por Redação

Os presidenciáveis deveriam estar

Escrevo esses artigos às segundas-feiras. Hoje, sob efeito do debate entre os presidenciáveis, não consigo parar de pensar sobre o que faz as pessoas repensarem suas vontades, tomarem uma decisão diferente da que haviam tomado, seja em relação à escolha de um candidato, seja numa opção menos importante, como a escolha de um modelo de calça em detrimento dos outros, ou de uma escola e não da que fica ao lado. Garotinho insistiu obsessivamente, certamente orientado pelos 'marqueteiros', em sua sugestão para que o eleitor olhe nos olhos do candidato. Talvez seja o único conselho de Garotinho que mereça ser seguido. Muita gente aposta na mudança radical do cenário em função do horário político na TV, espaço no qual Serra leva importante vantagem sobre os demais, seja em função do maior tempo de que dispõe, seja por conta da verba mais gorda ou ainda da tarimba dos que cuidarão de seus filmes e programas de TV, só comparável ao calibre do assessor de Lula, o ex-publicitário de Maluf, Duda Mendonça. E-mail marketing Um dado fundamental, sobre o qual não tenho visto muitos comentários, é que os mais ricos (o que no Brasil, tristemente, ainda, com poucas exceções compreende quase toda a chamada elite, não só a financeira, mas intelectual) têm internet e televisão por assinatura. Essas mídias não estarão obrigadas a transmitir nenhum desses programas políticos obrigatórios. Assim, é lícito imaginar, que nossa suposta elite, pelo menos a maioria dela, não dedicará seu tempo a ver as imagens preparadas pelos marqueteiros e publicitários, naquela que é considerada a arma mais potente à disposição dos candidatos. É claro que, numericamente, a população que nem sonha em pagar as taxas necessárias para ter acesso à TVA ou NET, ou que só vê um computador quando vai ao mercado, é infinitamente mais volumosa. Ocorre que quanto mais evolui o lado de cá do globo, mais vai parar nas mãos das classes dominantes, o poder de servir como referência para a tomada de posição dos demais. Mais um dado que corrobora essa tese: A televisão e o rádio estão editorialmente amordaçados e não poderão emitir opiniões sobre os candidatos. Dessa regra estão fora os jornais e as revistas, além da internet . Um a um Faz pouco tempo, um dos papas do marketing norte-americano, lançou um livro emblematicamente batizado de The fall of advertising & the rise of PR (A decadência da publicidade e o crescimento do RP). Nele, Al Ries aponta o quanto a publicidade da forma como a conhecemos, apontada para as massas, vem perdendo terreno para as ações focadas em pessoas que desencadeiam fenômenos de massa. Mais em baixo no mesmo mapa da América, o especialista chileno em comunicação Pablo Halpern, mencionando outro marqueteiro americano, Malcolm Gladwell, escreveu em artigo publicado na revista de negócios Capital, com sede em Santiago: 'Nem sempre é necessário investir recursos milionários em campanhas publicitárias para impor uma moda, uma idéia ou para reverter uma tendência. Às vezes, basta, com a adesão de uns poucos (os que importam), idéias simples e memoráveis, que se propagam como epidemias, se o contexto é correto. Num mundo saturado de mensagens pagas estridentes e informação audiovisual, as palavras de uns poucos podem chegar a ser o único genuíno e crível'. Será que algum dos candidatos está ligado nisso?
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