ONG cria bombas d’água, debulhadores de milho e liquidificadores movidos a pedaladas

A ONG Maya Pedal, da Guatemala, revolucionou a vida da pequena comunidade de San Andres Itzapa criando as “bicimáquinas” – equipamentos como bombas d’água, debulhadores de milho e liquidificadores movidos a pedaladas

Tem uma coisa que tanto homens quanto mulheres carregam entre as pernas: força. A partir dessa simples constatação, a ONG Maya Pedal, da Guatemala, criou uma nova maneira de gerar energia para alguns dos mais básicos equipamentos elétricos ao nosso redor. A organização adaptou mecanismos de bicicleta a diferentes máquinas para atender às necessidades da pequena comunidade de San Andres Itzapa, no sul do país. Com a assessoria de um um grupo de ciclistas canadense chamado Pedal, nasceram as bicimáquinas.

Usando quadros, rodas e pedais, a associação criou liquidificador, debulhador de milho, bomba de poço e outras engenhocas movidas a pedaladas que ajudam a população local em seus trabalhos diários. Os resultados acabaram sendo melhores do que os dos velhos sistemas. Segundo dados levantados pela organização, a produtividade aumentou em 200% na hora de separar os grãos do sabugo de milho.

Nascida em 1997, a Maya Pedal foi finalista no ano passado do prêmio de design Curry Stone por suas invenções. Em seu site (www.mayapedal.org) é possível baixar as instruções para montar as bicimáquinas em qualquer parte do mundo. Hoje, além da ONG canadense Pedal, outras instituições têm parceria com a Maya Pedal, como o renomado MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts).

Para conseguir produzir as máquinas e testar novas ideias, a Maya Pedal recebe doações de peças de organizações dos EUA e do Canadá. “Não temos mais que fazer publicidade porque as máquinas falam por elas mesmas”, diz Carlos Marroquín, um dos responsáveis pela Maya Pedal.

IPHONE A PERNADA
Os resultados repercutiram tanto que hoje voluntários de todas as partes do mundo vão à Guatemala para passar alguns dias aprendendo as técnicas e ajudando a Maya Pedal a produzir os aparelhos para a comunidade.

Um deles é Paul Joseph Park, 30, americano que já trabalhou como mecânico de bicicletas e que atualmente passa uma temporada em San Andres de Itzapa ajudando a oficina da ONG. Desde janeiro lá, o ciclista está no meio de uma viagem de bicicleta que tem como destino o Brasil. Ele vê de perto as melhorias que as bicimáquinas levaram à pequena cidade onde nasceu a associação: “A máquina que se destaca é a bicibomba, que bombeia água dos poços, dando fácil acesso à água para os moradores, mesmo onde não há eletricidade e os canos não chegam”, conta.

O sucesso da empreitada pode ser verificado na quantidade de novos protótipos de bicimáquinas em fase de teste: descascadoras de feijão, depenadoras de galinhas, amoladoras, gerador elétrico, serras, máquinas de lavar roupa estão sendo desenvolvidos e devem entrar em produção em breve. Se depender da Maya Pedal, não está longe o dia de termos um iPhone movido a pernadas.

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