As majestosas da batucada

por Mariana Veltri

Há cinco anos na estrada, a banda Samba de Rainha apresenta o segundo CD

 
Cada uma veio de um canto, e todas se encontraram no samba. Há cinco anos na estrada, a banda Samba de Rainha apresenta o segundo CD e explica como é a convivência diária entre oito mulheres

Núbia Maciel cumprimenta a platéia gritando um sonoro "Alô, samba!". Ao seu lado, sete mulheres devidamente equipadas aguardam para começar a fazer o que sabem: samba. Entre as referências da banda Samba de Rainha estão Ataulfo Alves e Dona Ivone Lara, mas rock e axé também. Em vez de briga, a harmonia: puseram dentro de um caldeirão todos os gostos particulares, e o resultado acabou num samba autêntico com pegada percussiva.

Era uma vez várias meninas...
Tudo começou quando uma amiga de Núbia Maciel, Pati Cavaquinho (ex-integrante da banda), a convidou para ir a sua casa cantar pagode. A carioca Núbia, que nunca tinha cantado samba na vida e até então trabalhava com moda, tomou gosto pela coisa. Nas rodinhas sem compromisso, quem gostava de tocar entrava. Chegou uma daqui, outra de lá e, quando perceberam, se viram divididas entre a vida profissional que cada uma levava e a agenda de convites para tocar.

Duas delas preferiram não arriscar pelo caminho da música. Pati Cavaquinho, cuja intenção era fazer um "sambinha" caseiro para os amigos, hoje acompanha o crescimento das amigas tirando fotos. E trocou de nome, responde agora por Pya Lima. Em seu lugar, entrou Thais, que já tocava numa banda de pagode em São Bernardo, sua cidade natal, e que emprestou alma ao cavaco. Tati Pacheco, advogada bem-sucedida, resolveu trilhar o caminho da justiça.

A banda estava formada: Núbia Maciel, 41, deu charme e identidade ao vocal; Carina Iglecias, 28, trouxe seus brinquedinhos à percussão; Sandra Gamon, 35, impôs sua personalidade às batidas do tamborim, na mexida da cuíca e no canto do agogô; Aidée Cristina, 41, passou a responder pelo pulso do surdo e pelo chacoalho do ganzá; Gadi, 31, enfeitiçou no tic tic tun do pandeiro; Erica Japa, 34, apesar do nome improvável, trouxe rebolado junto ao rebolo; e as rastas Thais Musachi, 22, e Naná Spogis, 26, fizeram o cavaquinho chorar e trouxeram harmonia à música do grupo com seu violão, respectivamente.


Da esquerda pra direita, de cima pra baixo: Erica, Nana, Sandra, Aidee Carina , Núbia, Thais e Gadi

Da brincadeira de roda ao profissionalismo

O compromisso do primeiro para o segundo trabalho evoluiu. Hoje elas lidam com a música com mais profissionalismo e conseguem desfrutar a paixão que têm em comum. "Quando você aprende a se comportar como artista, tem outra postura: no palco, na sua casa, na vida", explica Núbia.

O primeiro disco, Isso É Samba de Rainha, era mais um registro para os amigos das brincadeiras feitas em casa. Foi feito em estúdio, com cada integrante gravando sozinha. Já o segundo, Vivendo Samba, além de ter sido mais profissional, foi gravado com todas na mesma sala e ao mesmo tempo. "Quando a gente se junta é que o som fica mais bacana", conta Núbia.


Roda de concentração antes do show

Nos bastidores
Elas estão sempre juntas. Tem dias que chegam a conviver por 14 horas. E, naturalmente, saem algumas faíscas. Gadi explica que já brigaram muito por não se conhecerem o suficiente. Mas, hoje, aprenderam a respeitar o jeito de cada uma. “Todas se ajudam muito; queremos chegar ao mesmo lugar e vimos que o negócio é dar uma força quando alguma de nós está meio em crise", resume Aidée.

Elas buscam crescer, melhorar. Ter sucesso. Fora dos ensaios, Thais conta que está sempre estudando, gravando e se aperfeiçoando. Aidée, compositora da banda que também escreve em parceria com Núbia, diz que o processo de composição é natural. As letras são inspirações do cotidiano, particulares. Sandra acha importante o grupo possuir várias vertentes musicais, porque isso expande o material. Abertas ao novo, sentem que o espaço no mercado fonográfico agora é maior. Graças a essa percepção, elas optaram por colocar peso no novo trabalho, com uma pegada mais forte voltada para o rock e a introdução de baixo, bateria e guitarra nos shows.

Naná, a dona do violão e que também começou a mostrar sua composição no novo trabalho, finaliza: "Toda música que a gente ouve entra no nosso subconsciente e de alguma forma colocamos isso para fora".

Vai lá: Brahminha – mezanino do Bar Brahma (av. São João, 677 - toda quarta-feira à partir das 22h30) Quanto: R$20
Informações: www.sambaderainha.com.br
contato@sambaderainha.com.br
(11) 3672-7326 / 8381-9545

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