Qual é a sua, praia?

por Paulo Lima
Trip #176

Para nós, a praia representa muito mais do que apenas olhar para nossas origens

Desde 2003 aprofundamos por aqui as buscas que a meu ver sempre foram a grande graça da Trip.

De alguma forma, desde nossa primeira publicação éramos empurrados por uma irresistível vontade de especular, onde fosse possível e com os meios de que dispúnhamos, sobre modelos de vida e de organização em grupo que fi zessem ou que pelo menos parecessem fazer mais sentido do que aquele que se nos apresentava. Era razoavelmente claro que era furada a ideia simplista de que consumindo desesperadamente, competindo sem saber bem por que e desperdiçando a vida com atividades mecânicas, egoístas e desagradáveis em troca de pagamento nós aplacaríamos as angústias e o sofrimento e encontraríamos algum equilíbrio. Em 2005, resolvemos escrever uma lista com os 12 assuntos, tópicos ou temas que consideramos fundamentais e relevantes para estudar os novos modelos de funcionamento que o mundo terá que perseguir para escapar da rota obtusa em que nos metemos, aquela da destruição, da desigualdade, da corrupção desmedida e do desprezo pelo sofrimento do outro.

Essa lista foi provavelmente a maior revolução já ocorrida na Trip em seus 23 anos. Extrapolamos de maneira inimaginável as fronteiras do nosso leitorado e do alcance de nossas ideias. Crescemos em prestígio, em relevância e em faturamento. Mas, mais do que isso, tivemos ainda mais certeza de que nossa contribuição, por pequena que seja, pode fazer e faz diferença. A criação do Prêmio Trip Transformadores e os dois anos de revistas abordando mês a mês cada um dos 12 temas resultaram na materialização e na cristalização de nossas teses e criaram um poder de atração que nos aproximou de entidades e pessoas absolutamente especiais. De pensadores a superempresários, de colegas da criação e da comunicação a gente de todas as áreas, dos três ou quatro setores em que a sociedade tenta se organizar. Em comum entre eles, a clareza de que o modelo desgastado e puído se desintegraria mais cedo ou mais tarde e de que pouca coisa importava mais do que refl etir a respeito das novas formas de pensamento e de interação de que precisamos para seguir em frente.

Que não se enganem, portanto, os que virem a inspiração da edição da Trip que você está segurando.

Para nós, a praia representa muito mais do que apenas olhar para nossas origens e para uma de nossas maiores inspirações. Ela é, da maneira que a vemos, uma faixa do planeta que resume tudo aquilo em que acreditamos. Algo simples e poderoso, que talvez explique mais sobre o modelo possível de vida no futuro do que tudo o que possamos escrever e publicar em um ou dois séculos. E é com esse olhar que fomos para a praia...

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