por Luiz Guedes
Trip #224

Criação de modelos econômicos foi necessidade durante a crise do petróleo dos anos 70: assim nasceu o Opala SS4

O fim dos anos 1960 viu nascer no Brasil a febre por automóveis esportivos que havia décadas já embalava o sonho da juventude nos Estados Unidos. Motores cada vez mais potentes e sedentos por combustível eram a palavra de ordem. Cenário que a General Motors soube explorar muito bem com o lançamento do esportivo Opala SS6, apresentado em 1970 com um potente – e beberrão – motor de seis cilindros, capaz de despejar 153 cavalos-vapor no asfalto – bem mais do que o concorrente direto Ford Maverick, que entregava apenas 135 cavalos-vapor de potência.

Mas, como diz o ditado, alegria de pobre dura pouco. E os brasileiros, que mal começavam a viver a farra desses carrões, logo tiveram de pisar no freio. Ou melhor, o mundo inteiro teve que tirar o pé do acelerador depois que as nações árabes integrantes do cartel da Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) decidiram protestar contra o apoio americano a Israel na Guerra do Yom Kippur, elevando o preço do petróleo em mais de 300% naquele ano de 1973.

No Brasil, em pleno auge da crise, campanhas publicitárias de montadoras passaram a exibir frases como “Respeite os 80 km/h. Garanta o combustível de amanhã”. Como medida preventiva, o governo chegou a proibir a realização de corridas de automóveis em território nacional. Além disso, postos de gasolina passaram a funcionar em horários restritos, obrigando a população a apertar o cinto e a viver com menos. 

A crise mundial do petróleo, como ficaria conhecido o período, causaria feridas na economia global e faria toda a indústria automotiva repensar seus lançamentos. No caso da General Motors do Brasil, a marca decidiu efetuar um downgrade em sua linha esportiva SS, que em 1974 passou a contar com uma opção mais mansa, denominada SS4.

Sem dor na consciência

Apresentado pela publicidade como “o carro para quem busca desempenho com economia”, o Opala SS4 era empurrado por um motor de quatro cilindros, que consumia menos combustível que o SS6. Além de ainda hoje representar economia para acelerar sem dor na consciência, o Opalão com a sigla SS4 tem outra vantagem. “É um carro de valor histórico, um clássico cada vez mais raro e desejado, já que sobraram pouquíssimas unidades originais”, afirma o empresário e colecionador Roger Darienzo, proprietário do SS4 1974 pintado na tonalidade “superverde”. “Com o tempo, a maioria acabou mexida para ganhar mais potência ou teve o motor trocado pelo de seis cilindros”, explica.

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