeu desde que divulgou o clipe Flores, em que aparece ao lado do também cantor Vitão, com quem assumiu o namoro recentemente, parece ter surtido o efeito contrário. A música alcançou o segundo lugar entre as mais ouvidas do Brasil e, no YouTube, já acumula mais de 80 milhões de visualizações. “Eu sabia que as pessoas iam surtar e usei o marketing a meu favor. E vou continuar fazendo isso com as minhas músicas”, conta. “Eu fiquei feliz que pelo menos coloquei em discussão o machismo”.

Luísa não é a mesma que postou vídeos cantando covers, lá em 2015, quando tinha 17 anos. Ainda bem. Aos 22, já se acostumou com o policiamento em torno de sua vida, seu corpo, sua carreira e o que mais inventarem para se preocupar. Não julga os haters porque acredita que eles devem estar infelizes para escreverem coisas tão pesadas e avisa que esses comentários só dão engajamento. “Nunca é legal receber ódio do jeito que eu recebi, mas é importante. Alguém tem que ser o bode expiatório”, afirma. “Eu luto para que as pessoas entendam e tratem com naturalidade uma mulher livre”. 

Enquanto prepara o segundo disco, ainda sem data de lançamento, e curte a casa nova, para onde se mudou na quarentena, Luísa bateu um papo com a Tpm sobre fama, machismo, amor e ódio.

LEIA TAMBÉM: "Eu amo a minha companhia", diz Fernanda Paes Leme

Tpm. Você começou a carreira nova e virou notícia muito cedo. Você cresceu, evoluiu, fez sucesso, tudo isso na internet. E muita gente te cobra por cada passo que você dá, cada mudança. Como é isso?

Luísa Sonza. Essa parte é muito louca. É engraçado, mas o que mais me incomoda é a questão das mudanças físicas. As pessoas acham que eu me entuchei de cirurgia e eu sempre falei: gente, só coloquei a droga dessa minha boca – e ainda sai, nem tem mais o preenchimento labial. As pessoas esquecem que, quando eu comecei na internet, eu tinha 16 pra 17 anos. Eu já tenho 22, o corpo muda. As pessoas têm que tratar os artistas com um pouquinho mais de naturalidade. Parece que você não está no lugar de ser humano, que você não muda, sua pele não muda, seu corpo não muda, seu rosto não muda, que suas opiniões não mudam à medida que você vai crescendo. Realmente não sou a mesma desde que eu tinha 17 anos, ainda bem. O que eu tenho a dizer é que sou igual a todo mundo.

Você mudou como artista também. E, para uma mulher, não é fácil cantar, dançar, rebolar e não ser reduzida a isso. Quando você falou 'eu posso ser o que eu quiser'? Quanto mais eu fui me conhecendo como pessoa – o que eu era, o que eu queria representar e fazer como artista – fui automaticamente me sentindo livre para fazer o que eu quiser com meu corpo e continuar sendo a empresária da minha carreira, ganhando dinheiro pra caramba, dando emprego a um monte de gente e não me reduzindo a isso. Acho que empoderamento é isso. É a gente fazer o que quiser com o nosso corpo porque a gente não é só o nosso corpo, é muito mais que isso. Então o que eu quiser fazer com ele não diz respeito ao outro, e sim a mim. E isso não tem que ser pauta para ninguém. Continuo querendo que a pauta seja sobre minha música, sobre meu trabalho, sobre o que eu quero dizer, independente da roupa que eu esteja vestindo. 

Quais foram as mulheres que te inspiraram? Anitta sempre me inspirou muito, a Ludmilla também. Pabllo me inspirou demais, Ivete Sangalo, Claudia Leitte, Madonna, são muitas. Acho que todas que têm uma personalidade e são seguras do que querem fazer em relação à vida e ao corpo. A gente está em 2020, sabe? Isso não tinha nem que ser falado. A minha agenda é tão grande que não tenho nem espaço para saber se minha bunda está aparecendo, se tenho celulite, se eu estou gorda, se eu estou magra. As mulheres estão cada vez mais entendendo que não precisam estar aí para as opiniões em relação a isso. O que eu quero fazer é cantar minhas músicas, ser empresária da minha carreira, da minha marca de biquíni e passar uma mensagem para as mulheres. A mensagem não é "mostrem o corpo". A mensagem é: façam o que vocês quiserem com ele, sejam livres pra mostrar a bunda ou não. Minha mensagem vai muito além do corpo.

A mensagem é sobre ser livre? A gente é livre pra fazer o que quiser. Chega das pessoas acharem que podem falar sobre o que a gente usa. Olha que louco! A sociedade decide o que as mulheres têm que vestir ou não. Isso tem que acabar, já passou da hora. É essa mensagem que eu passo, sabe? A forma como a gente se veste fala muito. E para mim realmente é isso, é ser livre do jeito que quer ser, mostrando ou não o corpo. Isso é muito pequeno perto do que nós, mulheres, somos e podemos ser.

LEIA TAMBÉM: "Quando posto uma foto de biquíni perco 10 mil seguidores", diz a humorista Gkay

A sociedade não só quer controlar o corpo das mulheres, mas também o que elas fazem, com quem se relacionam. Você viveu recentemente uma onda de haters ao lançar o clipe Flores, com o Vitão, por questionarem a relação entre vocês. Como foi isso? A sociedade sempre surpreendendo, né? Pena que negativamente. As pessoas, especialmente os homens, ainda acreditam terem o controle do corpo feminino, da atitude feminina. A mulher ainda não é vista como dona da própria vida. É sempre atrelado a um homem, é uma coisa muito arcaica. É bizarro que isso ainda exista, e exista quase com naturalidade. São literalmente milhões de pessoas que pensam dessa maneira e acreditam veementemente que eu, como mulher, não tenho direito sobre mim. É uma visão tão ignorante, tão burra, que eu não consigo nem entender exatamente o que essas pessoas estão dizendo. Eu tento escutar, entender o outro lado, mas é uma coisa que está muito longe da minha realidade, graças a Deus. Mas acredito que, aos poucos, a gente vai acalmando essa galera que está na Idade da Pedra. 

Quando você lançou o clipe com o Vitão, rolou um marketing insinuando que vocês estavam juntos, o que gerou todo esse ódio. Você se arrependeu em algum momento dessa estratégia? Eu sei que o mundo é assim e minha ideia foi usar a nosso favor o marketing que isso iria causar. Foi o que eu fiz. Eu sabia que as pessoas iam surtar.

Você já esperava essa reação? Com certeza. É uma coisa óbvia, né? Mas é muito louco que, depois que a gente faz, vê como a sociedade é realmente tóxica. A sociedade tóxica não está para brincadeira! Mas eu sabia que tudo isso ia acontecer e usei marketeiramente ao meu favor. E vou continuar fazendo isso nas minhas músicas. Tanto é que, por isso, o clipe já está com 85 milhões de views e chegou ao top 2 das mais tocadas no Brasil. Então foi um marketing muito bem-sucedido. Mas é óbvio que é triste se deparar com essas coisas.

E doloroso, né? Não importa quanto estejamos preparadas. Sempre é. A Luísa Sonza artista está sempre preparada pra tudo, mas às vezes a Luísa ser humano fica pensando: que triste que é dessa maneira, que as pessoas pensem assim. O marketing que eu usei foi mais no sentido de as pessoas estarem muito interessadas na minha vida – e isso é uma coisa que todos os artistas fazem. Já que as pessoas vão continuar falando, vamos usar a nosso favor. Não é que eu queira que aconteça, pelo contrário, eu luto para isso acabar, luto para que as pessoas entendam e tratem com naturalidade uma mulher livre. Nós, mulheres, temos que usar todas as adversidades a nosso favor porque já é tudo contra nós. A sociedade não foi feita para nós. A sociedade foi feita para os homens viverem e a gente ser, sei lá, a barriga que cria os filhos. Então temos que acordar todos os dias de manhã, lidar com tantas coisas e tirar leite de pedra. Isso que a gente sempre fez e temos que continuar fazendo. Graças a Deus estamos cada vez tendo mais voz e se unindo, e vamos conseguindo mudar um pouquinho essa sociedade, ou pelo menos colocar em discussão. 

A polêmica com o clipe Flores trouxe isso? Eu fiquei feliz que pelo menos coloquei em discussão – e em números – o machismo. Eu estava preparada para receber e representar isso. Eu entendia o que estava acontecendo, que a sociedade é estruturalmente muito machista e patriarcal, então entendia que não era sobre mim. Que era uma estrutura totalmente adoecida e ignorante. Então Flores foi até um ato legal. Nunca é legal receber ódio do jeito que eu recebi, mas é importante. Alguém tem que ser o bode expiatório. 

Você se considera feminista? Acho que todas as pessoas que sabem o que é feminismo se consideram feministas. Feminismo é equidade entre gêneros. Ninguém com um pouquinho de bondade no coração não gostaria disso. Quem não se considera feminista não entendeu o que é feminismo ou é uma pessoa muito egocêntrica, que tem que rever seus conceitos, sua vida. Essa coisa de ser o rei da selva deixa para o leão, sabe? Acho que todo mundo quer uma sociedade mais igualitária, que realmente seja igual para todos, e não só para uma determinada classe, que desde o início dos tempos é o homem. Está na hora de parar com essa história das cavernas. Já deu, estamos em 2020.

Você começou a cantar profissionalmente aos 7 anos, casou aos 19 e, aos 22, já é uma das cantoras mais bem-sucedidas do Brasil. Tem um lado ruim de fazer tudo tão cedo? Acredito que toda experiência só faz a gente ganhar, evoluir. Então não consigo ver coisas ruins. Ou pelo menos trabalho para não ver. Acho que existem adversidades, mas que são necessárias para qualquer pessoa e você tem que lidar mais como uma experiência para evoluir. Eu tento pensar dessa maneira.

Você é otimista? Sou. Eu tenho uma tatuagem com a frase "tudo sempre dá certo". Eu sou dessa galera, que tenta ser otimista até nos momentos mais difíceis. 

LEIA TAMBÉM: "Onde tem holofote, eu estou dançando", diz Fafá de Belém

No ano passado, você lançou seu primeiro disco, Pandora, e agora prepara o segundo álbum. O que ele vai trazer de diferente? Ainda está tudo muito abstrato. Mas posso dizer que eu vou vir totalmente diferente e fazer tudo o que não fiz no primeiro álbum. Eu quero lançar só quando sentir que está pronto e tudo o que eu quero falar está dentro desse álbum. Em Pandora falo muito sobre a Luísa ainda menina, muito imatura, tanto artisticamente quanto pessoalmente – na forma de compor, de produzir e até em relação à coragem de falar sobre algumas coisas. Um pouco insegura ainda, eu diria. Esse próximo álbum é um passo a mais, uma Luísa mais entendida sobre as coisas da vida e sobre o que quero falar, o que tenho vontade, sobre o que as pessoas falam sobre mim também. 

Qual a diferença entre a Luísa artista e a Luísa pessoa? Acho que a Luísa artista é minha parte mulher e a Luísa pessoa é uma parte menina. Eu me sinto muito, muito menina. E a Luísa Sonza é muito mulher, que segura tudo, até para lidar com as coisas que ela lida. Só que a Luísa artista vem da Luísa menina, que é a essência do que ela coloca pra fora. Querer mudar as coisas, a forma como o mundo é visto, a forma como a mulher é vista, vêm de uma coisa muito frágil, muito neném. Na verdade é tudo a mesma pessoa, não tem como separar totalmente. Mas eu sou uma caricatura de uma força, de uma história que eu estou contando como artista, do que quero dizer como artista. É uma persona que crio para a Luísa menina falar o que ela quer. Como o Ney Matogrosso se pinta, sabe? Eu coloco uma roupa meio doida, faço o cabelo. Acho que todo artista tem esse momento, que transita para essa persona, uma caricatura, uma coisa expandida dele mesmo. 

Você assiste seus trabalhos antigos? Deus me livre, jamais! Inclusive apaguei várias coisas, acho tudo tão ruim. Mas ainda bem que eu fazia, isso me fez chegar aqui. Não assisto, não gosto nem que ninguém assista, queria que não existisse. Mas algumas coisas eu deixo porque sei que é história. É o que eu podia entregar naquela época. Segue o baile, melhore na próxima.

E hoje em dia, gosta de se assistir? Eu sou muito autocrítica. Eu não gosto de me assistir porque é só pra encontrar defeito. Depois que encontrei todos os defeitos, já entendi como tenho que melhorar, aí não assisto mais. Porque senão só vou encontrar mais defeitos. Braba, por exemplo, eu estou gostando de assistir, mas só. 

Você pesquisa seu nome no Google? Lê notícias e comentários sobre você? Não, não vejo nada. Nem dá tempo. Mesmo na quarentena, estou o tempo todo em reunião, entrevista, componho por FaceTime, produzo por FaceTime. Mas, se acompanhar isso, acho que fico doida. Saem umas notícias extremamente sensacionalistas. Então não tem porquê, nem é verdade essas coisas. 

Antes você acompanhava? Já tive uma fase em que lia mais. Acho que tinha mais tempo para me importar com isso, menos coisa na cabeça, menos trabalho para fazer. Foi num momento logo que comecei, com 17 anos, e eu não entendia muito bem, achava que era comigo. Que era eu, todo mundo falando só sobre mim. Aquela história do ser humano ser muito egocêntrico, né? Quando eu vi que era com todo mundo, e o povo nem sabe o que está falando, eu entendi que era uma estrutura doente. Aí fiquei mais tranquila, nem leio muito. Eu penso mais sobre os números, engajamento. Tanto que nem apago os comentários ruins porque dá engajamento, tá tudo certo. Pode comentar, comenta aí porque dá número, publicidade!

Você entrou cedo no universo das celebridades. Como foi isso? Em um momento admirar a Anitta e no seguinte estar gravando com ela? No interior a gente não tem muito essa coisa de mundo da fama como existe em São Paulo, no Rio de Janeiro, nas cidades maiores. Imagina, uma cidade de 8 mil habitantes [ela nasceu em Tuparendi, no Rio Grande do Sul]. Eu escutava Zezé Di Camargo & Luciano, Chitãozinho & Xororó, Abba, Beatles. Então era uma coisa muito mais distante para mim. Óbvio que eu admirava muito Anitta, Luan Santana – que até hoje eu fico 'nossa'. Ivete Sangalo, então, meu Deus do céu. Mas eu era muito ingênua nesse sentido. E isso foi bom porque tratei tudo com muita naturalidade, sem me sentir maior. Eu não sabia onde eu estava me metendo. 

O que você aprendeu com a fama? O ato de não julgar os outros. Porque definitivamente eu não entendia como entendo hoje, vivendo na pele, o julgamento, a mentira. Aprendi a não julgar porque a gente nunca sabe o que está passando na vida das pessoas. Foi uma das coisas que a fama me deu de mais positivo, a real empatia, não se achar melhor que o outro. Pude ver o quanto machuca a gente falar uma coisa que não sabe. 

Você costuma visitar Tuparendi, sua cidade natal? Esse ano não voltei por causa da pandemia, mas vou direto. Meu pai tem sítio, então fico muito com a minha família, não saio na rua. Eu sou muito encranhada dentro de casa, da toca. Nem tem muito onde sair lá, é muito interior.

Como era sua vida de adolescente? Jogava bola, tomava chimarrão com as minhas amigas à tarde, trabalhava em grupo vocal. Eu vivia cantando, ajudando os professores da escola – aula de violão, de canto, de banda marcial. Minha vida é muito musical desde sempre. E também era líder da sala, estava sempre envolvida na parte gestora da escola. Era escola pública, né, e eu fundei o grêmio estudantil que mais faturou dinheiro. Era uma empresária desde criança, mas fazia com as armas que eu tinha. Sempre fui muito assim, me metia em tudo, já tinha essa veia de fazer, buscar, criar. Não sei se é meu ascendente em Áries, essa coisa de mudar, de melhorar as coisas como eu posso. 

Você é mística? Acho que meu lado místico é sempre a dúvida. Sou muito desconfiada do que é ou não é, mas tá tudo certo. Signos? Talvez seja, talvez não, não sei, é tudo incerto. Eu acredito muito em energia. Baseio minhas escolhas e tudo o que eu faço em energia, na que eu quero passar e na que estou atraindo. Esse é meu lado mais místico. 

Você disse numa entrevista que as pessoas não te entendem. Por quê? Não entenderam Jesus, como é que vão entender a Luísa Sonza? Acho que a gente não entende direito nem nós mesmos, como é que a gente vai entender o outro? A sociedade está num processo de se entender. 

Você se entende? Eu me entendo. Busco me entender. Quando não me entendo, faço uma terapiazinha. E é uma eterna busca, né, porque a gente vai mudando e se entendendo no decorrer da caminhada. 

Você se considera romântica? Eu gosto da vida. Eu meio que aprecio todos os sentimentos. Acho necessária a tristeza, a alegria, e tento trabalhar pra ficar muito no amor, mas acho a vida bonita. Acho que o ser humano é lindo.

Mesmo os haters que escrevem coisas odiosas no seu perfil? Acho que o ser humano entrega o que pode, e os haters também. Ser muito julgada me fez não julgar de volta. Não sei o que eles estão vivendo. Não é possível que essa pessoa esteja feliz e bem pra comentar coisas tão tristes e pesadas. Talvez ele esteja passando por uma coisa muito difícil e tenha que descontar em alguém que acredite que nem vai ver. Ou queria só conseguir ser feliz do jeito que a gente é. Não acho que sejam pessoas más, só estão num momento ruim. Não é sobre mim, é sobre elas. Não tem como odiar, elas não conseguem ser diferentes. Agora, não significa que eles sejam santos. Tá tudo errado, gente! Não interessa a opinião de vocês, só de julgar o outro você está errado. Então isso não abstém eles da responsabilidade, mas eu acredito no bem – acho que sou romântica mesmo. Apesar que as pessoas, às vezes, sim, podem ser más. Mas eu acho que elas não entenderam ainda o sentido da vida, tão no processo delas, não sou eu que tenho que julgar.

Como está sendo a experiência da quarentena para você? Eu sou uma pessoa que se adapta a qualquer situação, então estou aproveitando bem, me conhecendo muito. Nossa, evoluí tanto nessa quarentena! Em todos os aspectos, tanto profissional quanto pessoal. Minha carreira teve grandes viradas, mesmo com todas as adversidades. Sabe aquelas plantas que o povo tenta matar, mas nasce até debaixo de pedra? Eu sou dessas, que em qualquer lugar dá um jeito de crescer, de evoluir, de fazer as coisas com as ferramentas que a vida dá. Eu estou aproveitando muito minha casa, coisa que antes não tinha tempo. Não sabia nem onde ligavam as luzes da minha casa. Hoje em dia estou curtindo cada cantinho, então está sendo muito gostoso.

Você acabou de comprar uma casa. Qual foi a primeira coisa que você fez quando se mudou? Nossa, foi a melhor sensação! Liguei pra toda minha família e fiz um tour. Bem tour mesmo, abri a porta, fui andando, mostrando pra cada um: minha vó, meu vô, minha mãe, meu pai, minha tia, meu primo, meu amigo, minha amiga, pra todo mundo. Porque ao vivo não dava, eu me mudei no meio da pandemia. Nunca usei tanto FaceTime na minha vida. Mas é uma sensação muito legal poder ter isso tão nova, é uma gratidão e um orgulho.

Você diz que sempre ficou muito em casa e, agora que quer sair, não pode. Pois é, eu sempre fui muito, muito caseira. A minha vida inteira não saí de casa pra nada. E, agora que eu não posso, falo que nunca mais vou ser assim. Eu nunca mais vou negar uma festa! Eu acho que nunca nem fui num restaurante em São Paulo, sabe? Mas, quando acabar essa pandemia, eu vou estar até debaixo das árvores, vocês vão me ver na rua o dia inteiro. Com certeza vou visitar meus amigos, coisa que nunca faço. Sou dessas que os amigos se mudam para três casas diferentes e eu nunca conheço. Mas agora vou. Quando a gente não pode, tem vontade. 

Como você avalia o momento que vivemos no Brasil? Acho que está um caos. Não é que acho, está um caos. O Brasil é absurdamente mal gerido, péssimo, como eu sabia – eu sabia, eu avisei! Não existe governante hoje no Brasil. E seria muito importante que tivesse, no momento mais difícil dos últimos tempos. Quando você não tem um líder que dê uma base mínima, por exemplo, usar máscara, vira um caos. As pessoas não entendem. Porque se nem o governante está dando importância para uma coisa tão séria, as pessoas que seguem esse governante não vão dar atenção ao que deve ser dado. É tanta coisa que não sei por onde começar. Mas o que temos que fazer é pensar por nós mesmo, entender por nós mesmos, e tentar fazer nossa parte. 

Qual seu maior sonho? Tenho todos os sonhos que eu puder ter. Nunca vou parar de sonhar, o mais alto possível. Se eu colocar uma meta, talvez tenha outra maior que eu ainda nem saiba. Então eu nunca coloco uma meta única. Eu vou o mais alto que eu conseguir. Hoje, com 22 anos, nem consigo imaginar o que eu vou conseguir com 30. Não quero ter um limite, nem o céu é o limite. 

Créditos

Imagem principal: P U P I N + D E L E U

fechar