Quatro roteiros de viagem por Alexandre Herchcovitch

por Lia Hama

Em novo guia, o estilista dá dicas do que fazer em um dia em Nova York, Londres, Paris e Tóquio

Nova York, Londres, Paris e Tóquio são quatro cidades onde Alexandre Herchcovitch se sente em casa, de tanto caminhar por elas. “Gosto de sentir cada uma, observar o comportamento nas ruas e absorver as influências.

Quatro cidades com personalidades diferentes, que, às suas maneiras, influenciam a moda e o comportamento do mundo”, afirma o estilista no recém-lançado O guia de viagem de Alexandre Herchcovitch (Pulp Edições).

Veja como é o dia perfeito dele em cada uma delas e inspire-se para a sua próxima viagem. 

Nova York

“Se tivesse apenas um dia na cidade, acordaria cedo para tomar café com leite no Amy’s Bread, no Ninth Street Espresso ou na Ronnybrook Dairy do Chelsea Market. Começar o dia ali desperta várias sensações. Tem o aroma de verdura e legumes, da peixaria, da leiteria, do Buon Italia, um mercado italiano que adoro. É como ir à feira.

Em seguida, pegaria um táxi até a Broadway com a Canal Street para subir a Broadway a pé. Adoro as lojas do Soho, as vitrines e remexer em prateleiras da Muji, Old Navy, Uniqlo e Flight Club. É uma mistura de comércio popular com lojas mais sofisticadas. Faço desvios em várias ruazinhas, mas mantenho a proa em direção à Union Square.

Almoçaria no Hummus Place, em East Village, e me divertiria com as quinquilharias de St Mark’s Place antes de pegar o metrô para Williamsburg. Chegando lá, vasculharia toda a Bedford Street e as ruas ao redor, até chegar a hora de me sentar na Bakeri para outro café e, quem sabe, um dos doces da vitrine. No final da tarde, voltaria para o Chelsea. Passaria pela Printed Matter, pela Comme des Garçons e por uma ou outra galeria de arte. Se não estivesse muito cheio, subiria no High Line. Poder passear e ver a casa das pessoas, entre plantas e trilhos antigos de trem, é bem coisa de Nova York. Quando o Whitney Downtown abrir, em 2015, incluirei no meu programa.

Em casa, prepararia um jantar gostoso assistindo a algum concurso de culinária ou seriado na TV. Adoro seriados americanos e não sou muito de sair à noite. Mas seria o gran finale de um dia perfeito na Big Apple, com uma volta na quadra antes de dormir. Sairia para jantar fora se estivesse com amigos, hóspedes ou quando minha equipe de trabalho está na cidade, que também fecharia o dia com chave de ouro.” 

Vai lá:

  • Amy’s Bread, Ninth Espresso e Ronnybrook Dairy – Chelsea Market - 75 Ninth Avenue entre 15th St e 16th St. -> chelseamarket.com;
  • Muji - 455 Broadway. -> muji.com;
  • Old Navy - 503 Broadway, entre Broome St e Spring St. -> oldnavy.com;
  • Uniqlo - 546 Broadway, entre Spring St e Prince St -> uniqlo.com;
  • Flight Club - 812 Broadway -> flightclub.com;
  • Hummus Place - 109 Saint Mark’s Pl, entre 1st Ave e Ave A -> www.hummusplace.com;
  • St Mark´s Place - 8th Avenue, entre a Third Avenue e Ave A;
  • Bakeri - 150 Wythe Ave, esquina com N 8th St. -> www.bakeribrooklyn.com;
  • Printed Matter - 195 10th Ave, entre 21st St e 22nd St. -> www.printedmatter.org;
  • Comme des Garçons - 520 W 22nd St, entre 10th Ave e 11th Ave. -> www.comme-des-garcons.com;
  • High Line – no West Side, da Gansevoort Street a 20th Street.-> thehighline.org

Londres 

“É difícil programar um dia ideal em Londres. Há tanta coisa para fazer que, com certeza, não caberia em meras 24 horas. Quando faz sol e calor, gosto de caminhar pela beira do Tâmisa, entre a London Eye e a Tower Bridge, parando para curtir a Tate Modern.

Outra opção é comprar uma cesta de piquenique no Food Hall da Harrod’s ou da Fortnum & Mason para comer no gramado, perto da Serpentine Gallery, que, a cada verão, ganha um pavilhão criado por um arquiteto diferente.

Também adoro explorar Bethnal Green e a icônica Brick Lane, caminhando tranquilamente em direção ao Spitalfields Market. É uma região em transformação, onde lojas de sáris e temperos de Bangladesh se misturam com cafés, bares e brechós. Outras regiões legais para bater perna são Shoreditch (metrô Old Street) e Islington (metrô Angel).

Em dias chuvosos uma ótima opção é visitar os museus. Meus favoritos são o Victoria and Albert e o Natural History, que sempre têm exposições interessantes. A National Gallery e a National Portrait Gallery, em plena Trafalgar Square, também são excelentes refúgios da chuva e do barulho da cidade, além de terem entrada franca.

Outro bairro que adoro é Notting Hill, principalmente durante a semana, quando há menos gente na Portobello Road. E quando o assunto é window shopping, nada melhor do que caminhar pela Burlington Arcade e pela Jermyn Street, em Mayfair, admirando as tradicionalíssimas marcas britânicas de ternos, chapéus, gravatas, sapatos e acessórios.

À noite, sugiro uma caminhada por Covent Garden, sempre animado, mesmo quando faz frio. Geralmente durmo cedo, mas ouvi dizer que a noite agora ferve em Dalston.” 

Vai lá:

Paris 

“Se tivesse apenas um dia em Paris, sairia cedo do hotel caminhando ao longo da Rue des Saints-Pères, desviando pelas ruelas medievais de Saint-Germain-des-Prés, até chegar à Pirâmide do Louvre e à Rue de Rivoli. É um passeio que faço sempre. Poderia também passar horas a fio sentado em uma mesa do Café de Flore, no Boulevard Saint-Germain, folheando as últimas revistas de moda, observando as pessoas, pensando na vida, curtindo estar ali, como se estivesse no cenário de um filme.

Quando achasse que chegou a hora de mudar de cenário, iria até La Grande Épicerie de Paris, junto à loja de departamentos Le Bon Marché. É outro programa para horas de perambulação por vitrines de chocolates, queijos, temperos, chás, cafés, vinhos, doces de um universo gastronômico que os franceses embalam como joia.

Em seguida iria de Vélib’ até o Musée Galliera, com exposições incríveis de moda. Fica entre o Trocadéro e o Arco do Triunfo e a região tem várias esquinas com vistas incríveis da Torre Eiffel, dos ângulos mais variados e mais fotogênicos imagináveis. Já que estou por ali, aproveitaria para visitar o Palais de Tokyo se houvesse alguma exposição de arte contemporânea que chamasse a minha atenção, ou mesmo para ir na livraria.

No final do dia, estaria no Marais para curtir o burburinho das calçadas cheias de gente e das centenas de pequenas lojas independentes. Se, depois de comer em algum de meus restaurantes favoritos, ainda tivesse energia, faria um passeio ao longo do Rio Sena para ver os edifícios iluminados e a Torre Eiffel cintilando a cada hora cheia.” 

Vai lá:

Tóquio 

“O meu dia perfeito em Tóquio começa com um tênis bem confortável, pois, com certeza, vou caminhar muito. Adoro tomar café da manhã no Starbucks de Shibuya Crossing para descobrir as comidinhas diferentes e observar o movimento das pessoas no enorme cruzamento. Tem um minissanduíche de atum selado em pão de hambúrguer que vale a viagem. Acompanhado de um Green Tea Latte quente, fica melhor ainda.

Sigo para Harajuku por um dos vários caminhos, seja pela Meiji-dori, pela Aoyama-dori ou pela trilha paralela à linha do trem da Yamanote Line. Recomendo fazer todos, um a cada dia.

Em Harajuku, visito a Takeshita-dori, uma ruela infestada de jovens que buscam ofertas nas centenas de lojinhas de jeans, tênis, camisetas, eletrônicos, adesivos etc. Ali nascem as tendências. Quando canso de tanta informação, sigo para a avenida principal de Omotesando, com as lojas bacanas e vitrines elegantes, até chegar a Aoyama-dori. Vale lembrar que, mesmo em lojas internacionais, tem certos produtos que só são vendidos no Japão, por isso curto bisbilhotar.

Depois do almoço, pego o metrô para Naka-Meguro. Adoro passear pela beira do rio, onde tem várias lojas e cafés independentes e um monte de salões de beleza e pet shops incríveis. Sigo na direção de Daikanyama, até chegar a T-Site para tomar um café e escutar música na maravilhosa loja Tsutaya. Subo as ladeiras meio sem rumo, olhando as casas, as escolas, os escritórios e fico imaginando como seria se eu morasse por ali. Quando vejo já estou novamente em Shibuya, o sol está se pondo e as luzes, se acendendo. Se não estou exausto, passo na Loft ou na Tokyu Hands, entro em um restaurante de sushi e volto para o hotel cansado, mas feliz da vida.” 

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