por Paulo Lima
Trip #184

Há dois tipos de stress, um que produz doenças e que pode até matar, e outro quase inócuo

Nunca me esqueci de um debate que presenciei mais de dez anos atrás. Era um evento despretensioso. Uma espécie de encontro em torno do tema stress. Um psicólogo bastante experiente e um médico especializado no assunto dividiam a mesa num teatro pequeno em São Paulo. O tema me interessava, mas confesso ter ido ao evento muito mais para prestigiar um dos debatedores do que esperar que algo muito especial e novo pudesse surgir do embate entre os dois. Sim, porque imaginei, desde que soube do acontecimento, que os dois convidados discordariam diametralmente em todos os pontos.

Ao contrário. De maneira geral, os dois profissionais concordaram muito e surpreendentemente. A ideia central que restou marcada na memória é tão simples quanto precisa: há fundamentalmente dois tipos de stress, um que produz doenças e que no limite pode matar e outro quase inócuo.

Segundo o que se ouviu e viu no debate, o indivíduo que é profundamente exigido por uma atividade que vai contra suas crenças, que não lhe diz à alma e que executa uma função extenuante por obrigação ou por falta de escolha tende a sofrer danos sérios ao longo do tempo, quanto maior for a sua exposição ao chamado stress ruim. Emoções gerando doenças, desgaste brutal... a chamada somatização costuma vir galopando.

Já o fulano que se joga de cabeça em algo que ama, coerente com o que sente, em linha com aquilo em que acredita, este se cansa, pode ficar um trapo de tanto trabalhar, com olheiras e cara de cansado. Mas tende a se recuperar em seguida e voltar ainda melhor, mais inteiro e mais saudável. Basta um bom fim de semana de descanso, e o corpo se renovará sem maiores dificuldades e sem nenhum dano ou sequela. De fato, melhor que antes.

TRIP MATERIALIZADA
Escrevo este editorial pouco depois daquela que talvez seja a semana mais intensa do ano na Trip. Quase todas as publicações e projetos periódicos que fazemos vão afunilando seus preparativos e processos no fim de novembro. Tudo tem que estar pronto e impecável no início de dezembro, por conta, claro, do fim do ano, do Natal etc. São centenas de páginas, de papel e virtuais, que precisam ser vistas e, com o perdão pelo trocadilho involuntário, revistas. Mais os vídeos, programas de rádio, conteúdos digitais. E, em cima de tudo isso, a noite do Prêmio Trip Transformadores, o momento em que o trabalho de um ano de pesquisas e preparações se consolida. Em que a própria Trip se materializa, aliás. Um dia em que toda a Trip se reúne para receber seus amigos, parceiros e gente do Brasil todo que compartilha das melhores coisas que pensamos e sentimos. É o momento em que queremos que tudo possa de verdade convergir, que todos os peixes se juntem para formar o cardume mais forte e bonito que se consiga imaginar.

Escrevo este editorial renovado. Dois ou três dias bastaram para repor as energias. Mas não foi só o descanso. Mais do que isso, os olhares, os sorrisos, os depoimentos, as flores, algumas lágrimas que correram, o carinho, os e-mails, a sensação de felicidade plena de todos os que trabalharam para que as crenças da Trip, mais uma vez, ficassem evidentes e claras... a já tradicional foto da galera de casa no saguão do Auditório Ibirapuera, a voz embargada do Califa no palco, as palavras dos homenageados... O que dizer do depoimento da campeã Ana Moser, afirmando diante de todos que aquele prêmio para ela tinha significado bem maior do que as medalhas de Olimpíada e títulos mundiais que recebeu?

São energéticos fortíssimos para a alma que imediatamente alimentam também o corpo e fazem correr toneladas de watts novos pelas veias, numa espécie de troca de sangue, uma revigorada absoluta.

O relato acima me parece encaixar perfeitamente numa edição em que procuramos enfrentar mais uma vez as perguntas que envolvem o mistério fascinante que é o nosso corpo e tudo o que ele carrega e significa.

Nela você vai encontrar dezenas de depoimentos e experiências que apontam para o que parece ser uma pequena mas fundamental conclusão: não há sentido para um corpo que não esteja conectado com tudo aquilo que não é o corpo.

Paulo Lima, editor

 

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