por Paulo Lima
Trip #213

Paulo Lima: ”Mergulhamos fundo nos aspectos mais curiosos e ancestrais da amizade”

Em pleno esforço para o fechamento desta edição da Trip, fomos surpreendidos por alguns spams se referindo a um certo “Dia da Amizade”. Em geral alguma frase manjada enaltecendo as virtudes humanas vinha em cima tentando amenizar a enxurrada de ofertas de presentes para “o seu melhor amigo, aquele companheirão de todas as horas...”. Numa rápida pesquisa sobre o tema, descobre-se que não há exatamente um consenso sobre a confraternização.

Um médico paraguaio de nome Ramón Artemio Bracho teria proposto, em 1958, que o dia 30 de julho fosse a data escolhida para celebrar a amizade. Brasil, Argentina e Uruguai, de maneira geral, parecem ter concordado com a proposta de outra pessoa, curiosamente mais um médico, este argentino e batizado de Enrique Febbraro, que entendeu que o dia em que o homem pisou na Lua, 20 de julho, seria um exemplo de que os homens unidos seriam capazes de feitos inimagináveis. 

A Assembleia Geral das Nações Unidas, pelo que consta, concordou com ele e considera o 20 de julho a data do amigão.

Há ainda uma terceira data, 18 de abril, defendida pela brasileira Kleyde Mendes Lopes como o verdadeiro dia do amigo. Sua profissão? Médica, claro. Mas também bióloga, geneticista, sexóloga, psicoterapeuta, psicanalista, pesquisadora, professora, poeta, escritora e administradora, segundo o pequeno resumo biográfico que aparece em seu site.

Enquanto médicos do mundo inteiro defendem datas para a celebração da amizade e indústria e comércio torcem para que todas peguem, a população parece ainda dar pouca importância a essa comemoração. Felizmente, porém, não é o que acontece com a amizade propriamente dita.

Esse sentimento de que existem pessoas que valem a pena, e às quais queremos oferecer o que temos de melhor e ajudar para que consigam atingir seus objetivos mais importantes, parece inclusive estar ascendendo na escala de valores numa razão diretamente proporcional ao crescimento gigantesco do chamado mundo virtual.

Nesta Trip dedicada ao assunto, procuramos inclusive fugir de discussões já repisadas sobre redes sociais e amizades virtuais. Mergulhamos o mais fundo que nos foi possível em aspectos mais curiosos e ancestrais das tais relações humanas. Afinal, essas interações entre indivíduos da nossa espécie perderam espaço nas agendas dessas últimas décadas, mas, ao que tudo indica, andam recuperando lugar no centro do palco conforme o modelo de mundo que vigia até uns anos atrás vai gradualmente se desmontando.

Por fim, vale agradecer ao nosso amigo e leitor Antônio Luiz, que nos sugeriu o tema, inspirado pelo apaixonante livro O Rio é tão longe. Nele, estão as cartas escritas com a mão levíssima do amor fraterno e enorme maestria enviadas ao longo de mais de 30 anos pelo escritor e diplomata Otto Lara Resende ao seu colega, conterrâneo e amigo querido Fernando Sabino. Vale a leitura.

Paulo Lima, editor

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