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por Janaina Cavalli

A barista curitibana forma looks incríveis com peças de brechós e bazares beneficentes

Para Amanda Longo, de Curitiba, comprar roupas não é uma experiência qualquer. A barista de 26 anos encontra a maioria das peças que veste em um asilo ao lado de casa e em um bazar beneficente para cegos. “Meus amigos vão junto e passamos uma manhã inteira garimpando, provando as peças, fazendo composições”, conta. As roupas custam R$ 2,50 no asilo e, no bazar, cada uma sai por R$ 1.

Amanda até vai ao shopping para comprar alguma roupa mais básica, como uma calça jeans. Mas, no máximo, paga os preços da Renner e da C&A. Ela diz não concordar com a maneira como as pessoas consomem as roupas, no geral, deixando as peças esquecidas no armário ou as descartando depois de pouco tempo de uso. “As roupas que eu compro não são lixo. Pelo contrário, são lindas, maravilhosas, com cortes que não existem mais”.

A hostess Letícia Tie, amiga de Amanda, deu o seu pitaco e disse que a barista nem precisa de muito para sustentar um estilo. “Ela tem uma beleza natural inspiradora, além de personalidade o suficiente para fazer de qualquer camiseta branca com calça jeans um look bafo.”

Amanda é formada em Design e atuou como webdesigner por quatro anos. Insatisfeita com a profissão e apaixonada por café, largou tudo e tornou-se barista. Hoje, trabalha no premiado Rause Café + Vinho, em Curitiba, e mantém uma marca própria, a Café sem Fim. “Trago o café verde da fazenda, torro os grãos em casa e entrego o pacote (com os grãos torrados ou o café moído) na porta do cliente”, explica.

Você gosta de moda? É mais preocupada ou relaxada sobre o que vai vestir no dia-a-dia? Não acompanho o mundo da moda. Ela está presente na minha vida muito mais como forma de expressão através das cores, cortes e texturas. Não me considero despreocupada com o que vou vestir, mas ao mesmo tempo não sou neurótica. A minha preocupação varia de acordo com a ocasião e com o meu humor. 

Quais são os seus lugares preferidos para comprar roupas e acessórios? Asilos, bazares e brechós, porque são muito mais baratos e é onde eu consigo encontrar peças mais exóticas e excêntricas. Também gosto de trocar e "roubar" roupas de amigos e essas me parecem as mais legais, elas carregam uma história. Em Curitiba, recomendo os bazares do asilo São Vicente de Paula, no bairro Cabral, e o do Instituto Paranaense de Cegos, na Av. Visconde de Guarapuava, os dois no Centro. O brechó Libélula na rua Mateus Leme é um pouco mais caro, mas muito bom.

Quanto você gasta com roupas e com que frequência compra? Não gasto quase nada. Nos lugares em que eu mais compro, as roupas custam entre R$ 1 e R$ 10. Gosto de ir com os meus amigos. Nós provamos tudo, inventamos combinações e renovamos o nosso guarda-roupa com R$ 80. Faço isso de seis em seis meses mais ou menos, pra não ficar acumulando muito. Mas as peças que sobram no armário, passo pra frente, doando ou trocando com amigas.

Quais são as suas peças favoritas? Tem usado algo que nunca imaginou vestir antes? As preferidas são justamente as que ganhei da minha mãe, as que foram da minha vó, as que roubei do namorado, que ganhei dos amigos. Qualquer peça que me traga alguma lembrança. Estou viciada em um sapato branco que comprei há uns meses. Achei que não fosse usar tanto por ter salto e ser branco, mas ele me cai tão bem. Me sinto poderosa quando estou usando esse sapato.

Você se arrepende do jeito que já se vestiu em alguma fase da vida? Me arrendo sim. Já usei cada coisa horrível, que hoje nem passaria por perto. Saia jeans com coturno, por exemplo.

Vai lá: Asilo São Vicente de Paula - R. Barão dos Campos Gerais, 970 // Instituto Paranaense de Cegos, na Av. Visconde de Guarapuava, 4186 // Brechó Libélula, Rua Mateus Leme, 244 // Todos em Curitiba.

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