A história do vibrador

por Clarissa Corrêa

Ele não foi inventado para a satisfação sexual

Quem pensa que o vibrador foi inventado para a satisfação sexual das mulheres está muito enganado. Você sabia que ele foi criado para facilitar uma prática médica? Antigamente acreditavam que existia uma doença chamada “histeria”, vista como a doença do ventre, causada pela negligência que o útero sentia. Platão tinha a teoria de que o útero era um animal dentro de um animal e de tempos em tempos ficava completamente fora de controle, por isso tinha que ser acalmado. De acordo com a crença maluca, o animal se acalmava massageando a vulva e a tal massagem provocava uma “crise”, tipo uma febre, batizada de “paroxismo histérico”, que apresentava algumas contrações e lubrificação e, depois dela, a mulher se sentia melhor por um tempo. A histeria era crônica e as mulheres tinham que voltar ao médico de tempos em tempos. Os médicos, por sua vez, perdiam muito tempo no tratamento, feito através dessa estimulação manual, então o vibrador foi inventado e facilitou o processo.

O primeiro vibrador era a vapor (!!!!) e foi criado por George Taylor, em 1869. No comecinho do século XX, a empresa americana Hamilton Beach patenteou o primeiro vibrador elétrico e ele passou a ser vendido como eletrodoméstico. Sim, isso mesmo. O vibrador foi o quinto eletrodoméstico a surgir. Somente quando os vibradores começaram a aparecer em filmes pornôs é que foram associados ao sexo, por isso, a imagem deles ficou “denegrida”. A partir dos anos 80, os vibradores e brinquedinhos sexuais ganharam mais visibilidade. Hoje em dia a gente encontra vibradores de todos os tipos, formas, cores, tamanhos.

É engraçado como o mundo se transforma e as pessoas mudam. Antes o vibrador era visto como um objeto inocente, uma espécie de medicação. As mulheres usavam e os sintomas desapareciam por algum tempo. Por isso, ele podia ficar ali no banheiro, exposto. Ou na área de serviço, já que era eletrodoméstico. Hoje em dia a gente precisa esconder o vibrador da faxineira. Não dá pra deixar o vibrador querido, rosinha, delicado na bancada do banheiro, junto com o secador de cabelo e a chapinha. Não dá pra deixar o vibrador ao lado da cama. É preciso esconder, guardar, não deixar ninguém ver, afinal, o que vão pensar de você? Tarada, maníaca, depravada!

As pessoas, por incrível que pareça, ainda enxergam o sexo como uma coisa que precisa ser escondida. Brinquedos sexuais, fantasias, vibradores, nada disso é visto como “normal”. Hoje mesmo fui na farmácia e comprei camisinha. Atrás de mim, na fila, tinham 2 homens. Eles ficaram olhando para a minha cestinha e para mim, para a cestinha e para mim, com cara de nossa-a-mulher-tá-comprando-camisinha.

Sinceramente, “normal” é descobrir o próprio corpo e entender o que te dá prazer. Sem a menor vergonha.

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