por Camila Eiroa

Coletivo aborda nudez, pelos e gênero em suas fotos

O coletivo Além surgiu em 2013 e foi criado por dois amigos que se conheceram em um grupo do Facebook; o mineiro Mateus Lima e a catarinense Nubia Abe. Ela, formada em Publicidade, descobriu sua paixão pela fotografia na pós graduação. Ele atuava como fonoaudiólogo e fotografava no tempo livre. A ideia de começar a produzir juntos veio por parte de Mateus, que já admirava o trabalho de Nubia e deixou de lado a fonoaudiologia para se dedicar à fotografia e ao Além.

O nome escolhido abrange tudo aquilo que está do lado de fora de uma coisa predeterminada, por isso os temas abordados refletem sobre nudez e gênero, por exemplo. O primeiro projeto foi batizado de Pelos Pelos e é composto por ensaios que pretendem desmitificar e naturalizar os pelos  – geralmente vistos como anti-higiênicos principalmente nas mulheres. A intenção dos retratos é política. “Não tem como você falar dos pelos sem trazer esse debate, pelo menos não na nossa visão”, explica Mateus.

Foi um trabalho que gerou muita repercussão principalmente pelo tabu que envolve o ato de não se depilar. Enquanto alguns comentários de críticas a isso pipocavam na internet, o burburinho abriu espaço para as rodas de conversas e debates sobre o assunto, que aconteceram em Belo Horizonte, Florianópolis e Recife, assim como as vivências do nu. Nelas os fotógrafos conversaram sobre a relação com o corpo, a nudez e produções artísticas que retratam esse universo.

Aprofundando a reflexão sobre a dessexualização do corpo, outros projetos começaram a surgir. O Além do Nu veio para reforçar esse processo de naturalização, enquanto o Além do Afeto veio para defender a ideia de que os afetos precisam ser retratados mais intimamente e o Além do Gênero para tirar o estigma de que as transgêneras são pessoas que precisam viver marginalizadas, usando o corpo como ferramenta de espetáculo. “A gente não diz que isso não pode, porque pode. Mas sabemos que isso acontece em sua maioria por necessidade e não por uma escolha. A gente não mostra o corpo porque quando se debate o gênero, esse não é o foco. A pessoa pode se identificar com o gênero que ela quiser, tendo o corpo que tiver”, completa o mineiro.

Algumas das sessões acontecem de maneira orgânica, durante situações que eles vivem em seu dia a dia. Muitos daqueles que se deixam fotografar nesses momentos reconhecem um grande passo na relação com o próprio corpo. O resultado são registros que cumprem o papel poético-político, como eles dizem, com delicadeza e imagens de clima solar. 

Vai lá: alem.art.br/

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