Hingrid Pfaffenzeller

por Chico Cerchiaro
Trip #233

Nascida em Curitiba e criada no Rio, a estudante de arquitetura é louca por praia e pelas montanhas

Nascida em Curitiba e criada no Rio, a estudante de arquitetura é louca por praia e pelas montanhas da cidade, mesmo tendo medo de altura. “Superar meus limites me excita”

Numa manhã de segunda-feira, eu sentado na Pedra do Arpoador olhando as ondas, ela aparece e encosta a bicicleta ao meu lado. Pele morena brilhando, olhar de menina, boca incrivelmente desenhada. Tomei coragem e convidei para a sessão de fotos. “Jura? Nunca passou pela minha cabeça ser fotografada...”, ela disse. Mas aceitou. No sábado, toca o interfone no meu apartamento, na Lagoa, e ela sobe. Pelo olho mágico, vejo Hingrid Pfaffenzeller, nascida em Curitiba e criada no Rio de Janeiro, arrumando os longos cabelos.

Abro a porta, ela sorri. O sotaque carioca é forte. Ela se troca, vamos ao quarto e começamos a sessão. Na janela, olhando para baixo – estamos no 18ª andar – ela diz que tem medo de altura, mas que sempre desafia o próprio medo fazendo trilhas para subir no topo da Pedra da Gávea ou do Morro Dois Irmãos. “Superar meus limites me excita”, confessa.

Deitada na minha cama desarrumada, ela abre o bocão, se espreguiça e conta que está morrendo de sono: ficou tão ansiosa que não dormiu na véspera. Peço para tirar a parte de cima e ela tem vergonha. Aceita, mas procura esconder os seios com as mãos. Mais adiante, e um pouco mais à vontade, ela deita no sofá da sala, folheia uma revista, mostra uma foto de praia e abre o jogo: “Uma das coisas que mais me deixam com tesão é estar na praia em noite de lua cheia, céu estrelado, aquele silêncio, a areia gelada... ninguém por perto, só eu e meu namorado. O mar faz com que eu me sinta livre e desconectada do mundo”.

 

Ela é mais das coisas simples da vida, de sentar num bar com os amigos, pedir uma cerveja com porção de fritas e jogar conversa fora

 

O corpo nu, seja de homem ou de mulher, também a deixa acesa. E sexo, claro. “É superimportante pra mim. É a maior troca de fluidos que pode haver entre duas pessoas.” Diz que nunca foi baladeira, de sair na noite para pegação. Ela é mais das coisas simples da vida, de sentar num bar com os amigos, pedir uma cerveja com porção de fritas e jogar conversa fora.

Jogada no sofá, Hingrid conta um pouco da história de vida. Aos 8 anos veio do Paraná para o Rio de Janeiro morar com uma tia, logo depois que os pais se separaram. Entre os antepassados há alemães, espanhóis e índios. Estuda arquitetura, pratica ioga, pedala pela orla de Ipanema. Pergunto se tem alguma religião: não, mas tem fé. “Encontro espiritualidade na prática do ioga, na meditação e na natureza. Para mim é como esse tripé aí, sabe?”, fala apontando para o equipamento fotográfico. “Você tem que estar bem com espírito, corpo e mente.”

Sonha com projetos grandiosos, do tipo ajudar pessoas necessitadas nos lugares mais hostis do planeta, comunidades carentes e isoladas da Ásia, coisas assim. Enquanto isso não acontece, adora acordar e ficar embaçando na cama, dormir “só mais um pouquinho”, no limite do horário em que tem que despertar.

Terminamos a sessão e ela sai feliz: “Hoje estou realizada. Quando as fotos estiverem na revista, em junho, completo 22 anos”. Feliz aniversário, Hingrid.

 

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