Da genética à pornografia

por Renata Leão
Tpm #112

Renata Leão, nossa diretora de redação, diz que a palavra desta edição é: atitude

 


Não é raro aparecerem estudantes de jornalismo na redação da Tpm. Querem ver de onde sai a publicação de que mais gostam, desvendar a revista. Outro dia um deles me pediu para defini-la em uma palavra e eu, sem titubear, respondi: atitude.

E o que mais poderia reunir, numa mesma edição, uma das cientistas mais respeitadas do Brasil e uma publicitária inglesa expert em pornografia? Ou uma atriz global que não-tá-nem-aí com o que pensam dela e uma apresentadora de TV que devora três volumes de A história da sexualidade, de Michael Foucault, pra se entender melhor?

Que alívio saber que até a Lygia da Veiga Pereira, uma das maiores geneticistas do país, não tem respostas prontas para as questões que pegam dez entre dez mulheres. Nas Páginas Vermelhas, ela assume ter ficado "baratinada" quando se viu mãe aos 35 e precisou tirar o foco do trabalho. E também conta que decidiu fazer uma lipo depois de uma tarde no clube, pra se sentir melhor.

Também pra se sentir melhor, Sarah Oliveira fez uma pequena revolução interna nos últimos anos. Dá gosto ler o perfil da apresentadora na página 62. Por trás da fama de garota easygoing, a gente descobre uma mulher, sobretudo, corajosa. "Hoje, quando me falam que o Thiago é um cara legal, respondo que ele poderia ser o mais legal do mundo, mas que, se não me deixasse com tesão, não ia rolar", diz, sobre a relação com o marido.

Tesão? De tesão a inglesa Cindy Gallop entende. Aos 51 anos, essa publicitária percebeu que todos os caras com quem se relacionou nos últimos anos – a maioria na faixa dos 25 – repetiam na cama um padrão sexual muito parecido com o dos filmes pornô. Lançou, então, a campanha Make Love Not Porn. Ela (e talvez você) estava cansada de engolir o que não gosta. Na reportagem destrinchamos essa história. E ainda falamos do trabalho de Erika Lust, sueca que tem chamado a atenção da indústria pornô por produzir filmes "para adultos" sob a ótica feminina.

De pernas abertas em uma foto sensualíssima, Fernanda Paes Leme foi capa de uma revista masculina em 2005. O exemplar, hoje item de colecionador, é disputado a tapas na internet. Mais madura, mas não menos sensual, a atriz bateu um papo com nossa repórter especial e deixou claro que pouco se importa com o que pensam dela. Talvez por isso tenha arrebanhado mais de 1 milhão de seguidores no Twitter.

Da primeira à última página, esta edição da Tpm está recheada de atitude. De mulheres que não têm medo, vergonha ou receio de assumir suas angústias e imperfeições. Mas que, como brada nossa colunista Antonia Pellegrino, estão a fim de viver num mundo com menos Rivotril e mais carinho.

Renata Leão,
diretora de redação

 

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