Outros imaginários

por Redação
Trip #238

O jornalista-viajante Arthur Veríssimo reúne no livro Gonzo! reportagens publicadas na Trip

Foi em 1986 que Arthur Veríssimo conseguiu seu primeiro emprego fixo, na equipe inaugural desta revista. Antes de entrar na redação da Trip, ele já havia seguido os ensinamentos do guru indiano Rajneesh (que misturava sexo com hinduísmo), morado em comunidades alternativas brasileiras e na Califórnia e sido um DJ pioneiro do underground paulistano.

Como jornalista, Veríssimo não abandonou o interesse por viagens e espiritualidade, o que fica bem claro nas 30 reportagens reunidas em Gonzo!, livro publicado agora pela editora Realejo. São assuntos exóticos, às vezes bem distantes, tão diferentes quanto a maior feira de compra e venda de camelos do mundo, um campo clandestino de armas no Camboja, uma tribo de índios isolada na Amazônia ou os vodus do Haiti.

“A missão sempre foi abrir a mente e o coração do leitor”, afirma Veríssimo. “Queria levar as pessoas para outros imaginários, mostrar como são outras civilizações e culturas milenares.” E Veríssimo mostra. Onde mais, afi nal, descobrir através de relatos pessoais e alucinados — como manda o bom jornalismo gonzo, que dá nome ao volume — sobre as tradições sexuais da Índia ou o xamã da Groelândia que induz ao transe sem drogas, só com tambores?

Difícil foi escolher apenas 30. “O foco do livro é o que fiz ao longo da história da Trip”, diz. “Selecionar as reportagens foi uma lapidação, um trabalho de ourives, sinto falta de uma, duas, três, dez.” Apenas uma delas, conta Veríssimo, já tinha seu lugar garantido havia anos, a pedido do editor e fundador da revista, Paulo Lima, para quando uma coletânea fosse feita: “Profissão: roubada”, de 1998, em que o repórter encarna um animador de festas infantis, um funcionário de desentupidora e outros empregos inusitados.

Bem conectado aos interesses que teve nessas três décadas de “jornalismo transcultural”, como diz o subtítulo do livro, Veríssimo afirma que Gonzo! é para “amantes de viagens e espiritualidade”. E para quem gosta de uma boa reportagem também.

Arthur Veríssimo também expõe fotos de jornada espiritual de 52 km pelo Tibet em exposição na DOC Galeria, em São Paulo, a partir do dia 11 de dezembro. Vai lá: http://ow.ly/FyuUu 

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