Nem a vaia à Dilma nem o oportunismo desonesto de usá-la para promover a luta de classes

Nem a vaia à Dilma nem o oportunismo desonesto de usá-la para promover a luta de classes conseguiu tirar o brilho dos olhos de quem vibra com a experiência Brasil. Enfrentaremos melhor nossos problemas se vivermos a Copa com toda a força

Caro Paulo,

Saí de uma reunião pesada com um cliente em que analisamos os próximos cinco anos de nossa economia. Péssimos! Dependemos da China crescer, dependemos do governo criar condições de investimento privado, dependemos de qualificar mão de obra, dependemos de vontade política para fazer reformas políticas, só para citar alguns dos dificílimos estranguladores de nossa felicidade futura. Saí preocupado, pensativo, carregando o peso da consciência de quem viu o problema.

Em seguida, fui para o aeroporto. Lá encontrei uma multidão de brasileiros e estrangeiros eufóricos, alegres, deitados no salão de check-in, assistindo a um jogo da Copa num telão, divertindo-se como uma família na sala de casa na frente da TV.

Fiquei parado absorvendo o choque da diferença entre as duas situações. E me perguntei se essas pessoas tinham alguma noção do problema que o nosso país está enfrentando. Talvez sim, talvez não, afinal uma coisa não está relacionada à outra. O que tem de errado em esquecer os problemas por um tempo e recarregar as baterias com as gostosas emoções da Copa?

E tem mais: esse clima de confraternização entre hermanos do mundo todo é muito contagiante! Outro dia vi na TV que um grupo de turistas ingleses num bar perto do Maracanã tinha sido agredido por 14 vândalos brasileiros e que, apesar disso, um dos ingleses, super na boa, disse ao repórter que a agressão não ia estragar a divertida experiência de Brasil que eles estavam tendo.

EUFORIA CONTAGIANTE

Verdade. O Brasil é uma experiência divertida, alegre, sensual, acolhedora, amiga, afetiva, animada. Precisa de muita coisa ruim para estragar a experiência Brasil. E esta Copa é uma boa prova da robustez dessa nossa alma. Mais do que Carnaval, que também traz muita alegria e turistas, a competição internacional de um jogo popular de equipes grandes como o futebol cria um clima eufórico de torcidas e confraternização. É forte e contagiante. É um sentimento que começa na competição do futebol, mas se amplia para a diversão de estar junto, de experimentar as diferenças e a possibilidade da paz.

Nem a vaia à Dilma nem o oportunismo desonesto de usar a vaia para promover a luta de classes no país está conseguindo tirar o brilho dos olhos de quem está vibrando com a experiência Brasil. Acho que enfrentaremos melhor nossos problemas se vivermos essa experiência de Copa com tudo que temos direito. As eleições vêm aí e este será o momento de pensar nosso futuro. Para isso, cada um de nós tem que se responsabilizar pela experiência Brasil. É nóis.

Abraço do amigo que torce pelo Brasil em todos os sentidos,

Ricardo

*Ricardo Guimarães, 65, é presidente da Thymus Branding. Seu e-mail é ricardoguimaraes@thymus.com.br e seu Twitter é twitter.com/ricardo_thymus

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