por Fabio Brisolla
Tpm #107

Ele deu um upgrade na pose de menino e assumiu o posto de galã

Da Praia Grande à Barra da Tijuca, do sofá de casa ao posto de galã, Caio Castro virou o ator recordista de cartas da Globo e ganhou o apelido de “o novo José Mayer”.
O ator Caio Castro ainda estava sonolento na recepção do hotel na praia de Copacabana na manhã daquela sexta-feira. Ele chega acompanhado do irmão, que avisa: a entrevista só poderia começar na presença do assessor de imprensa. Enquanto o profissional não aparecia, havia um esforço coletivo para evitar o silêncio com diálogos de elevador.

Caio. Peguei o maior trânsito vindo da Barra pra cá.

Tpm. É. O trânsito é complicado nesse horário.

Caio. Muito trânsito.

Tpm. Pois é.

Dez minutos depois, entrou pelo bar do hotel Felipe Carauta, assessor e diretor de marketing do escritório que leva seu nome. Ele deu um beijo na testa de Caio, sentou-se ao lado dele e autorizou o início da entrevista. Aos 23 anos, o jovem Caio jamais imaginou que um dia pudesse contar com um especialista desse porte para zelar por sua reputação. Há pouco mais de três anos, ele era apenas um garoto que gostava de andar de skate pelas ruas de São Paulo e surfar na Praia Grande, no litoral sul. Nascido em São Bernardo do Campo, morava com o pai no bairro de Jabaquara, na periferia paulistana.

Até que, num sábado à tarde, ligou a televisão no programa Caldeirão do Huck e soube do concurso valendo duas vagas em Malhação. Caio foi um dos escolhidos entre mais de 25 mil candidatos. Virou ídolo das adolescentes e recordista de cartas da Globo. O diretor Ricardo Waddington foi quem o elegeu no tal concurso. “Vi nele um garoto com carisma e potencial para evoluir. Fico feliz de ele ter entendido a oportunidade que teve e levado a sério. Ele tem o perfil de galã que a TV precisa na sua dramaturgia”, solta.

“Eu já estava esperando o convite porque depois de três temporadas com o mesmo personagem [Malhação] você já sente uma necessidade de mudança. Fica inquieto”

Após três temporadas em Malhação, foi chamado pelo diretor Jorge Fernando para entrar no elenco do remake de Ti-ti-ti. “Na verdade, eu já estava esperando o convite porque, depois de três temporadas com o mesmo personagem, você já sente uma necessidade de mudança. Fica inquieto”, diz Caio.

Num primeiro momento, após a convocação para Ti-ti-ti, ele comemorou a conquista. Entretanto, acreditava que teria um papel secundário na trama. Ao ler a sinopse, descobriu que Edgar, o seu personagem, era um dos principais nomes da história. “Nessa hora deu um gelo”, lembra o ator, escalado para interpretar um empresário de 28 anos. Caio percebeu ali que estava sendo alçado ao posto de galã.

“Não falo muito disso não”


Para disfarçar a cara de garoto, cortou os cabelos cacheados, cultuados por um séquito de adolescentes apaixonadas. E deixou crescer a barba. Nos bastidores da novela das sete, chegou a ser chamado de novo José Mayer, numa brincadeira com as conquistas de seu personagem. Ao longo da história, ele protagonizou cenas românticas com as atrizes Isis Valverde, Guilhermina Guinle, Maria Helena Chira e Thaila Ayala. O desempenho agradou Maria Adelaide Amaral, a autora de Ti-ti-ti: “Embora ele seja mais jovem que o personagem, se saiu lindamente. Ele amadureceu muito como ator ao longo da novela. Curiosamente, isso se deu ao mesmo tempo em que o Edgar ia amadurecendo. Foi como se ator e personagem crescessem juntos, o que contribuiu muito para a verdade que o Caio transmitiu em cena”, elogia.

Ao toque do celular, ele interrompe a conversa: “Não esquece de pegar meu crachá e os meus iPods. Acho que minhas chaves também estão no carro. Um beijo, pai. Te amo”.

Vitor Castanheira, dono de uma vidraçaria, veio de São Paulo para levar o carro do filho na oficina. Caio ainda sofre ao lembrar do episódio. Ele passava pela entrada de seu condomínio, na Barra da Tijuca, quando um funcionário acionou a cancela no momento errado e atingiu o teto de sua Dodge Journey, utilitário importado avaliado em torno de R$ 100 mil. “O carro estava inteirinho”, lamenta Caio, ao lembrar do incidente com o terceiro veículo de sua vida.

O primeiro foi um carro popular, que ganhou do pai ao completar 18 anos. A relação dos dois é forte. “Ele é um amigão. Brother mesmo”, define o rapaz. Quando decidiu tentar a sorte no concurso de Luciano Huck, Caio revelou a história apenas ao pai. A mãe, Sandra Castro, soube de tudo pela televisão. Caio é o único filho do casamento, que acabou em divórcio quando ele tinha 8 anos. Em 2007, ganhou um irmão por parte de pai. E marcou o nome do pequeno Enzo em seu braço esquerdo, uma de suas cinco tatuagens. O ator ressalta, no entanto, que Anderson Rodrigues Valsoni, o Dé, 22 anos – que o acompanha na entrevista –, é seu irmão de criação. Eles cresceram juntos.

– Quando foi mesmo que a gente começou a andar de skate? – pergunta Caio, pedindo ajuda em uma resposta.

– Com uns 14 anos – lembra Dé.

Aos 15, Caio aprendeu a surfar. Ainda hoje, continua praticando as duas modalidades. Na rotina carioca, ele também procura arrumar um tempo para malhar, jogar bola com os amigos, sair à noite e viajar. Nas últimas semanas, no entanto, não tem feito quase nada disso. Seu tempo acaba consumido pelas gravações. Tantas horas dentro de um estúdio renderam experiências variadas. Durante a época de Malhação, ele namorou a atriz Sophie Charlotte, sua colega no elenco. Caio diz estar solteiro. Em seguida, sinaliza negativamente com a cabeça. “Não falo muito disso não”, encerra.

Sobre a carreira de ator, ele fala. Conta que não tinha vontade de ser ator. Até o tal histórico Caldeirão do Huck. “Nunca corri atrás disso. Nunca fiz por onde. Não sei nem por que me inscrevi. Me deu uma luz no dia. Falei: ‘Pô, não tô fazendo nada’. Mandei uma foto e meio que esperei. Deu um mês e pouco, me ligaram. Aí falei: ‘Pode ser’.”

A opção feita de forma quase impensada mudou a vida de Caio. Já no aeroporto Santos Dumont, ao desembarcar no Rio para estrear em Malhação, em 2007, ele percebeu que entrava em um novo mundo. No saguão, sentiu uma mão bater em seu ombro. Era o ator Selton Mello cumprimentando pela vitória no concurso de Luciano Huck. O garoto ficou sem palavras. “Não conseguia acreditar. O Selton Mello veio falar comigo”, conta ele, reconhecendo que, dali pra frente, tudo seria diferente.

Créditos

PRODUÇÃO DE MODA CLARA GUEDES ASSISTENTE DE FOTO JU COLUSSI PRODUÇÃO ANA LUIZA TOSCANO AS FOTOS DESTE ENSAIO FORAM FEITAS NO PORTO BAY RIO INTERNACIONAL HOTEL WWW.PORTOBAY.COM CAIO VESTE OSKLEN, REDLEY, ADDICT

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