FOMO não é mimimi

por Diana Assennato
Tpm #171

Sabe aquela sensação de abrir o Instagram e ver seus amigos tomando um drink numa viagem que você não pôde ir? Isso tem nome e gera de ansiedade até depressão

Eu, autora desta coluna, que supostamente deveria falar sobre os adventos maravilhosos da tecnologia para nossa geração de mulheres, confesso que tenho um problema grave: FOMO. A sigla se refere ao termo “fear of missing out”, que em inglês quer dizer algo como “medo de ficar de fora”.

FOMO é uma emoção criada por pensamentos que geram de ansiedade (no melhor dos casos) até depressão. Sabe aquela sensação de abrir o Instagram e ver três de seus melhores amigos tomando um drinque numa viagem que você não pôde ir? E o flood de fotos do festival mais hypado do verão? Quem sabe aquela palestra incrível onde todo mundo está menos você? Pois bem, essa sensação de “ausência inquietante” que as redes sociais nos trazem é considerada um gatilho muitas vezes com consequências graves, como doenças mentais. Uma pesquisa recente da Universidade de Essex apontou que mais de 75% dos adultos conectados já passaram por isso. FOMO não é mimimi.

Você pode pensar: “Ah, mas essa sempre foi a lógica das redes sociais, onde as vidas parecem perfeitas. Todo mundo sabe disso”.

OK, mas isso não nos deixa imunes a dedicar atenção e tempo precioso das nossas vidas para contemplar situações cotidianas de outras pessoas, e não as nossas próprias.

Aliás, não menospreze a força desse hábito: você faz ideia de quantas vezes pega no smartphone ao longo do dia? Mais de cem vezes. Isso significa uma interrupção digital a cada 15 minutos. Mas não é você que não sabe lidar com o vício no smartphone: você é vítima desse mercado.

Caça-níqueis

A forma como usamos tecnologias está moldada por milhares de decisões comerciais estratégicas de grandes empresas como o Facebook. Você sabia que a Fazendinha de Zuckerberg contrata profissionais especializados em experiência de usuários de cassinos para deixar a usabilidade do feed cada vez mais viciante? Sabe aquele gesto de “puxar” as notificações para baixo para receber as atualizações? Agora troque o seu celular por um caça-níquel… assustador, não? O objetivo é fazer você passar o máximo de tempo possível dentro de um universo que vai te vender sapatos veganos, aulas de coral, viagens promocionais e cursos de inglês. Junte isso à dificuldade de regulamentar um mercado que avança muito mais rápido do que as nossas leis conseguem acompanhar, e tente olhar para o futuro. Um pouco distópico, não?

Se estiver curiosa, procure no Google o termo “captologia” e descubra uma ciência focada em construir produtos que criam hábitos (vícios?). É um campo de estudo que envolve design, pesquisa e análise computacional para transformar atitudes e comportamentos. Menina dos olhos de qualquer empresa de tecnologia, a captologia dirá como você desperdiçará ou não suas horas no futuro. Agora se achou esse papo entediante, tire uma foto desta página e poste no seu Instagram com a hashtag #FOMOémimimi.

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