Como é que se diz

Conversamos com Criolo sobre o novo álbum entre outras coisas

Depois do sucesso de Nó na orelha em 2011, Criolo chegou a dizer que não gravaria mais discos. Sorte dos fãs, o músico não teve problemas em voltar atrás na afirmação e lança agora Convoque seu Buda, que está disponível na internet desde o dia 4 de novembro. Conversamos com Criolo sobre o novo trabalho, ser mal-entendido pelas redes sociais e outros lances.

Fale um pouco sobre o disco novo, como foi o processo? Foi um disco muito bom de viver. Mais uma vez tive a felicidade de ter o Marcelo [Cabral] e o Daniel [Ganjaman] comigo. O que teve de interessante também foi ter os músicos da banda participando mais ativamente da construção do álbum. 

O sucesso de Nó na orelha mudou alguma coisa na hora de pensar esse novo disco? Não, fui fazendo as coisas do coração. Tem canções já escritas de três anos atrás, tem coisas que foram construídas no estúdio, de ver criações do Marcelo e do Daniel nascendo na minha frente e eu escrever coisas. Esse processo de deixar o coração ditar um pouco a parada.

Antes você tinha dito que não gravaria mais discos. É que é assim: também tô procurando me entender, e, a partir do momento que eu tô fazendo as coisas que são do meu coração, tá tudo bem. Não querendo galgar alguma coisa com isso que seja além da música. Havia tantas outras canções e é um jeito que eu tenho de me expressar. 

Parece hoje que as pessoas não se escutam, principalmente nas redes sociais. Acho que rede social é só um fragmento da vida da pessoa, não dá pra gente bater o martelo e dizer que não estamos nos ouvindo ou não estamos ouvindo o outro. Eu acredito ser mais complexo o processo de comunicação do ser humano. 

Naquela entrevista sua com o Lázaro Ramos, muita gente não entendeu o que você queria dizer. Ou eu não soube me comunicar, né. É que eu fui eu ali, mas não imaginei que você tinha que mudar pra falar com as pessoas. Acho que o grande barato é ser você mesmo, mas você vai aprendendo com a vida. Eu aprendi que tenho que aprender a me comunicar melhor.

Alguma música sua já foi mal interpretada pelo público? Difícil falar, cara. É tanta gente, não tem como você mensurar. Mas, assim, só de ter a possibilidade de deixar algo pro mundo, já é maravilhoso. Agora, o que o mundo vai fazer com isso e como você lida com isso é um outro lance. 

Uma música sua abre o documentário Junho, sobre as manifestações de 2013. Você acha que elas mudaram alguma coisa? Ah, continua a mesma né. Mas foi bonito ver. O que vamos fazer com isso é um processo de vida. Tudo leva tempo. Embora as questões sejam emergentes, deu pra perceber que ainda vai levar um bom tempo pra gente se ver como uma comunidade global maior. Aí vão te dando um falso poder e você acha que tem querer. A gente não tem querer nenhum, na verdade. A gente fica só querendo.

fechar